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Festa do Pinhão é oficialmente cancelada em Lages

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Foto: Festa do Pinhão/Divulgação

A 32ª edição da Festa Nacional do Pinhão, que seria realizada neste ano, foi oficialmente cancelada pela Prefeitura de Lages, na manhã de ontem, por meio de uma nota.

A justificativa é que a medida é necessária para evitar a aglomeração de pessoas e combater à pandemia do novo coronavírus. Segundo a Fundação Cultural de Lages, este é a primeira vez, em mais de 30 anos, que não será realizada, após ser reconhecida como evento nacional.

Além da Festa Nacional do Pinhão, diversos eventos também foram cancelados, tudo para evitar o contágio do vírus. Porém, o cancelamento da festa afeta a economia da cidade, principalmente o setor turístico, o qual envolve gastronomia e hotelaria.

A turismóloga da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Ana Vieira, afirma que o impacto positivo econômico que a festa provoca na cidade de Lages é indiscutível, pois é o maior evento da região. Junto a mais 44 eventos cancelados na Serra Catarinense, ela avalia que a situação é preocupante, porém necessária.

“É hora de preservar a região, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde. O cancelamento é a atitude mais sensata a fazer. A Serra registra um dos menores índices de contágio e tem a situação controlada, isso conta muito para o futuro, quando da retomada (da vida normal), o turista vai preferir locais seguros e que no momento certo teve iniciativas de proteção”, comenta. 

Ana também ressalta que o setor de eventos é o mais afetado por conta da pandemia. Foi o primeiro a parar e será o último a retornar.

“Estamos em uma situação extraordinária, onde teremos que rever muitas coisas, inclusive as boas práticas de segurança e saúde para receber nossos visitantes, e organizar nossos eventos”, conclui Ana.

Duplo prejuízo: Festa gera recursos e divulga a cidade

O executivo de turismo da Prefeitura de Lages, Luis Carlos Pinheiro Filho, concorda que o setor turístico é um dos mais afetados pela epidemia, isso porque as pessoas estão proibidas de circular. Para  viajar em meio a este caos, existe uma certa dificuldade de deslocamento em maiores distâncias.

“A Festa do Pinhão era algo previsível em função de tudo o que está acontecendo. Já prevíamos que seria cancelada. Tentou-se o adiamento, mas não é a melhor opção, pois não se sabe até quando vai esse problema. A festa representa o maior evento turístico de Lages. É a que mais traz turistas. Ela cumpre dois papéis: faz a movimentação econômica durante o evento, e também o papel da divulgação da cidade”, comenta. 

No setor hoteleiro, Lages também será afetada, segundo avalia o presidente do Sindicato dos Hoteleiros, Jaime Lameu da Silva. Para ele, o setor já enfrenta problemas com a quarentena e a situação vai piorar.

“Nossa categoria foi uma das mais atingidas, a pandemia gerou muito desemprego. O turismo é o carro-chefe dos hotéis e restaurantes e sem festa, certamente seremos mais afetados.”

A história de um dos maiores eventos do Sul do Brasil 

Assim com um apelo de marketing festivo-ecológico e socioeconômico, organizou-se o evento pela primeira vez em 1973. A ideia germinou no Departamento Técnico de Turismo e Divulgação da Prefeitura de Lages, coordenado, na época, por Agilmar Machado.

Ao gaúcho de Vacaria, Aracy Paim, que fazia parte da equipe do setor de turismo, coube a responsabilidade de organizar a festa, já que tinha grande relacionamento com tradicionalistas (CTGs, artistas, músicos, cantores e compositores).

Como evento realizado oficialmente pela Prefeitura de Lages, a Festa do Pinhão não foi realizada nos anos seguintes a 1973. Aracy Paim continuou organizando o evento, mas em forma de quermesse, em locais diferentes, como no no pátio do Ginásio Ivo Silveira e junto ao CTG Porteira Serrana, na Avenida 1º de Maio.

Em 1976/1977 existe registro no calendário oficial de eventos da Prefeitura sobre a realização da Festa do Pinhão. Nos anos seguintes, foi inserida na Mostra do Campo, evento promovido pela Prefeitura de Lages e que tinha por objetivo integrar as comunidades do interior e da cidade.

Nos anos 80/81, novamente, Aracy Paim entra em cena, agora juntamente a Matias Liz dos Santos, servidor público setorizado no antigo Centro de Informações Turísticas (CIT), localizado no calçadão central da cidade.

Na ocasião, realizava-se no calçadão uma Mostra do Campo, juntamente à Feira de Produtos Artesanais. Então, Aracy, em conversa com Matias e outros interessados, cogitou organizar uma festa, agora no Parque Conta Dinheiro, na qual se reunissem gaiteiros, trovadores, grupos de danças tradicionalistas e onde se comercializaria todo tipo de produto típico da região, incluindo o pinhão.

A ideia – surgida após alguns comerciantes reclamarem do alto volume das caixas de som ali instaladas – foi aprovada pela administração pública municipal.

Desta forma, coube a Aracy, novamente, reorganizar o evento. O sucesso foi grande e no ano seguinte ganhou novamente o nome sugestivo de Festa do Pinhão.

Depois disso, somente em 1986 a festa ganharia notoriedade. Isso porque houve a profissionalização da divulgação do evento, com produção de cartazes e anúncios nos veículos de imprensa, e melhoria significativa da programação festiva.

No mandato de Raimundo Colombo, em 1989, o evento ganha maior dimensão e passa a ser reconhecida como Festa Nacional do Pinhão, ganhando projeção como evento ecológico e gastronômico, especialmente.

De lá para cá, o evento evoluiu, diversificou-se em vários aspectos, com espaço, também, para os diversos estilos musicais e artísticos. 

Inicialmente, a festa era realizada como uma quermesse   Foto: Arquivo

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