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Fevereiro dourado
O diagnóstico precoce é o melhor aliado na cura do câncer infantil
O câncer infantil é, atualmente, a segunda causa de morte na faixa etária entre 1 a 19 anos. Apesar disso, o índice de cura pode chegar a 70% nos casos em que há diagnóstico precoce. Sendo que os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático).
O grande problema é que nem sempre a doença é descoberta no seu estágio inicial, principalmente, porque alguns sintomas podem se confundir com os de outros males muito comuns na infância.
A realidade mostra ser comum crianças e adolescentes com câncer chegarem ao centro especializado de tratamento com a doença em estágio avançado. Os motivos para isso são diversos: desinformação dos pais, medo do diagnóstico de câncer, desinformação dos médicos ou dificuldade no acesso aos serviços de saúde.
“Os pais precisam prestar atenção nas queixas das crianças. Valorizar o que eles estão sentindo e não, simplesmente, dizer que não é nada ou dar remédio para dor sem prescrição médica”, afirma a médica oncologista Maitê Vassen Schurmann. “O diagnóstico precoce é a melhor arma nessa luta. Assim, o importante é ficar atento caso o problema constatado não desapareça uma semana após a visita ao pediatra”, alerta a doutora Maitê.
Cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são registrados no Brasil a cada ano, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer. O número é realmente alto, mas não deve ser motivo para alarde. Por este motivo, a campanha Fevereiro Dourado defende que o profissional de saúde que atende uma criança com câncer deve estender o tratamento a toda a família do paciente, uma vez que o câncer infantil é visto por especialistas como uma espécie de câncer familiar e não de um único indivíduo apenas. “Por esse motivo é importante que o tratamento seja feito em centros especializados, porque tanto a criança doente quanto sua família têm necessidades especiais”, diz a médica.
Depois de feito o diagnóstico, pode-se tratar com cirurgia, radioterapia e quimioterapia ou pela combinação de duas ou mais dessas terapias. Apesar das exceções, o câncer infantil costuma responder bem à quimioterapia, pois tem crescimento rápido.
As crianças que passam por essa doença precisam crescer e amadurecer mais rápido que seus amiguinhos. “Essas crianças sempre dão uma lição de vida para quem convive com eles”, comenta a doutora Maitê, que já pode cuidar de muitas crianças com câncer quando fez a sua residência médica no Hospital São Lucas da PUC, em Porto Alegre.
É importante ressaltar que a luta pelo câncer infantojuvenil é de todos, sejam governantes de todas as esferas, pais, educadores, profissionais da saúde, voluntários, cidadãos. “Quanto mais informações sobre a doença forem disseminadas na sociedade e cada um assumir o papel de promoção pela cura, alcançaremos a meta, pois não há prêmio melhor do que uma criança curada”, conclui a oncologista.
A vitória de Pietro
Foi em dezembro de 2013 que Pietro Granzotto Pucci, o pequeno torcedor do Leão da Serra, reclamou com a mãe de dor no braço. “Era época de brincadeiras, inclusive foi na semana do “Tempo de Brincar” no colégio. O levamos ao ortopedista e os exames mostraram que estava tudo certo”, conta Joice.
As férias de janeiro de 2014 chegaram e a família viajou para a praia. “Pietro estava tomando sorvete e derrubou a casquinha no chão. Com a outra mão ele bateu na sua mão direita e disse: “Mãe, minha mão não me obedece!” Fiquei um pouco preocupada, mas, passou instantaneamente, voltando ao normal”, relata a mãe. Porém, no final da tarde daquele mesmo dia o braço de Pietro, começou a ter espasmos musculares muito visíveis. Na mesma hora, atentos ao filho, Joice e o marido Fabrício procuraram agendamentos com neurologistas da lista de médicos da região litorânea. Após consultas e exames, o casal voltou para Lages onde o neurologista Marcelo Conrad, após analisar os exames, imediatamente identificou que se tratava de um tumor e a operação se fazia urgente. Uma equipe médica cuidou do pequeno guerreiro. E no dia 4 de fevereiro, a cirurgia foi realizada no Hospital Santa Catarina, em Blumenau. Tudo correu perfeitamente, com retirada total do tumor. Mas, após 15 dias e bem na semana que Pietro completava seus 5 anos, a biópsia indicou: Glioblastoma de grau IV. Era o tipo mais comum e agressivo de tumor maligno cerebral.
O tratamento durou 1 ano e meio entre radioterapias e quimioterapias. Atualmente, os exames de acompanhamento, a cada 6 meses, ainda são necessários. Mas o menino simpático e inteligente que completou 9 anos, no dia 20 de fevereiro e que gosta de ver televisão, de futebol e videogame, está curado e sem nenhuma sequela.
Os pais, Joice e Fabrício, sorriem aliviados, e quando pergunto onde buscar forças nessa hora, eles respondem: “Força?! Ah, Deus existe!!! Realmente ele existe. Além das pessoas completamente solidárias, que em momento nenhum mediram esforços para nos amparar. Só temos a agradecer”.
Os principais sinais de investigação em relação ao câncer infantil
>>Vômitos associados a dores de cabeça (sem náusea)
>>Desequilíbrio ao andar
>>Dificuldade na visão
>>Dores ósseas ou nas articulações
>>Febre persistente
>>Emagrecimento
>>Fraqueza
>>Sudorese excessiva
>>Manchas roxas no corpo ou em pálpebras
>>Sangramento em geral
>>Diarreias crônicas
>>Dores frequentes nos dentes, não associadas a cáries
>>Dores abdominais prolongadas
>>Ínguas, gânglios ou nódulos indolores, com rápido crescimento, principalmente no pescoço, axila ou virilhas
>>Nódulos ou pintas na pele, que crescem ou mudam de cor
>>Secreção crônica drenada pelo ouvido
>>Desenvolvimento precoce de caracteres sexuais
>>Na região dos olhos pupila branca ou totalmente dilatada, protrusão do globo ocular.