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Receber a escritura é um resgate da cidadania para a comunidade do Gralha Azul
A noite de quinta-feira (19) ficará marcada para sempre nas vidas dos moradores do loteamento Gralha Azul. No Teatro Marajoara, as famílias receberam oficialmente as escrituras de suas propriedades. Uma luta que dura mais de 20 anos e que nem todos esperavam conquistar. “Somos donos, é nosso, ninguém mais tira”, disse a moradora Silvana de Fátima Ribeiro, de 46 anos.
Ela e outras 316 famílias seguravam firmemente – e felizes – o documento que concede oficialmente a propriedade de suas residências ou terrenos. Moradora do loteamento há cinco anos, Silvana reitera que é uma conquista poder receber a escritura, ainda mais de forma gratuita, por meio do programa de regularização fundiária, Lages Minha Terra.
Assim como ela, sua vizinha e amiga Zenaide Assunção da Luz, 57, esboçava um sorriso de orelha a orelha. “Depois de alguns anos, ninguém mais falava em escrituras, mas agora é nosso”. Zenaide mora há 20 anos no loteamento, na Rua Otacílio Canini. Viu todas as mudanças na região, desde quando “tudo era mato” – como dizem os mais antigos – até a ampliação da comunidade.
O senhor Arcelino Rogério do Amaral, 83, também está há bastante tempo no local. Mais de 20 anos, segundo ele. Praticamente desde o começo do loteamento, como ele mesmo lembra. Para o aposentado, ter a escritura em mãos é sinônimo de vitória. “Mostra que aquilo [a moradia] é da gente. Bom, primeiro de Deus, depois da gente”.
Programa deve entregar mais escrituras
O documento é mais um passo no caminho da cidadania dos moradores do Gralha. Ainda assim, eles sabem que melhorias precisam ser feitas, sejam nas ruas – que ainda são estrada de chão – até na parte de saneamento básico.
Para o secretário de Assistência Social e Habitação, Samuel Ramos, é uma forma, também, de levar dignidade à comunidade. Isso porquê, agora, os proprietários podem vender, negociar, financiar outro imóvel, até mesmo passar para outro familiar, mas não conseguiam antes de ter o documento. Segundo Ramos, é um programa criado por meio de uma lei municipal, o que o torna inédito na região.
O prefeito Antonio Ceron também ressalta que o ato é um “pagamento” de uma dívida do Poder Público com essas famílias. “A emoção das famílias foi grande, na hora da assinatura do contrato, pois moram há pelo menos 20 anos e esperavam ansiosamente. Aliás, nem esperavam mais”. Ceron destaca que, ainda, há outros loteamentos para receberem escritura.
Na agenda oficial do prefeito já consta uma segunda entrega coletiva, que ocorrerá no Loteamento Divina Providência, no Bairro Várzea. Até 2020 a prefeitura deverá entregar 3 mil escrituras de terrenos urbanos aos proprietários, que já esperam por isso há décadas. São imóveis em 21 loteamentos da cidade, os quais ainda não haviam sido regularizados.