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O Continente das Lagens aguarda a reedição
O Continente da Lagens é um importante registro da história de Lages. Publicado em 1982, foi escrito pelo jornalista Licurgo Costa. Os quatro volumes, que integram essa coleção, tratam de temas que vão além da história da Serra Catarinense. E em meio às comemorações aos 253 anos de Lages (1766), volta a tona a discussão sobre a reedição da obra. A ideia inicial – o projeto começou em 2015 – era de que a segunda edição fosse lançada como parte das comemorações do aniversário de 250 anos de Lages, em novembro de 2016. Entretanto, não há previsão de quando será publicado.
A relevância dessa publicação se dá porque o ‘Continente’ é muito consultado por pesquisadores de diversas áreas. Os livros da década de 1980 não são fáceis de encontrar, tanto que as bibliotecas, e o Museu Histórico Thiago de Castro, não disponibilizam seus exemplares para empréstimos, apenas para consulta no local.
Além do Continente, ainda há o Guia de Lages, um produto a parte, focado no Centro de Lages e também inclui o Cemitério Cruz das Almas, no qual o escritor está sepultado. “Buscamos o auxílio financeiro para que possamos fazer a revisão final e a publicação, tanto do guia, como do Continente”, comenta a historiadora Elisiana Trilha Castro.
O material conta um pouco da trajetória da cidade por locais singulares. “É uma visita ao Centro, como se fosse na primeira pessoa, como se Licurgo estivesse conduzindo esse passeio”, explica Elisiana. Por conta da criação do Guia, foi realizada uma atividade durante a Festa Nacional do Pinhão, em 2017. “Fizemos dois passeios de guia com esse conteúdo, e foi muito legal, tivemos uma participação bem boa do pessoal da festa, de muitas pessoas da cidade.”
Licurgo, que foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (HGSC), é considerado, também, um historiador. A contribuição dele à historiografia catarinense é inegável. A historiadora Sara Nunes, na tese de doutorado “A constituição de um legado: O Continente das Lagens de Licurgo Costa”, discorre sobre a construção dessa obra. “Embora seja uma obra constituída em um lugar que constrói um monumento histórico de uns e não de outros, ou seja, o Continente é quase que um memorial da história de Lages, obviamente, escrito na perspectiva do Licurgo. Porém, é um lugar em que pesquisadores buscam referências de fontes históricas. Há um legado, não que precise ser contemplado e adorado, mas que tem de ser respeitado como um lugar de memória”, explica a historiadora.
Projeto contou com a participação de historiadores
A reedição da obra contou com pesquisadores que fizeram a análise historiográfica da escrita de Licurgo. As quase duas mil páginas foram todas digitadas, porque não foi possível encontrar os originais. “Entramos em contato com a editora que havia produzido a primeira edição e não tinha mais nada, então, não só nos restou outra coisa a não ser digitar toda a obra novamente, a partir dos volumes originais. Foi um trabalho de grande fôlego”, conta Elisiana. O texto também foi revisado pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, entretanto, não foi alterada a forma de escrita do Licurgo. “Envolveu muita correção e análise, paramos na parte da diagramação e não conseguimos evoluir para a impressão e falta a revisão da diagramação.”
Como iniciou o projeto de reedição
O Continente das Lagens, segunda edição, foi promovido e organizado pela Fundação Cultural de Lages. As tratativas iniciaram-se em 2014. Sara Nunes e Elisiana Trilha Castro organizaram um grupo de pesquisadores que fizeram uma leitura da obra e produziram artigos discutindo a importância dessa obra. “A Fundação, na época, apesar de ser a responsável pelo projeto, não teve recursos financeiros suficientes”, relata Sara. Mas as historiadoras não desistiram. Procuraram o Governo do Estado. Neste período, o Governo do Estado era o lageano Raimundo Colombo. “Em uma visita a Lages, ele soube do projeto e, em conjunto com Maurício Neves de Jesus (ex-superintendente da FCC), submetemos o projeto da organização do projeto da reedição à Fapesc (Fundo Rotativo de Fomento à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina)”. Apesar de conseguirem, em 2016, os recursos da Fapesc para os trabalhos, em 2017, Sara conta que a impressão ficaria sob responsabilidade do setor de imprensa do Estado, só que o setor fechou em 2017, quem assumiu essa responsabilidade foi a Secretaria de Comunicação (Secom). “Encaminhamos para a Secretaria de Comunicação do Estado, já que esta seria a responsável por custear a impressão da obra, e nesse momento as coisas pararam. Não tinham recursos no começo de 2018, com as mudanças no cenário político, com a saída do governador, embora o projeto estivesse aprovado para a impressão, as coisas mudaram e, desde então, temos a segunda edição do Continente das Lagens pronta para ser impressa”, lamenta.