Variedades
Leia Mulheres debate obras produzidas por escritoras de todo o mundo
Apesar dos intensos esforços para valorizar as escritoras, o mercado literário ainda é restrito e as obras delas acabam não tendo tanta visibilidade quanto os trabalhos feitos por homens. Foi pensando nisso que, em 2014, a escritora inglesa Joanna Walsh propôs o projeto #readwomen2014 (#leiamulheres2014), que consistia, basicamente, em ler mais obras de mulheres.
No ano seguinte Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques transformaram a ideia de Walsh em algo presencial em livrarias e espaços culturais do Brasil. O projeto Leias Mulheres acontece em diversas cidades do país e chegou a Lages em outubro de 2018, no formato de um clube de leitura, tendo como mediadoras Marina Severo e Mayra Ghizoni. O foco é ampliar o conhecimento e gerar debates acerca de obras de diversos gêneros, essencialmente escritas por mulheres.
O clube tem encontros mensais e em cada reunião acontece um debate sobre um livro de uma autora (escolhido previamente para que todos os participantes possam ler). Mayra explica que, o que motivou a criação do clube em Lages foram os alarmantes índices de violência contra a mulher.
“É uma forma de discutir o machismo que todos os dias precisamos enfrentar. A literatura foi a forma que encontramos de aliar conhecimentos e vivências de outras mulheres como nós, com o combate ao machismo e à misoginia. É um pequeno movimento, mas que traz grandes recompensas, a curto e longo prazos, como o autoconhecimento, a cultura e a sororidade”, comenta Mayra.
Marina destaca que o Leia Mulheres é um projeto feminista que visa a fomentar a leitura de mulheres escritoras. “Nosso objetivo é trazer à luz da sociedade as mulheres que escrevem. Se em todas as outras áreas, na ciência, na tecnologia, na medicina, na advocacia, na arquitetura e urbanismo, se em todas as áreas [profissionais] a gente tivesse um clube igual ao Leia Mulheres, somente para reconhecer e debater o trabalho de mulheres, teríamos muitas descobertas, porque, como a gente sabe, o mundo é tomado pelos homens, só eles brilham e têm voz. Iniciativas como o Leia Mulheres fazem com que, de fato, as autoras e escritoras tenham seu trabalho reconhecido.”