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Irmãos querem fazer compras no mercado
Por volta das 9h da manhã de sábado, a família Tavares Souza estava dormindo. Na noite anterior, Eduarda (7), Eduardo (4), e Leandra (1), esperaram o pai chegar do trabalho, a 1 hora da manhã para conseguir pegar no sono. Mas quando a mãe, Patrícia Tavares da Rosa (23), avisou que eles teriam que acordar para falar sobre a carta escrita para o Papai Noel, Eduarda espantou a preguiça e avisou: “Tô acordada, tô acordada”.
Cada criança enviou uma carta para a Árvore dos Desejos da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Lages. Patrícia ajudou os filhos a escreverem e a decidirem quais seriam os presentes. “Este ano decidimos pedir algo para todos nós, porque brinquedos eles têm e roupa, graças a Deus, a gente ganha”, revela a mãe.
Eduarda pediu um tênis com rodinhas e luzes, número 32, e uma muda de roupa do desenho animado Frozen. A menina explica que escolheu o tênis porque o que tem não serve mais. Mas deixou bem claro que até mesmo um cesta de Natal lhe fará feliz.
Eduardo escreveu em sua cartinha que um dos seus maiores desejos é um vale-compras para ir ao supermercado comprar o que tem vontade de comer. A mãe Patrícia explica que, mensalmente, a família pode gastar R$ 200 com alimentação e isso não é suficiente para comprar as coisas que as crianças gostam de comer. “A cada mês eu levo um comigo ao supermercado, porque se eu levar todos, eles me pedem muita coisa que eu não tenho como comprar”, explica.
Para Leandra, que no próximo mês completa 2 anos, a mãe pediu uma caixa de leite sem lactose, já que devido à intolerância, esse é um alimento essencial para a menina. Entretanto, a caixa custa cerca de R$ 40 e, além de ser cara para o orçamento da família, não dura o mês inteiro, já que ela mama bastante.
Com os R$ 200, Patrícia compra o essencial, em sacos de 5 quilos cada item. Quando sobra algum dinheiro, consegue agradar os filhos e compra bolachas, iogurte ou qualquer outro alimento que as crianças tenham vontade de comer. Quando a comida não dá para todo o mês, o pai de Patrícia faz compras para a filha e os netos. Há quatro meses o marido conseguiu um emprego e isso melhorou a condição da família.
Moradores do Bairro Santa Mônica, a casa onde vivem é emprestada pela sogra. Nos dois cômodos onde as cinco pessoas residem, não há banheiro. Quando precisam, pedem auxílio aos vizinhos.
Família escreve todo ano
A renda familiar é pequena, já que apenas o marido pode trabalhar. Quando tinha 15 anos, Patrícia foi diagnosticada com câncer no pulmão. Logo após a filha mais velha nascer, ela começou a apresentar os sintomas, mas a demora por um diagnóstico fez com que a doença se tornasse mais forte. “Passei por vários médicos e o último que me atendeu falou que eu tinha três meses de vida”, relembra.
Na época, já tinha dois filhos e a preocupação era em não deixar as crianças sozinhas. Foi o marido quem tomou conta de tudo e, durante o tratamento, não pôde trabalhar para ficar com as crianças e auxiliar a mulher. Além de tudo isso, durante um procedimento, um tubo foi esquecido no pulmão de Patrícia e isso impede que ela trabalhe, pois tem faltas de ar frequentes. Uma perícia médica revelou que não há mais como o objeto ser retirado.
Tradição_ Escrever as cartinhas é tradição na família. Neste ano, Eduardo e Eduarda viram na televisão que já estavam aceitando as cartas e pediram para a mãe ajudá-los a prepará-la. Como gosta muito de desenhar, Eduarda enfeitou a sua carta para agradar ao Papai Noel. Os presentes dos outros anos estão guardados com carinho e as crianças ressaltam que, todos os anos, os pedidos são atendidos, mesmo que demore um pouco.
Doações_ Quem tiver a vontade de presentear Eduarda, Eduardo e Leandra, pode entregar os presentes na CDL, que fica na rua Coronel Córdova, no Centro da cidade, até o dia 19 de dezembro, ou, se preferir entregar pessoalmente, basta ligar para a CDL (3221-7007) e pedir o endereço da família.
O Correio Lageano publicará até o dia 20 de dezembro, histórias de pessoas, crianças, jovens ou adultos, que confiam na árvore para contar seus desejos, sonhos e planos, que podem ser realizados, ao menos nesta época do ano.