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Museu exibirá curta-metragem sobre a vida do seu fundador

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Dorvina, em visita ao museu, mostra para sua neta Neliel como funciona uma vitrola - Foto: Susana Küster

Se estivesse vivo, Danilo Thiago de Castro estaria completando 100 anos de idade, no dia 2 de dezembro. Chamado de louco por alguns, pois desde jovem, colecionava o que era visto como lixo em sua época, se tornou responsável pela organização de um dos maiores acervos privados de Santa Catarina.

Sua preocupação em salvar a memória de Lages, reuniu tantos objetos e documentos que o espaço de sua casa ficou pequeno e foi preciso abrir um museu na Rua Hercílio Luz, no Centro, hoje denominado, em outra estrutura na mesma rua, como Museu Histórico Thiago de Castro (MHTC). 

Para homenageá-lo, será exibido nesta quarta-feira, às 19 horas, e, na quinta-feira, às 9 horas e às 14 horas, no MHTC, um curta-metragem, que conta sobre sua vida, através de depoimentos de personagens que tiveram um papel importante para a história de Lages. O material foi feito por servidores da Fundação Cultural de Lages, que compreende funcionários do museu e voluntários.

No vídeo, aparecerão depoimentos da esposa de Danilo, Lúcia Castro; do político e amigo pessoal dele, Aristiliano Ramos; da professora do grupo escolar Vidal Ramos, Fausta Rath; do Frei Bernardino; do médico George Blayer e do próprio Danilo.

O arquivista do museu e músico, Paulinho Guazzelli conta que serão feitas visitas guiadas para que as pessoas conheçam melhor a história que o museu abriga. Produtor do filme, o professor e historiador Lenílson Maia diz que a ideia do filme é mostrar a importância que Danilo teve para a memória documental da cidade.

Nesta terça-feira, mesmo sem uma programação especial, o público visitava o museu. Dorvalina Bernadete Brito, 69 anos, levou sua neta, Neliel Brito, 6 anos, para conhecer mais sobre a história de Lages.

“Acho importante os mais jovens conhecerem objetos antigos, ver como tudo era bem difícil antigamente. Eu já vim outras vezes sozinha”. Tímida, Neliel ficou encantada ao ver uma vitrola e disse que gostou de tudo que conheceu no museu. 

A ideia é que as comemorações do centenário de Danilo se estendam durante um ano. “Queremos fazer um documentário com depoimentos de pessoas que conheceram ele. O curta-metragem: O legado de Danilo Thiago de Castro: MHTC – berço da história lageana é o marco inicial das homenagens a este homem tão importante para Lages”, destaca Guazzelli. 

Uma vida dedicada a salvar antiguidades

Apesar de atuar como servidor público, Danilo Thiago de Castro, dedicou sua vida para guardar a memória de Lages. Seu instinto em perceber que colecionar antiguidades é importante, veio do seu avô, Manoel Thiago de Castro e de seu pai, Thiago.

É o que conta Carla Juliane Nogueira de Souza, museóloga, professora de história e presidente da Associação dos Amigos do Museu Manoel Thiago de Castro. A instituição foi fundada há 21 anos pelo próprio Danilo. “Uma frase marcante que ele dizia era que se tivesse mais uma vida, faria exatamente o mesmo trabalho de novo, reunir, guardar e mostrar”.

Carla teve oportunidade de trabalhar por alguns meses com Danilo e conta que ele era muito bem humorado e carregava seu apelido, de louco da cidade, com muito orgulho. “Ele reunia coisas que as pessoas jogavam nos lixos e colocavam nos porões e nos sótãos. Muitos achavam que ele estava brincando.”

Além de reunir um grande acervo, Carla conta que ele registrou muitas informações de sua época. Considera importante o curta-metragem que será exibido pelo museu, pois é um recurso atraente, principalmente para os jovens.

Acervo do museu é inspiração para historiadora 

Desde criança, Sara Nunes visitava o museu e conta que se não fosse o conhecimento que adquiriu no espaço, não se tornaria historiadora e pesquisadora. Ela afirma que o resultado dos esforços de Danilo em proteger a memória, fez com que ele se tornasse um dos maiores mediadores culturais de Lages. “Todo esforço que ele teve, hoje nos ajuda a pesquisar a região. O acervo do museu foi fundamental para eu escrever o livro: Caso Canozzi: um crime e vários sentidos”.

Ela encara o museu como um espaço que ajuda a entender as relações sociais, culturais e de poder, que fazem parte da constituição da sociedade lageana. “Ele salvaguardou a memória. Foi uma atitude individual que tem uma importância pública. Tenho tanta paixão pelo museu, que hoje é difícil quando vou a Lages visitá-lo, pois como minha vida profissional me levou para outros cantos, é muito triste ficar distante desse espaço tão importante.”

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