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Estátua Nereu Ramos não será retirada, mas realocada
Para a maioria dos lageanos, a imagem do presidente Nereu Ramos é apenas aquela que se vê nos livros de história, nos museus e na estátua no calçadão da Praça João Costa, no Centro de Lages. Mas para o vigilante Ademir Antonio, 63, a lembrança do homem parado no mesmo lugar onde hoje está a o monumento em sua homenagem, é viva. Ele diz que, ao passar em Lages com o pai, encontrou o político na praça. Ademir lembra que ele vestia um terno azul e conversou por alguns minutos com seu pai. Na memória, ressalta que Nereu era uma ótima pessoa.
Na última semana, a estátua de Nereu Ramos, inaugurada em 1957, perdeu o seu pano de fundo, o Colégio Aristiliano Ramos, nomeado em homenagem a seu primo. Com isso, surgiu o boato que a estátua seria retirada do seu local de origem e iria para a praça próxima ao Ginásio Jones Minoso. A historiadora Sara Nunes prepara um guia histórico sobre o Centro de Lages, com base na obra de Licurgo Costa, o Continente das Lagens. A primeira parada deste material é, inclusive, na estátua de Nereu Ramos e com a possível retirada, ela precisará alterar o guia.
Ela ressalta que a praça é um patrimônio que remete a pensar nos 250 anos de história da cidade e que o local foi palco de vivências e acontecimentos políticos. “Embora eu, como historiadora, acredite que outros grupos sociais também devam ser valorizados, este espaço representa o auge político da família Ramos”, ressalta.
Sara ainda acrescenta que o Aristiliano Ramos, com o colégio e o Nereu com a estátua, são símbolos políticos importantes. Eram primos e também tinham desavenças políticas. Ambos eram originários do Partido Republicano. De 1933 a 1935, Aristiliano foi interventor federal em Santa Catarina (cargo correspondente ao de governador). Em 1935, Nereu chegou ao Governo do Estado após disputa com o primo, o que contribuiu para os atritos entre eles.A arquiteta e urbanista Lilian Fabre ressalta que estátuas e monumentos intencionais são construídos para rememorar fatos oficiais da história. “Mas, às vezes, com o passar do tempo, a população ressignifica esses monumentos e atribui novos valores e sentidos. E isso deve ser analisado antes de uma tomada de decisão como essa”, acrescenta.
>>Políticas Públicas_ Para a historiadora Mirian Branco é preciso ter muito cuidado ao tratar de patrimônio, já que se fala da subjetividade, identidade e tradição. Uma forma de proteger esses patrimônios, segundo ela, é com a criação de políticas públicas claras, que possam preservar e fazer com essas decisões, sejam bem pensadas. Ela ressalta, ainda, que a preservação, além do aspecto histórico, é uma forma de desenvolver o turismo. “Lages está deixando pouco às próximas gerações. Nem Florianópolis, que é Capital, derruba tanto patrimônio quanto Lages”, acrescenta.
>>REALOCADO_ O secretário de Infraestrutura de Lages, Claiton Bortoluzzi, explica que conforme o projeto de revitalização do Centro, que será iniciado após a demolição do antigo colégio, a estátua será realocada, mas não saíra da praça. Ele ressalta que no local que está atualmente, deverá ser construído um palco permanente, o que poderá atrapalhar a circulação de pessoas. Claiton acrescenta que a estátua ficará em um local mais próximo à Rua Nereu Ramos. Em relação ao busto de Otacílio Vieira da Costa, também na praça, o secretário relata que é preciso olhar o projeto, para saber o que será feito.
Névio S. Filho
14/12/2017 at 15:28
Retirada e realocada é a mesma coisa. A frase está com o sentido confuso.
CLMais
14/12/2017 at 15:32
Obrigado pela observação.