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Manejo sustentável é a melhor opção para se preservar
Enquanto a araucária está na lista vermelha mundial como ameaçada de extinção, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, um projeto de Lei tramita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina para defender o manejo sustentável da espécie.
Especialistas defendem que como o corte é proibido há muitos anos, a floresta de araucária é densa e não permite que muitos tipos de árvores se perpetuem, devido a falta de luminosidade e espaço.
Além disso, o engenheiro florestal e doutor em manejo, André Felipe Hess, afirma que as araucárias mais jovens não têm área suficiente para se desenvolverem. O tempo de crescimento, que é em média 20 anos, chega a quase 100 anos.
“Tem árvore crescendo 0,3 centímetros por ano, sendo que o normal seria, em média, 10 centímetros por ano. A falta de corte também reduz a diversidade genética, porque os mesmos indivíduos estão sendo cruzados”.
A produtividade de pinhão também é afetada pela falta de manejo. Através de um projeto do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), as pinhas estão sendo quantificadas. Foi verificado que em média, são produzidas quatro pinhas por araucária, sendo que na região há 1,5 mil árvores desta espécie. “Há araucárias que produzem até 25 pinhas, mas outras não, então a média é quatro por árvore, o que é pouco”.
Ele ainda alerta que não houve um estudo que comprovasse que a araucária está em extinção. Ele defende que a árvore nunca esteve ameaçada. “Foi uma maneira de pressionar a preservação. Na verdade, a falta de manejo que está prejudicando a espécie e outros tipos de árvores”.
No ano que vem, ele afirma que acaba esse status de ameaça à preservação da araucária. Enquanto isso, uma mestranda do CAV irá fazer uma pesquisa para comprovar que a extinção não exige.
Objetivo
O foco do projeto é a conservação da espécie, mas a liberação do corte também vai influenciar a economia. “Não fomos por esse lado, porque o objetivo não é esse. Além disso é bom destacar que o corte será liberado mediante projeto e autorização dos órgãos competentes”.
O manejo será sustentável e vai variar de acordo com vários critérios, como a quantidade de araucárias por área. Hess explica que será preciso um estudo feito por engenheiro florestal ou outro profissional qualificado, que incluirá plano de corte, de arrasto e até o destino da madeira. “A ideia é que na porteira da propriedade tenha um código de barras, que quando acessado, terá todas as informações de manejo do local”.
Espera
O projeto começou a tramitar na Assembleia Legislativa no dia 7 de fevereiro e está na Comissão de Constituição e Justiça. Em uma reunião, Hess disse que os órgãos ambientais se mostraram favoráveis ao manejo, então a expectativa é de que o projeto será aprovado. A fase do processo agora é aguardar o parecer destes órgãos oficialmente, o que deve ocorrer nos próximos três meses. O autor do projeto na Alesc é o deputado estadual Milton Hobus, que segundo Hess, foi quem o procurou para explicar como o manejo seria possível.