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Praça Joca Neves é ocupada por moradores de rua

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Foto: Adecir Morais

A Praça Joca Neves, no Centro de Lages, foi transformada em “casa” por moradores em situação de rua que, pelos motivos mais diversos, perderam o vínculo familiar. Na marquise da parte de trás da concha acústica, é possível avistar roupas de cama, dentre outros objetos deles, espalhados pelo piso. O local se tornou um “dormitório” a céu aberto. De acordo com informações, mais de 10 pessoas, basicamente homens, estão dormindo ali todas as noites.

A reportagem esteve no local para ouvir as pessoas que estão ocupando aquele espaço. A maioria prefere não se identificar. Um deles disse que optou por ocupar a praça porque não tem onde morar e se alimentar. “A gente costumava se alimentar e tomar banho no Centro POP – estrutura de acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social do município, mas o local está fechado. Aqui na praça, a gente dorme e ganha comida de voluntários”, contou.

Outro morador em situação de rua, um homem aparentando 50 anos, disse que decidiu ir para rua depois de ter problemas familiares. Ele, que na tarde da última segunda-feira (6) foi encontrado dormindo pela reportagem na parte da trás da concha acústica, veio de São Paulo e está há dois meses em Lages. “Eu não tinha para onde ir, por isso, estou dormindo aqui”, justificou.

A situação está preocupando os usuários da praça e moradores das proximidades. O pintor Márcio Donizete Sefrt, de 49 anos, costuma passar diariamente pelo local. Ao cruzar perto da concha acústica, na tarde de quarta-feira (8), depois de sair do trabalho, reclamou do cheiro forte de urina. “Eles dormem aqui e costumam urinar lá de cima [da concha acústica] na calçada. Espero que as autoridades competentes tomem uma providência para evitar que isso aconteça”, desabafou. 

Outro frequentador da praça, que preferiu não dar o nome, reclamou da presença de moradores de rua no local. Segundo ele, o grupo intimida quem passa pela área ao pedir dinheiro para sustentar o vício. “Eles pedem dinheiro para comprar cachaça”, afirmou.

Já um vendedor, que trabalha em uma loja nas proximidades da praça, disse que a presença dos sem teto não o incomoda. “A gente trabalha aqui o dia inteiro e não vê nada. Só esses dias que eles brigaram, mas logo fizeram as pazes”, relatou.

Alguns dos moradores de rua ouvidos pela reportagem reclamaram do fechamento do Centro POP – estrutura que funciona na Rua São Joaquim, oferecendo serviços de alimentação, higiene, atendimento psicossocial e oficinas culturais à população de rua do município. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, mas está fechado desde o dia 20 do mês passado.

O que diz o município

O secretário Municipal de Assistência Social, Samuel Ramos, disse que não pode obrigar os moradores de rua a saírem da praça, pois todos os cidadãos têm o direito de ir e vir. Em caso de briga ou tumulto, contudo, é acionada a Polícia Militar para controlar a situação. 

Ele declarou que o problema é antigo e se agravou depois do fechamento do Mercado Público, que está em obras. “Muitas pessoas viviam nas dependências do antigo mercado público e acabaram migrando para a praça”, disse.

Os motivos que levam as pessoas a morar nas ruas são diversos. Dentre eles, estão conflitos familiares, uso de drogas e álcool. Atualmente, conforme o secretário, existem cerca de 60 moradores em situação de rua em Lages, sendo que de dezembro até agora, houve uma redução de 40% do número desta população.

Questionado sobre o fechamento do Centro do POP, Samuel explicou que o local foi fechado no dia 20 do mês de dezembro para o período de férias e reabrirá neste dia 20. No entanto, afirmou que os serviços de acolhimento das pessoas em situação de rua não sofreram prejuízos, uma vez que continua funcionando o Acolhimento POP localizado na rua Frei Gabriel, onde também é disponibilizado pernoite, funcionando 24 horas por dia, todos os dias da semana. O local oferece 50 vagas.

Samuel afirmou que as equipes da prefeitura sempre buscam ajudar os moradores de rua, mas alguns não aceitam nenhum tipo de auxílio e preferem ficar na rua. “O Acolhimento POP funciona 24 horas por dia e tem capacidade para 50 pessoas, mas nunca passa de 30 vagas ocupadas. A adesão é baixa. As pessoas em situação de rua não querem cumprir as regras no abrigo.”

Além do Acolhimento POP, Samuel esclareceu que a prefeitura possui o serviço de Abordagem Social, destinado a acolher pessoas em vulnerabilidade nas ruas de Lages. Este serviço, afirmou o secretário, também funciona 24 horas por dia e pode ser acionado pelos telefones 98406-2980 ou 99921-1125.

 

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