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Uma vida dedicada à velocidade na terra

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Vitalino e Vilmar hoje se dedicam a restauração de acordeões - Foto: Bega Godóy

Os irmãos Vilmar Gargioni, de  62 anos, e Vitalino, de 75 anos, revezaram-se nas provas de velocidade na terra por 20 anos. A dupla dirigia o Opala 86 na categoria Stock Car entre os anos de 1986 a 2006. Juntos, ganharam muitas provas, mas nenhum título.

As prateleiras da oficina Gargioni Acordeões, no Bairro Passo Fundo, em Lages, onde os irmãos trabalham com restauração desses instrumentos, está repleta de premiações (troféus e medalhas). 

Eles lembram das etapas que tinham como sede ao menos oito diferentes traçados em cidades catarinenses e cerca de 10 provas anuais com duas baterias cada. O autódromo Nabor Vieira Lemos, em Lages, era um dos mais desafiadores e exigia dos pilotos muita habilidade e ousadia e foi palco de muitos festejos.

“Um circuito técnico com muitas curvas para a direita e para a esquerda. Tinha cerca de 2.070 metros e, em média, 1min25seg para completá-lo.” relembra Vilmar. Eles perderam as contas de quantas vezes receberam a bandeirada e, por isso, conheciam cada curva e davam trabalho para os adversários. E mais emocionante era receber os aplausos da família e dos amigos. “O bom da corridas de terra é que a torcida fica bem próxima das pistas e dá para ver as reações e ouvir os gritos de incentivo”, comenta Vilmar.

Na época, segundo o empresário, o calendário era intenso e, de março a dezembro, tinha prova. Lages, Mafra, Santa Cecília, Joaçaba, São Bento do Sul, Chapecó, Lontras e Camboriú eram os paradeiros dos amantes da velocidade na terra . “Houve etapas que o gride juntou 25 carros, só na categoria stock. Na categoria marca, para carros de 1.600cc, juntava uns 50. Oh! época boa. Precisava de muitas baterias, era muito carro e tinha até repescagem”, salienta seu Vitalino.

Vilmar e Vitalino como Opala – Reprodução/Divulgação

Amor ao esporte

Os Gargioni eram uma das tantas duplas que encaravam o certame e faziam por amor à camisa e ao esporte. Nunca ganharam nada em dinheiro. Só gastaram, mas o divertimento valia a pena.

Essa “desculpa” é unanimidade entre os participantes, assim como é na atualidade, como lembram os irmãos. “Os pilotos gastam para preparar os carros, e  o patrocínio nem sempre vinha para cobrir as despesas (viagens, mecânicos, peças e inscrições) e o jeito era tirar do bolso se quisesse continuar nas provas ”, lamentam. 

Fora as dificuldades de permanecer nas disputas, falar sobre corrida é sempre um prazer. Eles  têm um álbum com mais de 500 fotos que mostram a trajetória de 20 anos da dupla. Mas só eles manuseiam.

O ciúme e o zelo desse apanhado é tamanho que as reproduções das fotos para a reportagem teve que ser feita no local, na frente deles. “Só nós mexemos nesse álbum”, disseram. 

Os irmãos fizeram história e quando o assunto é velocidade na terra eles são alguns dos mais lembrados.  Vilmar, por exemplo, foi o primeiro campeão de kart da festa do Pinhão de 1973.

A primeira prova da modalidade saía da Sorveteria Milk Mone, na Avenida Dom Pedro II, e ia até a rodoviária Dom Honorato Piazera. Outra particularidade desses dois corredores é que foram eles que “inventaram” os rachas.

Praticamente, foram os professores do pessoal que veio depois e impulsionou a brincadeira.  “Somos a segunda geração de pilotos de Lages e os rachas começaram com a gente”, garantem. 

Enquanto corriam pelos autódromos do Estado, os irmãos lidavam com transporte e comércio de peças e essas atividades tomavam tempo e aos poucos a dupla deixou as provas. Há cinco anos, começaram o negócio de conserto de acordeões.

E ambos têm clientes em toda parte do Brasil. A arte de restaurar aprenderam com o bisavô. Vilmar, além de entender dos acordeões, sabe tocar. Esse dom, segundo ele, está na veia, no sangue e ele tira do instrumento qualquer estilo. “Praticamente toda a família se interessa por música”, resume Vilmar 

O próximo personagem será o atleta Sandro Gonçalves

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