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Luciano Hang não é candidato, mas ainda pode ser
Por Bárbara Sales, Jornal O Município – Brusque, especial para o Correio Lageano
Jornalistas de todo o estado estiveram em Brusque na manhã de sexta-feira, 5, na sede administrativa da rede de Lojas Havan, para o grande anúncio político do empresário brusquense Luciano Hang. Pontualmente iniciada às 10 horas, havia grande expectativa sobre o que o empresário, proprietário de 107 megalojas em todo o país, diria na coletiva de imprensa convocada no apagar das luzes de 2017.
Desde o anúncio da coletiva, muito se especulou, principalmente sobre a possibilidade de Hang comunicar sua candidatura a um cargo público nas eleições deste ano. As principais apostas eram que ele anunciaria sua candidatura ao Governo do Estado. No fim da tarde de quinta-feira, as especulações sobre a candidatura se tornaram ainda maiores, já que surgiu a informação do pedido de desfiliação de Hang do PMDB, partido ao qual fazia parte desde 1985, o que movimentou ainda mais o cenário político catarinense, já que o empresário poderia anunciar, também, o novo partido .
Entretanto, as expectativas não se confirmaram. Durante cerca de 1h20, Luciano Hang desabafou sobre a situação política e econômica do país. Falou sobre a grande burocracia, a alta taxa de juros que faz as empresas brasileiras perderem mercado e competitividade para outros países e, principalmente, sobre a classe política e a necessidade de mudar a forma de fazer política no Brasil. “O Brasil não vai mudar se nós não mudarmos os nossos votos. Vamos continuar sendo um país de miseráveis, de pobres, para o resto das nossas vidas. O Brasil está virado de cabeça pra baixo. No Brasil de hoje, o errado é o certo e o certo é o errado, está tudo errado neste país”, diz. “Temos que acabar com pessoas que vão para o serviço público pensando em roubar, em enriquecer. Aliás, tem empresários que apostam no governo para ganhar do BNDES juros subsidiados para comprar jatinho, enriquecer, enquanto isso, o povo sofre. Eu não penso assim, não penso só na minha empresa, mas no meu país”, concluiu.
Nova postura política
O grande anúncio de candidatura não veio, entretanto, o empresário deixou a possibilidade de disputar o pleito de 2018 totalmente aberta, já que a legislação eleitoral permite filiações a novos partidos até meados de abril. “Temos quatro meses para ver, estudar, conversar. Esse é o ano do fato novo, é o ano do empreendedor, do empresário, ano de as pessoas votarem em quem tem disciplina, sabe administrar e quer fazer”, afirma. Ele disse que terá uma participação mais efetiva na vida política. Que até então, tentava participar um pouco na política local. “Eu acho que nós, empresários, pessoas do bem, precisamos nos manifestar senão nós estamos condenados a viver assim, se não cuidarmos, vamos quebrar a cara”. O empresário enfatizou que está no jogo, que pode pleitear qualquer cargo, como também pode apoiar alguém, incentivar alguém ou ser esse alguém que possa ajudar esse país a ir para o caminho que acredita que tem que seguir. Hang declarou que não há nenhum partido em vista e está aberto a todas as possibilidades.
Desfiliação do PMDB
Sua desfiliação do PMDB ocorreu para evitar mal estar dentro do partido, caso ele opte por disputar a eleição neste ano. “Por que criar uma confusão dentro do partido se eles já estão se articulando”, diz, se referindo ao presidente estadual da sigla, o deputado Mauro Mariani, que pretende disputar o governo do estado, e também ao vice-governador, Eduardo Pinho Moreira, que também tem pretensões. Hang afirma que se filiou ao partido ainda em sua época de estudante, quando foi líder estudantil e já tinha grande amizade com o ex-governador Luiz Henrique da Silveira, falecido em 2015. “Eu fiquei até ontem [quinta-feira] como forma de homenagear esse grande homem que foi o Luiz Henrique, maior político de Santa Catarina e nosso melhor governador”.
Certidão negativa
O empresário também fez questão de apresentar sua certidão negativa criminal aos jornalistas, o que classificou como um ato de transparência. Hang afirma que sempre quando se manifesta politicamente, é inundado por uma chuva de críticas, principalmente nas redes sociais, de pessoas que citam processos que ele e a sua empresa têm na Justiça. “Hoje, 95% do que eu compro é nacional, privilegio a nossa indústria, e as pessoas querem nos atingir para que o empresário não se meta em política. Está aqui o processo, nada consta, fomos inocentados. Temos muitos processos, sim, e vamos continuar sendo processados. O que importa é não ser condenado. Aqui está a minha certidão para as pessoas que ficam falando mal de mim. Sou transparente”.
Mudanças
Para o empresário, chegou a vez dos novos terem oportunidade na política, principalmente aqueles que têm coragem para fazer as mudanças que o país precisa. “O político tem que tomar decisões que muitas vezes não são unanimidade, mas se ele souber que está certo, tem que tomar. Não podemos errar a terceira vez. Ninguém mais quer saber do político que rouba, mas faz, do bonzinho incompetente ou daquele que fica em cima do muro. Precisamos de políticos que não dependam daquele cargo, a maioria dos maus políticos só fez política a vida toda, se perderem o cargo, não sabem fazer nada. Precisamos mudar este cenário”.