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Prejuízo anual de parada de torres é de R$ 2 milhões
Das 62 torres de energia eólica inauguradas em 2011 em Bom Jardim da Serra, apenas oito continuam funcionando. Moradores da região revelam que, seis meses após a inauguração, as torres já haviam começado a falhar.
Um dos maiores problemas é a queda na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o município. Por ano, a prefeitura deixa de arrecadar R$ 2 milhões.
Há mais de duas semanas, o Correio Lageano tenta contato com o escritório da Energimp,. que administra o Parque Eólico em Bom Jardim da Serra. Após diversas ligações e envio de e-mails, a reportagem não obteve retorno para saber o motivo da parada da torres.
A professora de tecnologias e energias limpas do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), Jeane de Almeida do Rosário, revela que também tem dificuldades para entrar em contato com a empresa e que, por diversas vezes, tentou marcar visitas técnicas no local e não obteve retorno.
Sobre a razão para as torres estarem sem produzir energia, Jeane ressalta que não tem como atestar o motivo, mas a hipótese é que seja a falta de manutenção na parte elétrica. Ela explica que as torres são feitas para durar 20 anos, mas a parte elétrica e preventiva, precisa de atenção anual e, no máximo, a cada cinco anos.
A possibilidade de um erro de instalação, segundo a especialista, é difícil, porque a região é uma das mais propícias no Estado para a instalação dessas torres.
Uma questão preocupante é a parte financeira, porque como explica Jeane, a empresa argentina que administra o parque decretou falência, o que gerou problemas não só para Bom Jardim da Serra, como para outras partes do Brasil.
A professora explica que esta empresa e outra que produzia turbinas, foram criadas na Argentina para a construção de Parques Eólicos no Brasil. Entretanto, elas faliram e deixaram de prestar serviços essenciais para a manutenção dos parques.
No Nordeste do País, por exemplo, 300 turbinas eólicas encomendadas não foram entregues pela Wind Power Energy (WPE), fábrica que a Impsa montou no Brasil. Cinco complexos de geração de energia, que somam 26 parques eólicos espalhados por municípios do Ceará e do Rio Grande do Norte, tinham previsão de entrar em operação entre julho de 2013 e novembro de 2016, e nunca foram entregues.
O espaço ocupado pelas 62 torres de energia eólica é de, aproximadamente, 3 mil hectares, com capacidade para gerar 93 megawatts (MW) de potência – energia o suficiente para abastecer uma cidade como Lages ou Criciúma, por exemplo, são cedidos por moradores que cobram um aluguel mensal.
Segundo o agricultor Jorge Rodrigues, um dos proprietários que cede espaço para as torres, os pagamentos continuam ocorrendo sem atrasos e o maior problema é com a arrecadação municipal.
A redução da arrecadação do ICMS acontece há cerca de três anos, de acordo com o contador municipal, Nelson Schmoeller. Em 2015, quando a prefeitura começou a faturar com o parque, o ICMS teve incremento de 45,9%.
Por mês, o prejuízo com as torres é de R$ 150 mil a R$ 200 mil e, anualmente, Bom Jardim da Serra deixa de arrecadar quase R$ 2 milhões. Nelson explica que estes valores eram utilizados para serviços básicos no município, com saúde, infraestrutura e educação.