Economia e Negócios
Turcos compram gado de jovem empreendedor
O curso de Liderança, Gestão e Empreendedorismo Rural, oferecido pela Epagri (Empresa de Pesquisa e Extensão Rural), e ministrado no Centro de Treinamento de São Joaquim tem como objetivo garantir que as melhorias nas propriedades continuem sendo implantadas, mudando a história das famílias e das comunidades rurais dos municípios.
O jovem empreendedor Andrigo da Luz de Souza, de 31 anos, foi um dos que fez o curso em 2017. Sua família tem uma propriedade (agricultura familiar) na Localidade de Erva Doce, em São José do Cerrito, onde trabalha no desenvolvimento da pecuária de corte.
Assim que o curso terminou, Andrigo elaborou um projeto, aprovado pela Epagri de São José do Cerrito, passando a contar com apoio técnico. O rapaz aproveitou os conhecimentos e a experiência da família e transformou a propriedade em uma empresa rural. Investiu em tecnologia, melhoramento genético bovino e na pastagem. Além de adquirir equipamentos agrícolas.
O empreendedor exporta, desde o ano passado, terneiros (cruzamento das raças, Devon, Red Angus e Hereford) e deve fazer novo embarque entre fevereiro e abril, melhor período para o transporte, uma vez que a Turquia fica entre os continentes Europeu e Asiático.
No mesmo embarque, os turcos levam cerca de 5 mil cabeças oriundas de outras propriedades, também da Serra Catarinense. As compras acontecem no período de desmame, entre março e abril. Os bezerros têm até 10 meses e pesam entre 180 e 240 quilos.
Apoio técnico
“A intenção é expandir e aumentar a produção caprichando mais na linhagem dos touros, das próprias fêmeas, e das matrizes para dar mais cria de forma que se encaixe no gosto do comprador e amplie, assim, a nossa renda e melhore a vida no campo”, diz Andrigo que, na sua lida diária, trabalha com oito familiares numa área de quase 50 hectares.
O extensionista de São José do Cerrito, Severiano Pereira Neto, disse que normalmente os jovens que frequentam os cursos oferecidos pela Epagri são filhos de agricultores e conhecem bem a lida.
“O curso é um incentivo para aqueles jovens que ainda estão na propriedade e ajudam a melhorar o que eles já vinham fazendo e gostam de fazer,” explica, ao destacar que os empreendedores recebem apoio dos extensionistas e, quando necessário, apoio financeiro por meio dos bancos conveniados.
Denizete Mota, que é extensionista social da Epagri, por exemplo, faz visitas técnicas sistemáticas à propriedade, incluindo acompanhamento aos familiares. A propriedade se tornou referência em planejamento, tecnologia e gestão.
Para ela, o tempo do contrato não é mais importante do que a geração de trabalho e renda no meio rural, isso faz com que o jovem do meio rural, tenha as mesmas oportunidades do jovem da cidade. Acesso à internet, telefone, informação, comunicação.
“Ele tem dinheiro para lazer, o jovem também faz viagem. Melhor qualidade de vida no meio rural, o que antes não tinha, isso faz com que o jovem permaneça no campo, mas não por capricho, ou para evitar que vá para a cidade em busca de oportunidade, mas sem formação, se submete a trabalhos pesados, remuneração baixa, dificuldade de formar e sustentar uma família com qualidade. Aglomerando-se nos bairros sem estrutura e agravando os índices sociais e, consequentemente, a qualidade de vida”, afirma.
Ainda segundo Denizete, o agricultor tem que entender que sua propriedade é uma empresa, que produz, tem que dar lucro, atender às necessidades da família, com as mesmas oportunidades do jovem urbano. “Isso considero importante. Existem outros jovens formados que trabalham com produção orgânica de pequenos frutos e hortaliças.”
Os cursos
As inscrições para a 4ª edição dos cursos estão abertas. As aulas estão programadas para começarem em abril e podem participar para todos os jovens de famílias de produtores da Serra Catarinense.