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Médica e enfermeira acusam paciente de agressão

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Como forma de repúdio à violência contra servidores da Saúde, profissionais farão paralisações toda vez que um caso acontecer - Fotos: Correio Lageano

Uma médica e uma enfermeira da unidade de saúde do Bairro Vila Mariza, em Lages, alegam ter sido agredidas por dois pacientes no fim da manhã de terça-feira (15). A suposta agressão desencadeou um protesto dos servidores da pasta, que paralisaram o atendimento nas unidades de saúde de toda a cidade entre as 15h30 e às 17 horas. Os pacientes envolvidos na situação negam a agressão.

De acordo com a médica Juliana Stefani, a agressão foi cometida por uma mulher que levou seu filho, de 17 anos, para atendimento. A médica, que atua há cerca de um mês na unidade de saúde, conta que na semana passada a mãe havia levado o garoto ao postinho com a mesma queixa, falta de ar.

“O atendimento que a gente faz na unidade de saúde do Vila Mariza é eu e a enfermeira, pra agilizar. Ao invés de passar pela triagem, já vem pra nós duas. Ela [a mãe] foi orientada [no primeiro dia que procurou a unidade], o menino estava bem, mas essa semana ela voltou”, conta.

Segundo Juliana, no atendimento de terça, após passar por avaliação técnica, o garoto foi diagnosticado como não sendo um caso de urgência. “Mas ela insistiu que o menino não estava bem e que precisava passar pelo médico. Aí, a gente acabou atendendo. Quando ela entrou no consultório, queria determinados exames pro menino. Eu expliquei que teria que avaliá-lo e que ia examinar ele de novo, pra ver se realmente tinha necessidade desses exames”, conta a médica.

Ela relata que, depois disso, a mãe do paciente teria atirado objetos contra ela, como um grampeador e um suporte de metal para canetas, e que o garoto ameaçou jogar um otoscópio (aparelho para examinar o ouvido). Foi neste momento que uma agente de saúde entrou na sala e os dois pacientes saíram. Juliana registrou boletim de ocorrências por agressão e disse que vai entrar com representação contra a mulher.

A mulher em questão é a dona de casa Simone de Barros, 39 anos. Ela usou a rede social do filho para fazer um desabafo e negar as acusações, alegando, inclusive, que seu filho não estava em condições de cometer tais atos. No relato, Simone explica que ao entrar no consultório tentou explicar o que o filho sentia, quando foi interrompida pela médica.

Ela relatou ter jogado um grampeador na mesa em um momento de raiva. “Se coloquem no meu lugar de mãe. O filho fica praticamente a noite inteira tossindo, com falta de ar e chega na unidade básica de saúde e você é tratado como um lixo”, desabafou.

Ao Correio Lageano, Simone contou que o filho tem sentido falta de ar, dificuldade para respirar e cansaço ao caminhar desde novembro. Segundo ela, a primeira consulta aconteceu no dia 2 de janeiro, quando o garoto foi medicado e recebeu tratamento para fazer em casa. De acordo com a mãe, o tratamento não surtiu efeito e, por isso, voltaram à unidade de saúde e Simone queria solicitar um exame de raio-X.

Juliana e uma enfermeira alegam ter sido agredidas pela paciente, que nega a acusação

Servidores da saúde paralisarão serviços sempre que houver uma agressão

A situação desencadeou um ato de paralisação por parte dos servidores da Secretaria de Saúde de Lages. Na tarde de terça, eles fecharam as portas em todas as unidades de saúde do município, por uma hora e meia, como forma de protesto contra qualquer violência sofrida por servidores da pasta.

De acordo com a secretária municipal da Saúde, Odila Waldrich, casos de violência física e verbal contra servidores têm se tornado frequentes e uma medida se faz necessária para chamar a atenção da população. Segundo ela, toda vez que um profissional da pasta for agredido por um paciente, haverá paralisação dos serviços prestados à população.

No protesto da tarde de terça, todos os servidores permaneceram em seus locais de trabalho, porém, não prestaram atendimento normal nestas repartições até o fim do expediente, às 17 horas. “A decisão que a gente tomou foi em respeito aos profissionais e, principalmente, em respeito à mulher, porque se fosse um médico homem e um enfermeiro homens, isso não teria acontecido. Chega de agressão verbal e física. Como uma forma de repúdio a essa violência, todos os dias em que algum colega for agredido, as unidades serão fechadas.”

Procuradoria do Município

De acordo com o procurador-geral do município, Agnelo Miranda, a Procuradoria-Geral do Município não vai se manifestar sobre o protesto realizado terça, porém, eventuais paralisações futuras serão analisadas com cuidado, observando atentamente a continuidade do serviço.

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