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Portal agiliza fila de espera em Santa Catarina
O acesso ao site da Secretaria de Estado da Saúde (SES), portal que está no ar desde agosto, permite verificar a ordem da lista de espera para cirurgias eletivas em Santa Catarina.
O processo ainda aponta quem foi o servidor que abasteceu o sistema. Qualquer movimentação gera um login e senha, o que impede possíveis favorecimentos solicitados por políticos, mídia ou funcionários e amigos dos profissionais da Saúde.
Qualquer alteração na ordem da agenda dependerá de laudo médico. Outra expectativa é que a divulgação reduza as filas.
A ordem de agendamento e atendimento dos usuários é determinada a partir de critério cronológico ou avaliação da situação clínica do paciente.
Todos esses cuidados garantem a transparência do serviço e afastam qualquer tentativa de furar fila, segundo ressalta a coordenadora da Regional Hospitalar, Juliana Oneda.
Se torna uma esperança para quem está na lista. Hoje são mais de 17 especialidades disponibilizadas e mais de 1.400 pessoas que aguardam para fazer cirurgia eletiva (não emergencial) e que já estão no sistema de regulação dos três hospitais de Lages, o Infantil Seara do Bem, o Nossa Senhora dos Prazeres e o Tereza Ramos.
O constante apelo de pacientes que aguardam atendimento de saúde, há anos motivou o Ministério Público a procurar uma alternativa para o problema.
E neste trabalho, o órgão constatou que não havia controle das filas e nem regulação adequada. Além disso, o MP tinha conhecimento de que a agenda passava por interferências de funcionários ou de políticos.
Lista por cidade_ A publicação da lista de pacientes, começou a ser formalizada no segundo semestre deste ano e nela constam clientes de todas as seis centrais de regulação de Santa Catarina.
São duas regulações: a ambulatorial (exames e consultas) que tem como sede a Secretaria Municipal de Saúde e a hospitalar, da Gerência Regional de Saúde. Nessa há 11 médicos reguladores que avaliam os pedidos do médicos e definem se a solicitação será atendida.
A previsão é que a lista por município seja implantada até o primeiro semestre de 2018. A macrosserra de Lages, composta pelos 18 municípios da Amures, é uma das centrais que está agilizando os trabalhos dentro do prazo e com efetividade.
De olho_ O Ministério Público de Santa Catarina monitora o acesso às informações do portal abastecido diariamente. Quem está a frente é a promotora Carolina Cabral Zonta, coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Terceiro Setor do Ministério Público.
Parte da equipe da central de regulação de internação da Regional de Saúde
Tudo começa pela consulta
O diretor da regulação ambulatorial, Claiton Camargo, explica que quando o município não atende toda a demanda, a regulação entra no processo para garantir o acesso adequado e que ninguém passe na frente da fila.
“É ai que começa tudo. O paciente vai na unidade de saúde. Sai dali para fazer qualquer procedimento e passa a ser acompanhado pela regulação”, argumenta.
Toda unidade hospitalar ou clínica que oferece atendimento, seja ela pública ou privada, administrada por consórcio ou organização social, abastece o site com suas listas e promove atualizações semanais. As secretarias dos municípios tem de acompanhanhar todo dia a movimentação.
De nada adianta um sistema atualizado a cada minuto, pessoas empenhadas em fazer com que a fila ande, uma estrutura adequada, se o paciente não aparecer para fazer a cirurgia.
“A preocupação agora é com a postura do paciente. Se ele vai aparecer, pois precisa fazer os exames pré-operatório”, comenta o médico regulador Sérgio Moraes. Depois de avisado, o paciente terá até 60 dias para ser operado.
Como pesquisar_ As pesquisas na lista de espera poderão ser realizadas pelo documento do paciente (CPF ou Cartão Nacional do SUS) ou por Central de Regulação e Procedimento.
Desde julho, ele espera por cirurgia
Juarez Weiss sofreu um acidente doméstico em dezembro de 2014. Caiu da escada enquanto fazia um reparo na sua residência, no Bairro Centenário.
Foi levado ao hospital e exames mostraram quebradura em uma vértebra. Por seis meses usou colete, mas as dores não cessaram, pelo contrário, a cada dia aumentavam.
Com dores fortes, procurou mais uma vez um médico. A marcação da consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS) demorou. Fez novos exames, que mostraram o que ele já sabia.
Desconfiado, Juarez procurou um neurologista que pediu uma ressonância magnética. O exame revelou uma segunda quebradura e a necessidade de cirurgia.
“Sofro todos os dias. Não posso caminhar, nem descer pequenos degraus. Não durmo direito e cada vez que me viro na cama sinto dor”, explica seu Juarez que tem 59 anos.
Desanimado, pesquisou a possibilidade de fazer a cirurgia na rede particular, mas quase caiu de susto, pois custa R$ 36 mil. “A gente não sabe se a cirurgia vai acabar com as dores, mas quero fazer pra tentar. Tenho esperança”, observa o aposentado.