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Moradores do Travessão se preocupam com falta de segurança

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Os bombeiros devem retomar as buscas nesta sexta-feira (26) -Foto: Divulgação

Ao saberem que mais um motorista havia caído no Rio Caveiras, na Localidade de Travessão, na Serra Catarinense, os moradores resolveram cancelar a festa da comunidade que aconteceria neste fim de semana. A falta de segurança da ponte que liga os municípios de Campo Belo do Sul e São José do Cerrito não é novidade para quem precisa atravessá-la diariamente, já que é considerada estreita e muito baixa.

A agricultora Daiane Waltrick Branco Matos mora perto do rio e revela que é comum presenciar acidentes. A revolta resultou em uma carta, na qual ela pede aos governantes que encontrem solução para o problema. “Quatro pessoas já morreram no rio”, relembra. Ela reforça que a ponte é um acesso importante para os moradores, já que muitos trabalham com agricultura e o trecho que liga os municípios facilita o escoamento da produção. “Tem vezes que a ponte fica encoberta por até duas semanas e nós acabamos perdendo as mercadorias”, acrescenta.

Na quarta-feira, Hugo Luiz Garcia, 58, funcionário de uma distribuidora de alimentos do Bairro Araucária, em Lages, transportava doces e precisou atravessar a ponte. A água já cobria cerca de 15 cm da estrutura, mas, mesmo assim, Hugo decidiu passar. Como a estrutura é estreita, ele se perdeu e o caminhão começou a cair. De acordo com relato de moradores, o motorista conseguiu sair da cabine e tentou não cair na água, mas não foi possível. Desde então, os Bombeiros Voluntários de Campo Belo do Sul fazem buscas no rio. Porém, devido à forte correnteza e a cor escura da água, estão enfrentando dificuldades em acessar os locais.

Outro caso

Hugo não é o primeiro a cair no Rio Caveiras, na localidade de Travessão. Em 2015, o adolescente Guilherme Oliveira do Amaral, 14, caiu da ponte após se desequilibrar. Ele e um amigo estavam atravessando, quando pararam para tirar uma foto. Foi neste momento que Guilherme caiu. O corpo do adolescente demorou cinco dias para ser encontrado.

Projeto

O prefeito de Campo Belo do Sul, José Tadeu Martins de Oliveira, lamentou o acidente de quarta-feira. Sobre a segurança da ponte, ele explica que já foi realizada uma reunião com a Eletrosul, responsável pela Barragem São Roque, em São José do Cerrito. De acordo com Oliveira, a empresa se prontificou a fazer um projeto para a construção de uma nova ponte. “Nós temos consciência do problema, mas sabemos que os dois municípios não têm como arcar com os custos”, explicou. O prefeito ressalta que para a próxima segunda-feira, está agendada nova reunião, na qual irão conversar sobre possíveis soluções para a falta de infraestrutura na ponte.

Pedido de informação

O prefeito interino de São José do Cerrito, Moacir Ortiz, explica que em 2017 o Ministério Público encaminhou um pedido de informação sobre a situação da ponte. Em função disso, solicitou, à Associação de Municípios da Região Serrana (Amures), um levantamento técnico do trecho. De acordo com laudo realizado por engenheiros da instituição, o alargamento e colocação de guarda-corpo nas laterais da ponte seria inviável devido à altura da estrutura. O que resolveria o problema, seria a construção de uma nova ponte, mais alta. Assim como Oliveira, Ortiz ressalta que os municípios não têm verbas para arcar com essa obra, e a solução seriam recursos do Governo do Estado pelo projeto Crescendo Juntos, que podem ser encaminhados para este fim; e de emendas do deputado estadual Fernando Coruja. Ortiz também lamentou o acidente de Hugo e ressalta que em casos de ponte encoberta, não se deve passar pelo trecho.

 

Carta de moradora

Nossa festa do Travessão, que seria neste final de semana, foi cancelada por um motivo muito triste. Mais um trabalhador morreu ao tentar passar a ponte, já perdemos quatro pessoas e tantos outros foram socorridos antes de o pior acontecer. A ponte estava com pouca água, não arrastou o carro de cima, o que acontece é que o motorista fica tonto e acaba errando a ponte. Aí está o problema: A ponte é baixa e estreita. Se colocar proteção nas laterais, máquinas agrícolas e caminhões de grande porte não conseguem passar, mas precisamos de uma ponte mais alta ou mais larga, aí a proteção daria certo.  A solução para este problema existe aí com vocês, prefeitos, deputados e governador. Vocês trabalham para nós, o povo. Vão até Brasília e tragam a verba que precisamos para essa ponte, este é o trabalho de vocês. Nós, o povo, precisamos trabalhar. Como vamos transportar nossos grãos? Se tem vezes que ficamos suas semanas sem ponte, porque está encoberta. Tem vezes em que você passa a ponte e quando volta, a água já a cobriu. Aí, quando solta a barragem, solta mais água e é mais um problema. A ponte precisa ser mais alta.  Nosso voto em outubro é a vida dessas pessoas, que valem muito mais que o dinheiro que precisamos para a ponte. Pagamos nossos impostos, este é nosso dever e, agora, queremos a nossa ponte.

– Daiane Waltrick Branco Matos, agricultora e moradora do Travessão

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