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Instrutor de autoescola nega ter assediado aluna
Moacir Machado Cavalheiro procurou o Correio Lageano, na noite de terça-feira (6), para dar sua versão sobre os fatos. Ele trabalha há 12 anos como instrutor de auto escola e é acusado de assédio sexual por uma ex-aluna, situação que nega veementemente. Segundo ele, na noite em questão, a aluna estava muito apreensiva por não conseguir realizar algumas manobras, teve uma espécie de colapso nervoso e o acusa injustamente. Ele está afastado de suas funções e teme perder o emprego.
Moacir explica que das 25 aulas previstas para a capacitação desta aluna, ele ministrou 18, as demais foram feitas com outro instrutor. Segundo ele, antes de encerrar o curso ela havia comentado que não tinha recursos para fazer aulas extras, que custam R$ 140,00. “A auto escola só autoriza o mínimo de duas aulas extras. Cada uma custa R$70.” Mesmo assim, segundo Moacir, a empresa autoriza que os instrutores tirem dúvidas de alunos, uma espécie de cortesia.
Em seu celular, ele mostra as mensagens da aluna dizendo que estava preocupada porque a prova de direção foi marcada e ela não poderia fazer aulas extras antes da data. “Entendi que ela não tinha dinheiro e propus ajudá-la, quando tivesse uma brecha na escala de trabalho.
Na noite do dia 2 de agosto, ele diz que estava ministrando aulas de direção para uma senhora, e a aluna marcada para às 21h30 desistiu. Assim, ligou para a aluna que o acusa. Como atendeu outra pessoa que tinha o mesmo nome, percebeu que havia ligado para o número errado. “Isso prova que não agia de má fé. Cheguei a ligar para a pessoa errada e posso provar.”
Fez a ligação para o número correto, e com essa idosa no carro, foi até o local de trabalho da ex-aluna. Ela assumiu o volante, deixaram a idosa em casa e seguiram para o Jones Minosso, local que geralmente são realizadas as provas de volante. “Fui até lá para instalar a baliza. Haviam duas instaladas de outra auto escola e usamos essas. Ela acertou as primeiras três e errou a última baliza. Ficou muito nervosa com isso.”
“Perguntei se estava satisfeita. Entendeu a baliza? Ela mora no Guarujá, então orientei que seguisse em direção ao Bairro da Penha, onde atravessaríamos até a BR-282 e depois em direção a sua casa.” O instrutor comenta que aluna praticamente não conversava, era muito quieta. Geralmente só conversava sobre namoro. “Assim perguntei, o pessoal da Flex reclama muito de sofrerem cantadas pelo telefone. Ela respondeu que já tinha passado por essa situação. Um senhor disse que ela tinha voz igual a de aeromoça, que não deveria dizer bom dia e sim bom voo. E fomos conversando.”
Moacir conta que ela errava muitas marchas. Engatava a primeira no lugar da terceira, o que ele considera comum em fase de aprendizado. Com isso ficou ainda mais nervosa. “Naquela situação peguei na mão dela e mostrei como se engata a terceira. Perguntei novamente. Podemos ir para casa ou tem mais alguma dúvida? Ela disse que tinha dificuldade em arrancar nos morros.”
O instrutor comenta que o objetivo era seguir pela Corina Caon até a BR-282, mas sabendo que nas proximidades existiam alguns morros, foram até lá treinar as arrancadas em subidas. Desta forma chegaram ao Loteamento Nova Lages. “Ela disse que conhecia o local. Tinha ido com um rapaz. Essas coisas ela respondia. Ela disse que da outra vez que esteve ali não sabia por onde sair. Eu sabia, então a conduzi em direção a BR-282, para sair na marginal, mas ao invés de pegar para a esquerda ela foi para a direita e voltou para o morro. Quando chegamos no topo, vimos uma paisagem bonita e pedi para ela parar. Eu disse que não conhecia aquele local e perguntei se foi ali que ela esteve com o namorado. Nessa hora era teve uma espécie de colapso. Acelerou o carro com a marcha desengatada. Eu não estava com o pé no freio. Quando engatou a marcha acelerou muito, aí segurei no freio para não batermos.”
Com o carro em movimento, Moacir disse que orientou a aluna para que virasse em direção ao campo do Vila Mariza, seguindo o caminho mais curto até o Guarujá. Mas ela foi em direção a Penha, passou pelo cruzamento com a Corina Caon e foi até a Luis de Camões, via que se manteve até descer para o Guarujá.
“Ela não trocava de marchas. Eu tive que passar a terceira, mas ela continuou acelerando muito. Pedi calma, mas se acalmou já bem próximo de sua casa.” Nas proximidades da casa, Moacir diz que é proibido estacionar, orientou que seguisse um pouco para frente, mas a moça parou em local proibido. Ele disse que pediu desculpas se havia feito algo de errado, ela deu boa noite e saiu.
Ontem o instrutor esteve na Delegacia de Polícia para dar a sua versão dos fatos, mas foi orientado a esperar a intimação. “Consultei advogado. Estou afastado do emprego e posso até ser demitido. É pena que no carro é só o instrutor e o aluno”. Moacir conclui dizendo que é casado e pai de três filhos e em 12 anos de trabalho nunca teve qualquer problema. Disse até que treinou várias mulheres e quem tem dúvida sobre sobre sua conduta deve procurá-las.