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Os Homens Explicam Tudo Para Mim

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Foto: Divulgação

No meu último aniversário, ganhei de uma amiga feminista o livro Os Homens Explicam Tudo Para Mim. Nunca tinha ouvido falar de Rebecca Solnit, jornalista e historiadora estadunidense, autora da obra. E olha, era ignorância minha, porque é uma escritora premiada e publicou uma dezena de livros nos quais discute diversos temas, como política, mudanças sociais, arte e é claro, feminismo. Ativista ambiental e dos direitos humanos, escreve regulamente para jornais, como o britânico The Guardian.

Quando li o título, percebi do que se tratava. É muito comum no mundo corporativo, e a Rebecca fala dos Estados Unidos – mas acontece no Brasil, na Austrália e em todo o lugar – de homens, bem intencionados ou não, que gostam de explicar o que a colega de trabalho já sabe, ou que interrompem a fala feminina com o objetivo de esclarecer sobre o assunto. É muito chato quando isso acontece, mais ainda quando a gente percebe que passou por isso tantas vezes e não se deu conta.

A escritora começa contando, no capítulo que leva o nome do livro, de uma forma leve e bem humorada, de uma festa que foi com uma amiga. “Até agora não sei por que Sallie e eu nos demos ao trabalho de ir àquela festa…”. Em uma conversa com o dono da casa, conta que o homem falou sobre um livro que tem como tema a aniquilação do tempo e do espaço na vida cotidiana, então ela percebeu que era sobre a sua mais recente obra. Tentou contar isso a ele. Em vão. Somente depois de um tempo e de a amiga falar diversas vezes, foi que o homem conseguiu ouvir que a autora estava a sua frente. Detalhe, ele não havia lido o livro, apenas um artigo em um jornal.

No decorrer da obra, apesar da leveza da sua escrita, o assunto fica mais tenso, isso porque apresenta os reflexos do sexismo, misoginia e machismo na sociedade mundial. Trata de nos explicar as diferenças culturais e sociais que fazem com que mulheres sofram de formas diferentes a discriminação de gênero. Traz números de violência contra as mulheres, e histórias de mulheres de diversos lugares que sofreram abusos sexuais.

Apesar de ter pouco menos de 200 páginas, é uma leitura para fazer com calma, para ler e pensar no mundo em que vivemos. Nas páginas finais trata dos movimentos feministas e da importância deles para a construção de uma sociedade melhor. “O feminismo, como observou a escritora Marie Sheer, em 1986: é a noção radical de que as mulheres são pessoas”. Agora não há mais como voltar atrás, o caminho é longo, mas estamos seguindo. E, no último parágrafo, considera: “Eis a caixa que Pandora tinha nas mãos e as garrafas de onde os gênios foram libertados; hoje nos parecem prisões e caixões. Nesta guerra morrem pessoas, mas não é possível apagar as ideias”.

 

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