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Vinhos e Vinhedos: Enoturismo é destaque na região de São Joaquim

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Nesta última reportagem da série, nós queremos mostrar o resultado desse processo que envolve a vitivinicultura: o turismo - Fotos: Vinicius Prado

O resultado de todo esse processo que envolve a cadeia vitivinicultora é o turismo. Ele reflete a paixão pela produção, o cuidado com a colheita, os detalhes da vinificação e, principalmente, o sabor dos vinhos de altitude. Somente na região de São Joaquim, dez vinícolas trabalham com visitação, abrindo seu espaço para o turista conhecer um pouco da rotina e fabricação dessa bebida já tão querida pelo serrano e, também, pelos brasileiros.

Desde visitas guiadas até degustações ou refeições harmonizadas com vinho, as vinícolas inovam cada vez mais no turismo disponibilizando opções diferenciadas para imergir nesse mundo. Um exemplo disso são as hospedagens. Quem ainda não investiu em um lugar próprio dentro dos empreendimentos, faz parcerias com hotéis da região, movimentando todo o setor.

A média mensal de turistas surpreende. Durante todo o ano, 3 mil pessoas, em maior parte de Santa Catarina, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, passam pelas vinícolas catarinenses.

Visitação

Mas em alguns casos, alguns vêm de longe para conhecer os famosos vinhedos do Estado. Como a jornalista Rafaela Souza, de 26 anos, de Cuiabá (MT), que visitou recentemente a Villa Francioni. Como era sua primeira visita a uma vinícola, Rafaela ficou maravilhada com toda a estrutura e a história do local. “Não é simplesmente uma fábrica [de vinho], é um sonho concretizado”, destaca, após ter feito o roteiro de visitação pelo empreendimento.

A jornalista e mais um grupo de amigos fizeram um passeio pela Serra, visitando Urubici e São Joaquim. Na pousada em que estava, soube da existência da vinícola e disse que não podia deixar de passar por lá. “Quando vi o vinhedo eu disse: ‘a gente tem de ir lá, de qualquer maneira’”, conta.

Para ela, foi importante ter esse contato, porque conheceu um pouco da história e como são feitos os vinhos. “A gente só conhece as garrafas”, comenta. Saber da Villa Francioni também foi uma surpresa, porque, segundo ela, não sabia que tinha. “São Joaquim é muito conhecida por causa das maçãs.”

Quanto à região, Rafaela diz que não sabia que havia tanto a conhecer. “É lindo, a gente fica assim… sem palavras. Eu vim de Mato Grosso, onde tudo é plano, monocultura com a soja e, chega aqui, tem montanhas, é tudo diversificado. As pessoas são muito receptivas”, elogia a jornalista que, com certeza, depois deste passeio, terá a arte e a história da Villa Francioni marcadas para sempre em sua vida.

A jornalista Rafaela Souza, de 26 anos, de Cuiabá (MT), visitou recentemente a Villa Francioni

Potencial

Para o ex-presidente da Vinhos de Altitude, Acari Amorim, o vinho potencializou o turismo em São Joaquim, durante todo o ano, não mais apenas no inverno, com a chegada da neve. O engenheiro agrônomo e gerente da vinícola Hiragami, em São Joaquim, Celito Soldá, explica que esse potencial traz visibilidade à região, de tal forma que é possível mostrar que os vinhos de altitude funcionam fora do eixo tradicional, como o Rio Grande do Sul. “O destaque e a qualidade, têm chamado a atenção, levando o setor a outro patamar, o que atrairá investimentos”, diz.

Turismo ainda precisa de alguns investimentos

Do ponto de vista do gerente da Hiragami, Celito Soldá, o setor tem um diferencial, pois consegue “segurar” o turista, fazendo com que usufrua de outros serviços como hotelaria e alimentação.

Mas ao visitar a região, percebe-se que para o turismo funcionar com maior eficácia, ainda é preciso mais investimentos em infraestrutura. Muitas vinícolas ainda contam com estradas de chão como acesso. Outras, por conta própria, melhoraram as vias, para que o turista tenha uma experiência completa, sem enfrentar percalço.

Amorim relata que nos últimos 15 anos, o investimento privado foi de quase R$ 500 milhões, desde compras de terra, até a pavimentação, entre outras melhorias. Mas itens como aeroportos e rodovias precisam estar em boas condições, para não limitarem a vinda do turista.

Como são considerados um ciclo de desenvolvimento econômico, os vinhos de altitude permitem que as pessoas conheçam ao, mesmo tempo, outros pontos da região, como as próprias paisagens e, por isso, acessos facilitados são cruciais para uma completa experiência enoturística.

Vindima celebra o sucesso de todo o setor produtivo

A Vindima de Altitude, festa criada em 2014 para celebrar a colheita das uvas, é um catalisador do enoturismo. A cada ano, cresce o número de visitantes que prestigiam o circuito cultural gratuito e itinerante, sempre com grandes atrações. Já houve, inclusive, apresentação do Balé Bolshoi do Brasil, de trio de tenores e, neste ano, a abertura foi com a Camerata Florianópolis.

Nesta quarta edição, que acontece entre 3 e 26 de março, são esperadas cerca de 55 mil pessoas. Superior ao público do ano passado, quando cerca de 50 mil pessoas participaram do evento. Amorim conta que, em 2016, durante o mês de março, foi registrada a maior ocupação hoteleira da Serra, em função da Vindima.
O roteiro itinerante permite visitar os vinhedos, participar da colheita, acompanhar o processo de vinificação, além de degustações, piqueniques, almoços e jantares harmonizados.

Em São Joaquim, há ainda outra opção, o Festival Sabores de Altitude, promovido pelo Sebrae/SC e reunindo cinco restaurantes: Pequeno Bosque, Cristal de Gelo, Vento Minuano Grill, Boulevard Café Colonial e Bistrô Bacco (no Clube Astréa). São pratos preparados com ingredientes típicos regionais, a preços promocionais, harmonizados com os rótulos de altitude.

Mesmo a crise financeira se fazendo presente, as pessoas não deixaram de viajar, somente voltaram os olhos para o que há dentro do próprio Brasil. Exemplo disso, é esse movimento econômico em torno da Vindima, que não só permite experimentar os vinhos de altitude, mas também conhecer e fomentar a Serra Catarinense e outras regiões do Estado.

Para Celito Soldá, a Vindima é uma forma de trazer as pessoas ao local da produção e, assim, conhecer o vinho de altitude. “É diferente de participar em uma feira em São Paulo, porque, aqui, consegue atrair o público novo para conhecer a realidade e quebrar paradigmas, onde acabam sendo surpreendido”, completa o gerente da Hiragami.

As Vinícolas da Serra

  •  Abreu Garcia, de Campo Belo do Sul
  •  Villagio Conti, São Joaquim
  •  D’alture, de São Joaquim
  •  Hiragami, de São Joaquim
  •  Leone di Venezia, de São Joaquim
  •  Monte Águdo, São Joquim
  •  Pericó, de São Joaquim
  •  Quinta da Neve, de São Joaquim
  •  Quinta Santa Maria, de São Joaquim
  •  Sanjo, de São Joaquim
  •  Serra do Sol, Urubici
  •  Suzin, de São Joaquim
  •  Thera, de Bom Retiro
  •  Urupema, de Urupema
  •  Villa Francioni, de São Joaquim
  •  Villaggio Bassetti, de São Joaquim
Série
  • Sábado e Domingo (18 e 19) Investimentos, inovação e pesquisa
  • Segunda-feira (20) Emprego, renda e pioneirismo
  • Terça-feira (21) Enoturismo
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