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Greice retorna para às quadras após lesão

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Foto: Fom Conradi/ Divulgação

Há oito meses, a capitã da Leoas da Serra, Greice Behm, torceu o pé durante um treino. Por causa dessa lesão, a atleta precisou passar por cirurgia e ficou afastada das quadras. Agora, prestes a fazer sua estreia após a lesão, Greice, que acaba de comemorar o seu 30º aniversário, fala sobre a ansiedade pelo retorno e as dificuldades de passar tanto tempo afastada do esporte, sua grande paixão.

Correio Lageano: Como está a preparação para a voltar às quadras, após oito meses parada?

Greice Behm: A ansiedade é a maior dificuldade. Trabalhar com a cabeça. Estar trabalhando numa lesão que me tirou de quadra por oito meses, gera uma ansiedade grande para voltar, mas você sabe que será um processo muito lento, que não será imediato e que depende de vários fatores. Tenho me preparado bastante, nossa comissão tem ajudado, me considero 100% em condições de jogo, mas a gente sabe que jogo é diferente de treino e treino é diferente de jogo. Estou esperando muito, estou muito ansiosa mesmo, mas acho que dará tudo certo, porque sei que estou dando meu melhor desde o dia em que me lesionei.

O que foi a sua lesão, onde se machucou, como foi o tratamento?

Eu tive uma ruptura de LCA, ligamento colateral anterior. Eu torci o pé em um treino, num contra-ataque. Na verdade, meu ligamento não rompeu, ele descolou da inserção e eu tive que fazer uma cirurgia para reconstruir. Faz sete meses que fiz a cirurgia e oito meses que estou fora das quadras, porque fiquei um mês me preparando para a cirurgia, para que meu corpo estivesse mais adaptado. Foi um processo bem difícil, porque é a lesão mais difícil do atleta e foi o que aconteceu comigo.

Você está sempre falando da sua família. Como foi o apoio dela e também está ansiosa?

Eu saí de casa com 7 anos e comecei a jogar com 14. Nunca tive uma lesão séria, eu me machucava, ficava um pouco fora das quadras, mas logo voltava. Foi a lesão que me tirou de quadra por oito meses e eu sempre falei que minha família é minha base e se eu não tivesse uma base tão forte, tão sustentada, acho que não estaria onde estou hoje.

A família foi meu ponto forte na minha recuperação, foi bem difícil. A Rafa (Rafaela Nicolete, treinadora das Leoas da Serra) também foi uma pessoa que me ajudou muito, dedicou a maior parte do tempo para minha recuperação, porque eu precisava de cuidados para tomar banho, tudo dependia de alguém, ainda mais morando em apartamento. Por isso, que minha família bem estruturada, que me dá suporte. Eles estão mais ansiosos do que eu para o meu retorno.

E sua família vem acompanhar o seu retorno?

Sim. Meu pai sempre falou que, na minha profissão como atleta, é uma coisa que a gente não tá livre e um dia iria acontecer, e a gente não tá preparado para isso. Só nos preparamos quando acontece. É uma lesão difícil, mas que me fez crescer muito como ser humano, atleta. Ver a valorização que se tem, fiquei muito tempo fora de quadra, mas o povo de Lages tem um carinho por mim. Desde que anunciei minha volta, as pessoas ficam me mandando mensagens. É gratificante, porque além de provar muita coisa, te traz valorização, por fazer parte disso, honrar a camisa. Eu digo que minha lesão aconteceu no tempo certo, no time certo e com as pessoas certas. Tive uma estrutura fantástica, que me ajudou desde o início da minha lesão até o meu retorno.

Quando você se machucou, estava escalada para a Seleção Brasileira. Como foi essa experiência? Busca uma convocação este ano?

Na verdade, tinha sido minha primeira convocação como principal, já tinha jogado pelo universitário. Fazia 10 dias que tinha sido convocada. Na hora que eu caí, a primeira coisa que apareceu na minha cabeça foi a seleção, porque é algo que eu sonho muito, tanto pelos meus pais, como pela minha família. É um sonho desde criança. Neste ano, busco estar bem e espero ser convocada. Tenho treinado para isso, tenho me preparado.

Você sempre acompanhou os jogos durante este período, como foi assistir e não poder estar em quadra?

Foi díficil, principalmente os Jasc (Jogos Abertos de Santa Catarina, que aconteceram em Lages em novembro passado). Eu chorava em todo jogo, porque eu queria estar jogando. Desejava muito estar em casa no Jasc, ginásio lotado. Meus pais estavam aqui, já tinham se programado. Foi duro. Mas eu acho que a partida que eu mais senti, foi a da Seleção, que fez amistoso aqui. Era para eu estar em quadra. Sentia um vazio muito grande, porque jogar é a coisa que eu mais amo fazer na vida. Amo estar em quadra. Então, eu sentia falta do jogo, do sangue no olho, da vibração. Tentava, de alguma forma, suprir essa ausência, estando fora da quadra, dentro ou ajudando de alguma forma, para suprir essa ausência, que é muito grande, que sinto muita falta. Por isso, a ansiedade é grande. É uma coisa que desejo muito, meu retorno, estar em quadra, ginásio lotado, ver o pessoal torcendo por mim.

Você foi uma das primeiras atletas a chegar no projeto. Como vê seu crescimento pessoal e da equipe?

Eu cheguei aqui em 2015, éramos um time que disputava Jocol e entrava na competição para perder de menos. De um ano para o outro a gente estourou. Foi algo que cresceu demais, perdemos a noção. Como cheguei aqui e fui designada capitã da equipe, foi um susto. Porque, até então, nunca tinha sido designada capitã e cheguei em uma equipe que jogava Jocol e no outro ano jogava para oito mil pessoas. Eu joguei a minha vida inteira, mas nunca dessa forma. Lages tem um diferencial e tem sido um crescimento enorme. Fico muito feliz por fazer parte desta evolução. Tenho certeza que um pouquinho da história das Leoas tem a minha cara, porque desde que cheguei aqui, dei meu sangue, minha cara, porque acreditava nesse projeto. Hoje, tenho oportunidade de jogar do lado da Amandinha, que é uma das melhores do mundo, é uma honra. E saber que era algo muito distante há dois anos e hoje é real. Ela dando aula para as meninas, eu dando aula, vivenciado isso todos os dias, é muito gratificante. Então, saber que todo esse processo passou por você também, que tem a sua cara, tem seu jeito de ser. Eu escuto muito isso, que o time tem minha cara por eu vibrar muito, isso eu carrego comigo e acho que as Leoas têm a minha cara sim e me considero uma das pessoas responsáveis pelas coisas acontecerem.