Uma aula mais prazerosa e atraente para os alunos

Já pensou em assistir uma aula de Ciências de um jeito diferente, ou seja, sob encenação teatral? Diante dos desafios enfrentados por professores na sala de aula, esse é um dos diferenciais qualificados pelos alunos da professora Monique Mortari, de 33 anos, que atua na Escola Municipal de Educação Básica Santa Helena, em Lages. 

Graduada em Ciências Biológicas pela Uniplac e licenciada em Química pela Unimes, de São Paulo, trabalha há dez anos como professora. Há três anos, Monique ministra aulas para turmas de sextos e sétimos anos, trabalhando de forma que atraia a atenção e o interesse dos alunos pelas Ciências, buscando formas mais prazerosas e significativas, que além disso, colabore com o desenvolvimento pessoal e social de seus alunos ao aproximá-los do conhecimento científico.

Para incentivar os professores da rede pública do Ensino Fundamental, o Ministério da Educação (MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) lançaram o programa Ciência 10. Segundo o edital, são ofertadas 3.920 vagas destinadas aos professores de Ciências que dão aula para estudantes do 6º ao 9º ano da rede de ensino público.

A iniciativa visa a melhorar o ensino de Ciências na educação básica, incentivar o aprendizado pela investigação, aumentar a qualificação de professores, estimular o interesse dos alunos pelas carreiras científicas e pelo uso de novas tecnologias, fortalecer a interação entre escolas e instituições de ensino superior, democratizar o conhecimento e popularizar a ciência.

As inscrições deverão ser feitas nas instituições participantes. Em Santa Catarina, são ofertadas 200 vagas no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), distribuídas em cinco polos, de Criciúma, São José, Itapema, Indaial e Laguna. As aulas serão a distância, oferecidas por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Uma vez por mês, os professores deverão se reunir nos pólos para debater os temas aprendidos.

Tudo começa com um bom planejamento

A professora Monique explica que para montar o planejamento das aulas, normalmente, são usados vários autores, pesquisa na internet, novas ideias que estão surgindo, além, é claro, dos livros didáticos que são utilizados na rede.

Para a alegria da garotada, em algumas aulas, sempre que possível, são feitos experimentos práticos. Monique ressalta que não existe prática sem a teoria antes. “Não podemos ir para a prática sem o mínimo de conhecimento,” enfatiza.

Além da encenação teatral que chama a atenção dos alunos, a professora sempre procura relacionar a explicação da teoria com algo que os alunos conhecem.

Muitas vezes, nem mesmo com a falta de um espaço apropriado como laboratórios nas instituições, os professores desanimam. “Com isso, precisamos fazer adaptações conforme o conteúdo vai permitindo”, explica a professora que, recentemente, realizou experimentos sobre o mundo das bactérias com as turmas dos sétimos anos.

“Conseguimos fazer tudo dentro da sala de aula, como materiais da nossa própria cozinha. Nos organizamos dentro do que a nossa realidade permite. Os alunos se empenham com os trabalhos, e contribuem com os materiais quando solicitado. A disciplina de Ciências, ao ser bem trabalhada, ajuda os estudantes a encontrarem as principais respostas para diversas questões”, completa Monique.

Para a estudante Raissa dos Santos, de 12 anos, as aulas práticas são o que mais lhe atraem, embora saiba que é importante ter o conhecimento teórico. “Por exemplo, hoje, na aula teórica podemos aprender sobre os átomos. Mas gosto mesmo é da explicação de forma teatral.”

Professores de Lages

De acordo com o diretor de ensino da Secretaria Municipal da Educação de Lages, Carlos Eduardo Canani (Cadu), ainda não foi definida, como será e quantos professores da rede municipal de ensino farão a inscrição para esse programa.

“Enquanto Secretaria de Educação ainda não fomos comunicados oficialmente sobre o programa Ciência 10. Precisamos aguardar o envio da documentação para vermos a possibilidade de incentivar os nossos professores a participarem. Normalmente, sempre aderimos às iniciativas voltadas para a formação de professores”, explica.

Para participar

Para participar do C10, o professor precisa estar atuante em sala de aula da rede pública e possuir diploma – reconhecido pelo Ministério da Educação, em curso superior de Física, Biologia, Química e outras áreas, conforme tabela disponível no Portal da CAPES.

Inscrições

As inscrições devem ser feitas diretamente nos sites das 19 instituições de ensino superior federais e estaduais participantes, desde segunda-feira, 30 de setembro. Serão abertas 3.920 vagas. A expectativa é de que mais de 400 mil alunos da rede básica sejam beneficiados pela iniciativa. O início das aulas está previsto para fevereiro de 2020. 

UAB

O C10 é um dos diversos cursos da Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema gerido pela Capes para integrar e articular as universidades públicas com os governos municipais, estaduais e federal por meio da modalidade de ensino a distância. A oferta de vagas da UAB é voltada, prioritariamente, aos professores da rede de educação básica.

Cronograma

O C10 foi lançado em abril deste ano. Desde julho, os coordenadores UAB já podem acessar a plataforma que será usada durante a especialização, com todas as informações sobre o programa. A ferramenta tem uma base de conteúdo de ciências selecionado por especialistas responsáveis por elaborar o curso.

Todos os docentes que participarem da formação farão as atividades pela plataforma, criada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a CAPES. Além disso, os coordenadores receberam um guia de navegação com todos os detalhes sobre a estrutura do programa.

Metodologia

O curso de especialização lato sensu será dividido em três módulos, com uma carga total de 480 horas. O C10 tem quatro eixos temáticos (vida, ambiente, universo e tecnologia) e é baseado no estímulo do ensino por investigação, com uma abordagem criativa e transversal.

O Ciência é 10 oferece aos professores ferramentas, conteúdos e metodologias que auxiliam na qualidade das aulas, propondo novos desafios e reflexões sobre a prática pedagógica.

Além das aulas a distância, uma vez por mês os professores se reúnem nos polos da UAB, que são espaços com estrutura de apoio pedagógico, tecnológico e administrativo, para as atividades de ensino e aprendizagem.

Fonte: CCS/CAPES