Geral
Média de Lages no Ideb é menor que estadual e nacional
O Ministério da Educação (MEC) divulgou, no início desta semana, as notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017. Os dados apontam um panorama um tanto delicado para a educação brasileira. O cenário nacional se repete nos âmbitos estadual e municipal: as notas mais altas são as das turmas de 4ª série / 5º ano (Ensino Fundamental I), enquanto as de 8ª série / 9º ano (Ensino Fundamental II) e 3º ano (Ensino Médio) têm queda significativa.
Em Lages, apesar de ter unidades públicas com notas que se igualam ao desenvolvimento de escolas de primeiro mundo, quando feita uma análise geral das informações, chega-se à conclusão que os índices da educação na cidade estão abaixo das médias estadual e nacional. Santa Catarina, por sua vez, geralmente aparece entre os três melhores indicadores do país, com média acima da nacional.
Criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Ideb serve para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.
“Lamentavelmente, houve um tempo em que se trabalhava o Ideb como forma de punição para quem tinha nota baixa. A escola ficava diminuída e não deve ser assim. Gestores, secretarias de Educação (municipal ou estadual) e prefeituras têm que ver os indicadores como algo para usar na tomada de decisões e rever atitudes. Muitas vezes, o gestor pode estar direcionando um recurso público para algo que não está respondendo”, avalia o mestre em Educação e pesquisador Educacional, Gilberto Sá.
De acordo com o MEC, as metas estabelecidas pelo Ideb são diferenciadas para cada escola e rede de ensino, com o objetivo único de alcançar 6 pontos até 2022, média correspondente ao sistema educacional dos países desenvolvidos. Por acompanhar os índices e a evolução das notas entre 2007 e 2017, Gilberto Sá acredita que esta meta não será cumprida, especialmente no Ensino Médio, cujos indicadores ele considera paupérrimos.
A gerente Regional de Educação, Maria de Fátima Ogliari, ressalta que a Secretaria de Estado da Educação tem desenvolvido políticas para melhorar os resultados. “Temos vários programas e projetos que são desenvolvidos nas escolas para melhorar o ensino e a aprendizagem. Estamos trabalhando neste sentido.”
Ideb contribui para tomada de decisões, mas não reflete realidade
O Ideb é calculado a partir de dois componentes: o índice de aprovação e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep. Estas médias de desempenho são medidas pela Prova Brasil, para escolas e municípios, e pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para os estados e o país, ambas avaliações realizadas a cada dois anos.
“O Ideb, por si só, não é representativo de toda a realidade, porque a gente sabe que uma prova não é capaz de mensurar toda a qualidade de um processo ou toda a aprendizagem de um aluno, mas é um indicativo importante, que a gente tem que levar em consideração, e que traduz parte de uma realidade”, avalia o diretor de Ensino da Secretaria Municipal da Educação de Lages, Carlos Eduardo Canani.
Para cada biênio, o MEC traça metas a serem batidas no Ideb. Segundo Canani, além de alcançar estas metas, a rede municipal tem muitas escolas com notas consideradas no nível de países desenvolvidos.
Ele ressalta duas escolas da rede, a Frei Bernardino e a São Vicente, que passaram a atender em regime integral. Isso contribui para o aumento significativo da nota do Ensino Fundamental I. Frei Bernardino teve 6,2 em 2015 e cresceu para 6,8 em 2017. Já a São Vicente, saltou de 5,3 em 2011 (último ano que teve turma apta para participar da classificação do Ideb) para 6,7.
Santa Helena é destaque na rede estadual
Canani considera que a Escola Santa Helena teve o maior avanço de nota dentro da rede municipal: no Fundamental I saltou de 5,4 em 2015 para 6,7 em 2017; e de 5,3 para 6,4 no Fundamental II, um avanço superior a 1 ponto, o que é considerado um grande crescimento para o período de dois anos.
Para o diretor da escola, Daniel Neves Padilha, três pontos foram fundamentais para este crescimento: o engajamento dos alunos, que estão mais participativos; o engajamento dos pais, que se demonstram bastante interessados e têm constante participação nas atividades da comunidade escolar; e o fato de que a maioria dos professores são efetivos e lotados no Santa Helena, o que faz com que atuem por muitos anos na mesma unidade.
Aumento das atividades esportivas extracurriculares, a concessão de medalhas para os alunos com notas superiores a 8, são fatores que contribuem para incentivar o interesse dos estudantes em participar das aulas. “Com o aumento da participação entre 2015 e 2017, a gente conseguiu reduzir em 13% o índice de reprovação. E isso contribui muito para o crescimento no Ideb”, explica Padilha.
O engajamento dos pais e da comunidade em geral se dá por meio das atividades, como a Festa Junina e a coleta de recicláveis, que faz parte de uma gincana estudantil. “Nosso grande diferencial foi o chamamento para a responsabilidade de todos em relação à educação, pois não é papel apenas da escola. É justamente essa parceria, entre escola e família, que fez toda a diferença”, completa.
PANORAMA
Brasil Santa Catarina Lages
Ensino Fundamental I 5,8 6,5 5,4
Ensino Fundamental II 4,7 5,2 4,2
Ensino Médio 3,8 4,1 3,2
Fonte: http://ideb.inep.gov.br
NOTAS MAIS ALTAS
MUNICIPAL
Ensino Fundamental I
Ondina Neves Bleyer – 7,0
Juscelino Kubtschek e Frei Bernardino – 6,8
Santa Helena e São Vicente – 6,7
Suzana Albino França – 6,2
Professor Eduardo Pedro Amaral e Hermínio Pinheiro Junior – 6,1
Ensino Fundamental II
Santa Helena – 6,4
Suzana Albino França – 6,0
Professor Osni de Medeiros Régis – 5,2
Ondina Neves Bleyer – 4,8
Índios, Professora Fausta Rath e Itinerante Maria Alice de Souza – 4,5
ESTADUAL
Ensino Fundamental I
Belisário Ramos – 7,0
Vidal Ramos – 6,6
Vidal Ramos Junior – 6,4
General Pinto Sombra, Maria Quitéria e Rubens de Arruda Ramos – 5,5
Professor Egídio Baraúna e Frei Nicodemos – 5,4
Ensino Fundamental II
Nossa Senhora do Rosário – 4,8
Vidal Ramos Júnior – 4,6
Goldofin Nunes de Souza – 4,5
Francisco Manfrói – 4,2
NOTAS MAIS BAIXAS
MUNICIPAL
Ensino Fundamental I
Nossa Senhora dos Prazeres – 4,1
Bom Jesus e Mutirão – 4,6
Prefeito Waldo Costa – 4,7
Professor Antônio Joaquim Henriques, Lupércio de Oliveira Koeche e Cel Manoel Thiago de Castro – 4,8
Saul deAthayde – 5,0
Ensino Fundamental II
Professor Antônio Joaquim Henriques – 3,3
Aline Giovana Schimitt – 3,6
Professora Belizária Rodrigues – 3,7
Mutirão – 3,8
Izidoro Marin e Nossa Senhora da Penha – 4,2
ESTADUAL
Ensino Fundamental I
Professor Jorge Augusto Neves Vieira – 4,0
Professor Armando Ramos de Carvalho – 4,5
Zulmira Auta da Silva – 4,6
Francisco Manfroi – 4,8
Lúcia Fernandes Lopes e Professora Ilza Amaral de Oliveira – 4,9
Ensino Fundamental II
Professor Jorge Augusto Neves Vieira – 2,7
Professor Armando Ramos de Carvalho – 3,3
Professor Flordoardo Cabral – 3,5
Lúcia Fernandes Lopes – 4,0