Economia e Negócios

Setor de tecnologia cresce e faltam profissionais no mercado

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Foto: Susana Küster

Até 2024, haverá um déficit de 240 mil profissionais na área de tecnologia, segundo informações da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação. A falta de profissionais é sentida no mercado, funcionários são disputados pelas empresas, e são as maiores que possuem melhores condições de trabalho, que saem na frente.

Pouco interesse em trabalhar na área é o principal fator que a recrutadora da NDD, Simone Cunen, percebe em sua rotina de avaliar candidatos. Ela conta que entrevista por semana, em torno de 15 engenheiros que estão desempregados, e acredita que como o mercado de trabalho estimulou a formação em algumas áreas, também esqueceu de outras; uma delas, o setor da tecnologia.

Como forma de melhorar essa situação, a empresa abriu um projeto piloto em parceria com o Senac, com o objetivo de formar profissionais na área. “Se der certo, vamos abrir mais três cursos na área da tecnologia. Não queremos contratar mão de obra de fora, mas muitos não tem nem ideia do que é trabalhar neste setor. Por isso, estamos montando um projeto para incentivar os estudantes do ensino fundamental e médio a estudar tecnologia”, conta, lembrando que um exemplo da falta de estímulo é quando se vê um outdoor anunciando quantos estudantes foram formados em Medicina, através de um curso preparatório de vestibular.

Ela comenta que, dentro do ramo, há vários tipos de trabalho, alguns perfis se adequam mais como programadores, outros como vendedores. “Infelizmente, trabalhos que requerem mais experiência, temos buscado em São Paulo e Minas Gerais. São funções com salários diferenciados.”

Empresas do ramo disputam funcionários

Beto Paes, empresário da Plasoft, diz que a falta de profissionais no ramo já foi maior. Ele analisa que com a formação acadêmica feita pela Uniplac, Unifacvest e IFSC, aumentou a demanda de profissionais em Lages. Porém, analisa que a maioria dos estudantes não possui experiência e isso prejudica o andamento das empresas, pois é preciso qualificar os funcionários. “Há também muita concorrência para quem fica com os melhores colaboradores. Eles migram muito de uma empresa para outra por causa de detalhes. Geralmente, as maiores, que possuem mais benefícios, têm poder de escolher quem contrata.”

Ele acredita que ainda há pouca demanda de profissionais, porque muitos estudantes não finalizam o curso superior e não se dedicam aos estudos. “Fui professor universitário por um bom tempo e sei o que estou falando. Esta geração é complicada, a maioria não gosta de estudar”. Ele alerta que um profissional na área de tecnologia precisa saber trabalhar com linguagem de sistemas, ter um bom relacionamento e postura dentro da empresa, além de gostar de estudar, pois a área evolui muito rápido. “A média salarial inicial vai de R$ 1,8 mil a R$ 2,5 mil; já para um cargo de programação, o salário dobra.”

É importante se qualificar para a área

Com início previsto para final de fevereiro, um curso de Desenvolvimento de Sistemas promovido pelo Senac, com carga horária de 360 horas/aula, visa qualificar mão de obra para a área da tecnologia. As aulas serão na sexta-feira de noite e aos sábados, o dia todo. O curso é feito em parceria com a empresa NDD, que precisa com frequência de profissionais do setor. Serão abertas 25 vagas e, por enquanto, ainda não há um valor estabelecido.

O coordenador do Senac em Lages, Adenilson Varela da Silva, conta sobre a grade do curso. Serão oferecidas aulas de desenvolvimento de lógica de programação e estrutura de dados, desenvolvimento de softwares para desktop e de interfaces de aplicações, aprender como estruturar banco de dados, realizar testes e manutenção, além de conhecer como é ter uma postura comportamental e os métodos de trabalho.

De acordo com as projeções da International Data Corporation (IDC) Brasil, até 2022, 80% do crescimento de receita de todas as empresas dependerá diretamente de ofertas e operações digitais. Um levantamento feito pelas consultorias Robert Half, Talenses, Page Personnel e a empresa Catho, divulgados pela Revista Exame, mostra que 17 cargos foram os mais solicitados em 2019, com salários que variam de R$ 2 mil a R$ 45 mil por mês. 

São eles: gerente de TI e de projetos, profissional da área de suporte, especialista de Business Intelligence (BI), analista de BI com foco em análise de mercado e ETL, programador Front-end, UX/UI – Usabilidade, interface e interação, desenvolvedor Full-Stack e mobile, chief Technology Officer e Data Officer, gerente de Segurança da Informação, programador de Java, engenheiro de Inteligência Artificial, cientista de dados, desenvolvedor de projetos de ERP e gerente da Informação/Banco de dados.

Fonte:TI Inside 

1 Comentário

1 Comentário

  1. Rafael Amaral Salgueiroza

    30/01/2020 at 16:44

    Quero manifestar que, com todo o respeito, discordo das colocações do senhor Beto Paes. Ao ler o texto, me parece desqualificar uma geração que “não quer saber de estudar” e “troca de emprego por causa de detalhes”. Na verdade, o seu discurso acaba sendo enriquecedor porque mostra um outro lado, implícito na matéria, que é o conflito de gerações e a dificuldade que os mais velhos têm de lidar com os jovens. Esse conflito não é novo, e se estende por séculos. As pessoas mudam, o mercado muda, e hoje os jovens não querem ser tratados simplesmente como mão de obra, mas buscam contexto e propósito pessoal na sua profissão. Os empresários que percebem isso acabam conseguindo contratar os melhores profissionais. Os demais ficam chorando as pitangas. Claro, sem generalizar. Também me faz questionar o desânimo que deve ser assistir a uma aula dada por um professor universitário que não acredita naqueles que estão estudando. Eu diria que, no ramo da educação para a área tecnológica também enfrentamos uma dificuldade de encontrar bons profissionais. Ainda assim, acredito que tanto na área da educação como na área da tecnologia da informação e comunicação, há um cenário que tende a melhorar bastante na nossa cidade. Parabéns à NDD e ao Senac pela iniciativa de fomentar a profissionalização na nossa região.

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