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Pesquisadores estrangeiros conferem resultados de pesquisa

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A variedades Piwi foi obtida nos últimos anos via melhoramento genético - Foto: Epagri/Divulgação

Pesquisadores alemães e italianos estão percorrendo Santa Catarina, juntamente a profissionais da Epagri e da Universidade Federal de santa Catarina (UFSC), para conferir os resultados já alcançados no projeto de desenvolvimento das uvas Piwi. O termo alemão caracteriza um grupo de variedades de uvas obtidas nos últimos anos via melhoramento genético, oriundas de cruzamentos de variedades viníferas com espécies selvagens. O objetivo é reunir numa só planta a qualidade das viníferas e a resistência a doença das selvagens, permitindo a produção de vinhos finos com menos custos e impactos ambientais reduzidos.

O projeto ‘Avaliação vitivinícola de genótipos de videira nas condições edafoclimáticas de Santa Catarina’ vem sendo desenvolvido desde 2013 pela Epagri, em parceria com a UFSC e apoio da Fundação Edmund Mach, que fica na Itália; e do Instituto Julius Kuhn, da Alemanha.

Nesta semana, os técnicos brasileiros e estrangeiros visitarão cultivos experimentais em Videira, Água Doce, São Joaquim, Curitibanos e Urussanga. Nesta quinta-feira (30) acontece uma visita à unidade de pesquisa da UFSC em Curitibanos e à tarde em São Joaquim.

A comitiva iniciou os trabalhos por Florianópolis, onde foi recebida pela presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, e por parte da diretoria e gerência da instituição. Na ocasião, foram tratados assuntos estratégicos para seguimento do projeto. Ainda na segunda-feira (27), os técnicos envolvidos na pesquisa apresentaram os resultados já alcançados ao secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa, que se mostrou motivado e comprometeu-se a apoiar o desenvolvimento dos trabalhos.

Resultados promissores

André Luiz Kulkamp de Souza, gerente da Estação Experimental da Epagri em Videira e um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, explica que o grande diferencial das uvas Piwi é que se consegue, via tecnologia molecular, novas variedades com mais de 90% de sangue de vinífera e apenas o gene de resistência – já conhecido e mapeado – das selvagens. Ele conta que, em alguns países do mundo, as uvas Piwi já são consideradas viníferas.

Já foram colhidas safras das uvas Piwi nas produções experimentais conduzidas pelo projeto e os resultados são promissores, avalia André. De acordo com ele, já é possível identificar algumas variedades com potencial para o Estado, principalmente, as brancas, para fabricação de vinhos e espumantes. Isso por que elas são bastante produtivas, apresentam maturação adequada e vinhos com características interessantes, além da alta resistência ao míldio da videira, a principal doença da cultura.

Segundo o pesquisador da Epagri, a diferença de características produtivas e enológicas da uva nos diferentes locais de Santa Catarina prova que existem variedades que se adaptam melhor a cada condição de solo e clima. Desde 2015, as novas variedades vêm sendo testadas em cinco regiões vitícolas do Estado, com diferentes altitudes: Água Doce, com 1.300m; São Joaquim, com 1.100m; Curitibanos, com 900m; Videira, com 750m; e Urussanga, com 49m.

As uvas europeias de alto potencial enológico – como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Pinot Noir – são muito suscetíveis a doenças fúngicas quando cultivadas nas condições climáticas catarinenses. “A introdução e a criação de novas variedades adaptadas às condições locais de cultivo, resistentes ou tolerantes a estresses bióticos e com elevado potencial enológico, torna-se essencial na busca de um sistema de cultivo sustentável”, justifica André.

O estudo está sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de SC (Fapesc), sendo parte do recurso oriundo do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura de Santa Catarina (Fundovitis).

 

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