Economia e Negócios

Impacto do coronavírus na economia da Serra ainda não é significativo

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Os contêineres não estão retornando da China, o que dificulta o envio de mercadorias Foto: portosdoparana/ Divulgação

A epidemia do coronavírus pelo mundo tem desestabilizado a economia, não apenas no mercado chinês, mas em todo o mundo, inclusive no Brasil. A preocupação de investidores e do governo é o impacto que o vírus está provocando nos lucros e nos setores, seja alimentício ou eletrônico. Na Serra Catarinense, a situação ainda não gerou grande preocupação.  

Para o presidente da Associação Empresarial de Lages (Acil), Carlos Eduardo de Liz, o impacto do coronavírus já foi analisado, porém ainda não é significativo. “Ainda não está impactando, mas, certamente, se continuar, teremos problemas. Uma situação que observei, é a questão dos contêineres. Eles dependem de frete-retorno. Ou seja, estão indo e não estão voltando. Inclusive, já começou a faltar contêiner nos portos”, comenta. 

Carlos Eduardo também explica que uma certa empresa de Lages, a qual ele não quis identificar, já sofreu impacto em relação aos materiais que estavam previstos para chegar no mês de janeiro. Irão chegar apenas no segundo semestre, consequentemente, atrasando a produção. 

A equipe de reportagem do Correio Lageano entrou em contato com o gerente de importação e exportação da empresa, a qual confirmou a situação.  “Isso não é apenas uma situação nossa, mas de todo mundo. Atrasou todos os embarques, o que era para chegar em fevereiro, vai chegar em maio. Comprometeu um quadrimestre. E isso é algo que não se recupera mais. É um atraso no abastecimento geral. Além disso, o dólar está muito alto, o que, consequentemente, vai gerar impacto na economia”, comenta. 

A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) analisa que não foi identificada alterações significativas no volume de comércio exterior (importações ou exportações) em Santa Catarina. “As estatísticas de comércio exterior, divulgadas pelo governo, informam apenas os valores e volumes totais. Sem identificar empresas. Assim, não temos como saber quais empresas da Serra ou de qualquer outra região exportam para este ou aquele mercado”, informou a entidade por nota.

O agronegócio é o carro-chefe da economia catarinense, responsável por quase 70% de toda exportação e por mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Santa Catarina coleciona os títulos de maior produtor nacional de suínos, maçã e cebola; segundo maior produtor de aves e arroz e quarto maior produtor de leite.  O gerente executivo dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes (Sindicarne), Jorge de Lima, deixou claro que o vírus não está afetando a exportação de carne suína para o continente asiático. 

“O coronavírus não está afetando a exportação para a China. Nós tivemos, inclusive, recordes de exportação no mês de fevereiro. A grande questão não é a nossa venda ou produção, mas sim a falta de espaço em portos de destino. Estamos monitorando a questão logística nos países que são afetados pelo coronavírus. Pois precisamos de pessoas que retirem a carga lá na ponta. As vendas estão acontecendo, os embarques também, mas a mercadoria precisa ser retirada lá na ponta. Mas por hora, não sofremos consequência em relação a isso.” 

Jorge também ressalta que as empresas associadas ao Sindicarne estão fazendo um trabalho antecipado com os funcionário e colaboradores, para a intensificação da higiene pessoal, evitando assim, qualquer espécie de contaminação. 

 

No Brasil a situação preocupa

 

A paralisação de fábricas de componentes eletrônicos na China, por causa da epidemia de coronavírus, já causou efeitos na produção da indústria brasileira. De acordo com sondagem da Abinee, Associação Brasileira de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, como celulares e TVs, 52% dos associados já tiveram algum problema no recebimento de materiais vindos da China.

De 50 indústrias associadas à Abinee, a sondagem apresenta que 22% delas aguardam paralisações das atividades nas próximas semanas por falta de materiais. Mesmo as indústrias ainda com estoques altos, estão receosas com o risco de desabastecimento.

A avaliação do setor é que, se a situação na China não se normalizar em 20 dias, será muito difícil manter o mesmo ritmo de atividade nos próximos meses.

A China responde por 42% dos componentes eletrônicos importados pelas indústrias brasileiras do setor. É o suficiente para um volume anual de US$ 7,5 bilhões de compras no país asiático, que é a principal origem de insumos para a indústria brasileira.

 

Fonte: oglobo.globo

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