Essencial
Essencial é ter Compaixão
Difícil mesmo foi iniciar essa história. Geralmente, para escrever uma matéria, unimos os fatos, personagens, suas experiências e tentamos da melhor maneira descrevê-los.
Mas, dessa vez, não teria como simplesmente descrever esses fatos sem colocar meus sentimentos.
Ao escrever esse texto, queria demostrar todas as emoções que senti ao escutar os relatos. O aperto no peito e os olhos marejados.
Quando contei em palavras algumas coisas para minhas colegas, senti que a forma que descrevi tocou o coração delas, assim como quando o Bruno me contou e tocou o meu.
Vamos lá! Espero que as histórias também toquem o seu coração e, de alguma forma, mudem a sua forma de enxergar a vida.
Bruno Armanhi, é de Londrina, Paraná. Iniciou seu ciclo de Missões aos 21 anos. Depois de passar por momentos muito conturbados como usuário de drogas, teve seu coração tocado e resolveu mudar.
Ele atribui sua mudança ao poder do amor de Deus. Hoje, com 30 anos, o paranaense viaja para diversos locais do Brasil e fora dele.
Quando foi para Juazeiro do Norte, no Ceará, em sua primeira missão, viu que seus projetos de vida fariam sentido de uma maneira que ele nunca imaginou.
Sempre sonhou em viajar pelo mundo e, há 4 anos, viaja. Mas não em forma de passeio, mas para pregar e ajudar as pessoas. Decidiu largar a faculdade, o emprego e doar seu tempo para as missões.
Participa do “ComPaixão”, programa da igreja em que congrega. Com o projeto, vai pelo menos duas vezes ao ano para o Maranhão e Piauí. Nas viagens, a equipe formada por voluntários de qualquer área de atuação, como enfermeiros, médicos ou professores, leva alimentos, medicamentos, além de fazer documentação e casamentos comunitários.
Mas o foco principal são as crianças. Por isso, além dos suprimentos, arrecada roupas e brinquedos.
Bruno relata que sempre foi muito extrovertido e, por isso, foi incumbido de ser o palhaço da equipe. Literalmente, como ele mesmo diz. Leva alegria e tenta despertar sorrisos nos lábios das crianças que não têm tantos motivos para isso.
Além das missões locais, o projeto abrange países como a África e o Haiti. E, aí sim, os relatos são mais chocantes.
“Quando assistimos a programas na televisão mostrando aquela realidade, pensamos, ‘Ah!, não deve ser bem assim’. E não é! É muito pior,” comenta ele.
Em sua pele tem tatuada a bandeira do Brasil unida à do Haiti. Local que ele considera sua segunda casa.
Foram muitas experiências no local. Quando o projeto chegou lá, as necessidades eram muitas. A maioria das crianças se alimentava uma vez por dia, quando se alimentava.
Hoje, o projeto mantém nove orfanatos, com um total de 600 crianças órfãs ou abandonadas alojadas.
Entre os relatos chocantes, dois se sobressaem. No primeiro, ele fala sobre uma vez que avistou cinco crianças brigando dentro de um dos orfanatos, que na época não tinham o projeto instalado. Quando chegou mais perto, viu que brigavam por causa de uma folha de papel. Espantou-se quando percebeu que a folha serviria como o único alimento que elas teriam naquele dia.
O segundo é sobre uma menininha resgatada pela equipe do orfanato. Acostumada a passar fome, viu no local a oportunidade de isso nunca mais acontecer. Porém, em um dia, ela se escondeu na cozinha e acabou comendo muitos doces escondida. Como no Haiti existem inúmeras doenças e ela estava fraca, acabou morrendo.
Mas nem só de tristezas são feitas essas histórias, hoje, as crianças do orfanato têm abrigo, alimentação cinco vezes ao dia, escola e roupas.
E, no final do ano, é realizada uma grande festa em comemoração ao Natal, com comida, música e oração. A alegria de Bruno é ver cada criança sorrir e poder apresentar Jesus àquelas pessoas.
Os inquilinos do orfanato podem ficar no local até completarem 18 anos, e são mantidos através de doações.
Jovens missionários
Jonas Santos, de 22 anos, é lageano. Filho de Pastor, sempre presente no ministério e escutando sobre as dificuldades encontradas pelas pessoas aqui e fora do Brasil, assim que pode, participou de uma missão. No final de 2014 foi para a África, e relata que mudou sua visão depois da experiência. Esteve em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, uma das 8 cidades mais pobres do mundo, na África.
Junto com a Missão Desafio, do Pastor Edson Teixeira, chegou à base missionária durante a noite. Ao acordar, deparou-se com muitas crianças na rua, que demostravam certa curiosidade e medo. Depois que eles se aproximaram e demostraram afeto, as crianças ficaram totalmente apegadas. “Elas nos viam como uma esperança para sair dali.”
A vida é totalmente diferente que no Brasil. Ele, como jovem, comentou que se espantou, por perceber que sempre teve tudo em mãos, enquanto aquelas crianças não têm nada.
“Antes do projeto chegar lá, era normal as crianças se alimentarem de barro ou estrume de vaca.”
As pessoas se deslocavam mais de 11 quilômetros até outras aldeias para buscar água suja, além de se alimentarem apenas aos sábados. Hoje, algumas aldeais contam com poços artesianos, escolas e recebem alimentos através do projeto.
Uma das situações que mais chocou Jonas, foi durante um almoço feito para os missionários, no qual tinha uma pasta feita de farinha de arroz. “Enquanto eu comia, vi uma mãozinha indo e voltando. E comecei a observar que toda vez que eu colocava a colher na boca, uma menininha colocava um punhado de terra na dela. Em uma forma teatral, para achar que estava comendo”. Ele foi buscá-la para dar o alimento e ela se enrolou em seu pescoço. “Foi muito difícil para ela me largar, é muito triste saber que não sabemos até quando ela, por exemplo, vai aguentar.”
Doações
No Brasil, existem vários projetos que ajudam cidades daqui ou do exterior.
A missão da qual Bruno participa é, segundo ele, uma missão de amor, não de religião. Tanto é que qualquer interessado pode participar.
Todos podem ajudar a arrecadar suprimentos, roupas e medicamentos, esses que são tão difíceis por precisarem de receita, fazer doações em dinheiro e viajar com o grupo.
Bruno também faz pulseiras para vender e arrecadar verba para o projeto.
Mais detalhes podem ser encontramos no site:
Ou no Instagram do Bruno: @brunoarmanhi
Além de ressaltar que toda ajuda é bem-vinda, Bruno finaliza: “A missão começa em casa, com a família, seus vizinhos, na sua cidade”.