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Palestrante mostra nova forma de ensinar
Experiências inovadoras da educação foram trocadas no evento Educar Transforma, que aconteceu na segunda-feira (9), no auditório da Unifacvest. Dois palestrantes chamaram a atenção do público, um deles foi o português José Pacheco, que criou a Escola da Ponte-Portugal, é o colaborador do Projeto Fazer a Ponte e do Projeto Âncora de São Paulo, o outro foi Thiago Berto, que criou a Escola Ayni.
Em 2011, Thiago Berto, decidiu viajar pelo mundo para buscar um sentido maior para sua vida. Na época, aos 28 anos, ele tinha uma empresa de tecnologia contra pirataria e estava bem financeiramente.
Mas quanto mais dinheiro ganhava, mais se sentia mal. Então vendeu tudo que tinha e foi morar na Ásia, em Butão, para trabalhar como voluntário no ramo de tecnologia. Depois de seis meses, decidiu percorrer o mundo com uma mochila nas costas e conheceu uma escola no Peru com uma didática diferenciada.
A partir daí, sua viagem tinha um objetivo: conhecer escolas que fugiam do ensino convencional. Depois de visitar 42 instituições de ensino, ele voltou para o Brasil em 2014, e, em Guaporé, no Rio Grande do Sul, criou uma escola chamada Ayni.
Os estudantes da escola Ayni não seguem uma grade curricular, não passam por provas ou trabalhos que valem nota, não são divididos por idade e não há salas de aula. Todos ficam em ambientes que foram planejados para deixá-los livres para escolher o que querem fazer ou estudar.
Não há horário para comer, nem para o recreio ou para dormir, mas há regras de convivência. Os professores não seguem planos de aula, pois são os alunos que dizem o que querem aprender. Também não há tarefa para casa e nos jogos, não se comemoram as vitórias para não incitar competição.
É tudo muito diferente do que todos foram ensinados até hoje, mas, segundo Berto, não existe libertinagem e bagunça. “Todos são responsáveis, quando querem comer, se alimentam e limpam o que usaram, quando brincam, depois guardam os brinquedos. Os professores precisam estar sempre atentos para que os estudantes precisam e perguntam”, explica.
Ampliação e encerramento
Hoje, a escola Ayni tem oito estudantes do ensino infantil e a partir do ano que vem terá cerca de 30, devido a ampliação para os maiores. Todos precisam estudar no outro período do dia em uma escola tradicional.
A escola é gratuita e os professores são pagos pelas palestras que Berto faz e os materiais como canecas e camisas que são vendidas. “A educação não pode ser um negócio que gere riquezas”. A ideia dele é que todos tenham uma transformação de pensamento. “É uma ilusão passar conteúdo, ele não serve para nada. Ninguém consegue lembrar o que aprendeu. Hoje, estão matando os alunos, imagina ficar cinco horas só ouvindo e sendo avaliado”.
Ele defende este método diferenciado de ensino e garante que funciona. “Eu sou exemplo que dá certo. Não fiz ensino médio e aprendi sozinho, sou o engenheiro de sistemas mais novo das Américas pela Microsoft e aos 28 anos tinha minha empresa”. Berto adianta que a escola tem data para acabar, daqui uns 20 anos, ela fecha. Sua ideia é de que até lá as escolas tradicionais tenham mudado sua didática.