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Cooperativa possibilita incremento de renda para mulheres do campo

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Lucimari, Andreia e Nazaré mostram orgulhosas os produtos desenvolvidos pela Cooperativa - Foto: Núbia Garcia

Uma alternativa para aumentar a autoestima das mulheres do campo, oferecendo a oportunidade de incrementar a renda familiar, sem tirá-las da sua função principal, que é o cultivo da maçã. Este é o objetivo da Cooperativa da Mulher Serrana (Coopermuse), que funciona por meio da força das mulheres produtoras de maçã em São Joaquim, na Serra Catarinense.

Fundada em 2010, a Coopermuse conta hoje com cerca de 50 associadas. A base de trabalho é a transformação da fruta ícone do município em produtos de valor agregado: polpa, chá e doces (para passar no pão e maçãzada – com a mesma consistência da goiabada). As maçãs utilizadas como base para o desenvolvimento destes produtos são cedidas por outras duas cooperativas da cidade, a Cooperserra e a Frutas de Ouro.

“Tivemos o cuidado de criar e oferecer produtos que ainda não existiam no mercado. Nossa polpa tem feito sucesso nos restaurantes, pois ao invés de fazer todo o processo a partir da fruta para obter a polpa, os cozinheiros e chefs compram a polpa pronta, o que facilita seu trabalho”, explica a presidente da Coopermuse, Lucimari Silva Anselmo.

A escolha por produzir polpa, chá e doces não foi ao acaso. As cooperadas contaram com o apoio da engenheira de alimentos e professora aposentada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Edna Regina Amante. Ela foi a responsável pelo projeto e desenvolvimento dos novos produtos à base de maçã.

“O papel da Edna foi fundamental, pois além de nos ajudar a criar os produtos, ela também foi a responsável por elaborar um projeto e apresentar para a Fapesc [Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina]. Por meio deste projeto conseguimos comprar os equipamentos necessários e reformar a sala para começarmos nossa produção”, destaca a cooperada Andreia Bittencourt de Arruda.

A sede da Coopermuse está localizada dentro da Cooperserra, há pouco mais de dois anos. Esta cedeu à cooperativa de mulheres, por meio de comodato, uma sala que abrigava uma pequena câmara fria, mas estava desativada havia alguns anos. A cooperativa tem um funcionário, mas são as próprias cooperadas que produzem os produtos.

Preconceito emperra desenvolvimento

Por se tratar de uma organização formada exclusivamente por mulheres, a Coopermuse enfrenta certo descrédito da sociedade local. Além disso, há barreiras impostas por alguns homens que não permitem que suas esposas saiam de casa para trabalhar ou que não querem que elas diminuam sua participação de trabalho na lavoura da família.

Estes e outros pontos fizeram com que a cooperativa enfrentasse um longo caminho até conseguir finalizar seu primeiro lote de produtos à base de maçã, o que acontece há apenas cinco meses.

“Para uma cooperada que vive numa condição destas, participar da cooperativa é uma grande conquista. Ver que está dando certo um negócio levado apenas por mulheres, que ainda enfrenta muita resistência, principalmente por parte dos maridos, é estimulante para todas nós”, comenta a secretária da cooperativa, Nazaré Dutra Corrêa.

Depois de conseguir colocar seus produtos no mercado, o próximo passo das cooperadas será o lançamento de um livro com receitas utilizadas como base para os produtos desenvolvidos por elas mesmas. “Cada uma de nós cria receitas em casa, testa as possibilidades de uso. Eu mesma já fiz um pastel com polpa de maçã, que a família adorou. Nosso objetivo é transformar essas receitas em um livro com sugestões de como utilizar nossos produtos para além do consumo direto”, completa a presidente Lucimari.

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