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“Flush” é a biografia de um cocker spaniel

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Foto: GB Edições/Divulgação

Logo após publicar o romance “As Ondas”, Virginia Woolf começou a trabalhar em “Flush”, uma biografia do cão cocker spaniel da poeta Elizabeth Barrett Browning (1806-1861). Nela, o leitor o acompanha desde o nascimento, passando por sua infância ao lado da escritora Mary Russell Mitford (1787-1855), até suas viagens para Pisa e Florença na companhia de Browning. 

Apesar da premissa incomum, este livro é mais do que um mero divertimento literário: explora a ideia de uma vida livre da tirania das palavras e é um testemunho ímpar da trajetória pouco estudada das duas poetas inglesas, praticamente esquecidas desde a década de 1930. 

Adotando o ponto de vista de um cão, Woolf sonda com humor inigualável as questões de classe e gênero na Londres vitoriana. Encantador, mas também radical, “Flush” é um exercício de imaginação, um texto aparentemente leve que aborda temas cruciais que irão perpassar toda a obra da autora. Com 160 páginas, o livro é da Editora Portfolio Penguin.

Segundo uma crítica de Marcelo Pen publicada na folha, o ponto de vista de Flush “também nem sempre funciona, e a autora às vezes se vê obrigada a empregar outros focos para fornecer ao quadro um ângulo de visão mais ampliado. Mas o romance tem aspectos positivos. Um deles está no quadro satírico que a autora traça da sociedade inglesa, coisa incomum em sua prosa. São deleitosos os petardos dirigidos à obsessão britânica com a ancestralidade ilustre e à mania ocultista. Lorde Lytton, por exemplo, costumava surgir diante das visitas de robe puído, fitando-as com olhos esgazeados, pois acreditava ter adquirido o dom da invisibilidade.”

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