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Projeto Animal de Rua

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Fotos: Lucas Malinverni de Melo

“Subnutrido de beleza, meu cachorro-poema vai farejando poesia em tudo, pois nunca se sabe quanto tesouro andará desperdiçado por aí…

Quanto filhotinho de estrela atirado no lixo!”

Mario Quintana

O poema de Mario Quintana retrata a vida de muitos animais abandonados. E os projetos de conscientização e proteção vêm de encontro a essa necessidade para tentar mudar a realidade desses animais.

Assim foi formado o grupo Animal de Rua idealizado por voluntárias que também participam do projeto Ajude um Animal de Rua, que instala casinhas comunitárias na cidade de Lages. A ideia inicial da equipe era encontrar lares permanentes para os moradores fixos das casinhas, desta forma, foi criada uma página no Facebook com postagens sobre o tema. Mas, com o tempo, percebeu-se a falta de assistência aos protetores de Lages e, então, começou a utilizar a página como meio para conseguir doações de ração, dinheiro para custear cirurgias e medicamentos.

O valor ajuda a custear os gastos com os animais e protetores fixos. Anna Laura  Carvalho é voluntária e comenta sobre a procura de pessoas por auxílio “Nós temos um número pequeno de protetores que ajudamos sempre, até porque, hoje não temos condição de ajudar todo mundo.”

O Animal de Rua não é uma ONG regularizada, por questões burocráticas, sendo assim, não recebem verba pública. Por isso, criou uma forma de arrecadar dinheiro. Além das doações vindas voluntariamente, agora o grupo conta com a venda de objetos como chaveiros e camisetas personalizadas. O lançamento aconteceu em uma ação diferenciada e divertida, um cãocurso, com desfile realizado no Lages Garden Shopping, reunindo mais de 40 participantes. As inscrições foram feitas pela internet e a forma de pagamento era 1quilo de ração.

“Foi uma forma de conseguirmos vender nossos produtos, arrecadar ração e, indiretamente, promover a adoção de animais,” explica Anna Laura, feliz com o resultado que premiou vários vira-latas. A ideia deu tão certo, que um novo desfile está sendo planejado para o ano que vem.

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A história de Aurora

Nem sempre os finais das adoções são felizes. Alguns animais não se adaptam, outros são devolvidos sem motivo aparente, mas para Aurora foi diferente. A cachorrinha de 5 meses estava com uma fratura na bacia e não caminha mais. Demorou cerca de um mês até que as voluntárias tivessem um diagnóstico confiável e pudessem realizar uma cirurgia. Neste período, para Aurora suportar a dor, tomava uma injeção de 12 em 12 horas. A voluntária e também veterinária Roberta Baggio era a responsável. Em poucos dias, Aurora estava assustada com as aplicações e começou a avançar em Roberta ou qualquer outra pessoa que se aproximasse. Para fazer as necessidades, não levantava e não deixa ninguém trocar as fraldas. A eutanásia foi cogitada depois que o caso se agravou, mas Roberta persistiu.

Foi realizada a cirurgia e dez sessões de fisioterapia. Depois de recuperada a cachorrinha foi encaminha para adoção. Muito arisca, Aurora não se adaptou com a primeira adotante, na segunda vez, foi devolvida. Depois de várias tentativas, a decisão foi só doá-la quando se tivesse certeza que daria certo.

Desta forma, iniciou-se um tratamento comportamental. A veterinária responsável pelo tratamento, Larissa Drumm, além de cuidar de Aurora, também entrou em contato com Mariah Bessa Haberbeck, uma amiga que, atualmente, mora em Florianópolis.

A mensagem informava Mariah sobre as semelhanças de Aurora com sua antiga cachorrinha da época de faculdade, que tinha os mesmos problemas físicos. Havia um ano que Pandora tinha falecido e mesmo sem procurar um cachorro para adotar Mariah revela que Aurora a ‘ganhou’ no momento em que soube da história.

Foto: Arquivo Pessoal

Começou a conversar com Ana Carona, protetora responsável, que começou a enviar alguns vídeos e fotos. “Eu me apaixonei. E quando subi a serra para conhecê-la, sabia que não era coincidência. Era para ser minha!” No começo, Aurora era muito assustada, principalmente com os pais de Mariah. Mas hoje, após três meses, já dorme entre eles.

A família sabia dos traumas do animal, depois de tudo que havia passado. Mas, em um mês, Aurora se mostrava mais tranquila e Mariah conta que sentiu que, finalmente, ela estava bem quando deitou em seu colo e suspirou. “Parecia um alívio, depois de algumas tentativas, ter encontrado um lar, a família dela. Eu digo que depois que você adota um animal, você recebe muito mais do que dá, o olhar dele, transbordando amor, faz tudo valer a pena” finaliza.

 

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