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Jovens cada vez mais sedentários

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Lages, 24/06/2010, Correio Lageano

 


O sedentarismo entre crianças e adolescentes, tema de estudos nas universidades e de preocupação dos profissionais da Educação Física, ganha proporções cada vez maiores. A falta de atividade física, de segurança e até o frio contribuem para que o problema se agrave.

 


Horas na frente do computador, da televisão ou do videogame, falta de segurança nos parques e na rua, além da escassez de áreas de lazer, são alguns dos causadores do sedentarismo entre crianças e adolescentes e dos problemas provocados em quem faz parte deste grupo.

 


Estas causas são apontadas no estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS), onde foram avaliados 4.325 jovens de 14 e 15 anos, dos quais apenas 48% praticam as 5 horas de atividades físicas semanais, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.

 

A pesquisa avaliou apenas a prática de atividades físicas de lazer. As aulas de educação física não foram consideradas pelos pesquisadores por não serem feitas em quantidade nem em qualidade necessárias para trazer algum benefício à saúde.

 


O professor de educação física da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Luiz Alberto Correa Fraga, concorda com os dados apontados na pesquisa e acrescenta um agravante: o frio. “O sedentarismo se dá por vários motivos, um deles é o clima que interfere bastante na hora de praticar alguma atividade, nos dias frios as pessoas preferem ficar em casa”, explica.

 


Fraga diz que em 2008, um estudo feito na Uniplac, mostrou que as crianças passam cerca de 5 horas vendo TV, no computador ou no videogame. “Some-se a isso mais 4 horas em sala de aula, 8 horas de sono, temos um tempo de movimentação muito baixo”, revela. “Além disso, as nossas crianças e jovens não têm segurança alguma para brincarem ou praticarem atividades físicas ao ar livre”, aponta.

 


Quanto à educação física o professor reitera que o tempo dedicado à disciplina não é o ideal, com o agravante de algumas vezes serem duas aulas em um dia só. “Em outro estudo feito na universidade, foi constatado que em uma aula o aluno se movimenta em média, de 8 a 16 minutos”, salienta.


Projetos esportivos podem colaborar

 

Para o professor de educação física que atua no projeto Bate Bola na Escola, da Fundação Municipal de Esportes de Lages, Claudio Medina Júnior, o incentivo à prática esportiva desde a infância pode colaborar com as atividades físicas na adolescência.

 


Em suas aulas de vôlei que acontecem no Ginásio Jones Minosso, no bairro Universitário, ele atende 60 crianças e adolescentes entre 8 e 15 anos. Deste total, 25 têm acima de 12 anos. “Geralmente os adolescentes que participam das aulas são os que já faziam alguma modalidade esportiva. Os que começam mais tarde, acabam faltando mais e não tendo tanto interesse quanto os demais”, fala o professor.

 


As atividades esportivas do Bate Bola na Escola acontecem durante a semana toda e têm a participação de cerca de 2500 crianças e adolescentes de Lages.

 


De acordo com o sub-coordenador do projeto, Eduardo Ramos Troian, o público alvo são crianças entre 8 e 10 anos que ao serem colocadas em contato com o esporte nas idades iniciais poderão defender a cidade em jogos estaduais, por exemplo. “Quanto mais cedo uma criança começar a participar, mais chance ela tem de se tornar atleta”, observa. Entre as modalidades esportivas praticadas no Jones Minosso, estão o vôlei, basquete, futsal, handebol, judô, tênis de campo e bicicross.

 

 

Falta esclarecimento sobre as consequências do sedentarismo

 

Uma campanha maciça de esclarecimento sobre a importância da prática de atividades físicas e, principalmente, sobre as consequências de uma juventude sedentária é a sugestão do professor Fraga, para reverter os índices apresentados atualmente. “Além das doenças cardíacas que são as que mais matam no Brasil, há uma perda da capacidade funcional do corpo, fazendo com que a pessoa não tenha disposição e nem condições de se movimentar”, alerta.

 


Outras sugestões são a construção de ciclovias e locais adequados para deixar bicicletas, além do aumento no número de aulas de educação física nas escolas.

 

Fotos: Daniele Melo

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