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Escola no Vila Nova prepara seus mais de 490 alunos para um trânsito humanizado e vira referência

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Fotos: Marcelo Pakinha/ PML/ Divulgação

Com conhecimento técnico, afeto, dedicação e respaldo, a Escola de Educação Básica (E.E.B.) Visconde de Cairú, no Bairro Vila Nova, tem feito sua lição de casa direitinho e aparece como um dos modelos a ser seguido em um dos quesitos mais observados dentro de uma sociedade: o comportamento no trânsito. Os seus mais de 490 alunos estão envolvidos em educação no trânsito, com suporte de sete professores.

Especialista em anos iniciais, a professora Isabel Branco é efetiva na Visconde há cinco anos. Em 2018, ela leciona ao 5º ano, a faixa dos nove aos 13 anos, com encaixe da temática trânsito, em praticamente todas as disciplinas da grade curricular, de forma interdisciplinar, para duas turmas (manhã e tarde), no total de 60 estudantes. Em 2017, foi a vez de duas turmas do 4º ano, com 56 estudantes, quando panfletos foram fabricados a partir de dicas dos alunos, e entregues na parada do semáforo da Avenida Dom Pedro II.

Isabel sempre trabalhou o tema de trânsito, porém, o assunto ganhou força após o curso de multiplicadores do ano passado. “Aí foi possível expandir durante o ano todo, não só em setembro, quando tem a Semana Nacional do Trânsito. Há dois anos a questão é mais presente aqui na Visconde de Cairú. O retorno é incrível. Até os pais comentam sobre a cautela que têm depois dos ‘puxões de orelha’ pelos filhos.”

O sustentáculo

“O trânsito já chama a atenção deles por si só. Têm a curiosidade de serem motoristas, gostam de jogos de veículos. Não foi tão difícil assim. O que a gente frisa é o movimento do vai e vem e acima de tudo o cuidado entre si e consideração dos limites. Utilizamos o lúdico, com brincadeiras e jogos. Tem de ser atrativo”, pontua Isabel, ao complementar: “a nova lei da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), já traz isto, trabalhar a cidadania e uma formação integral”.

“A transversalidade da ética e dos valores. O que os alunos aprendem eles não esquecem mais. A ideia é compartilhar e extravasar estas informações, cobrar e corrigir boas atitudes da família, dos amigos, da comunidade. Mais do que a multa, o que vale mais é a vida deles, dos pais, é o amor”, completa.

Na sequência, os alunos multiplicadores passarão nas salas de aula e dividirão suas experiências, bem como servir como monitores. Os alunos estão treinando para serem agentes mirins, com integração dos anos iniciais e finais. Com uso de colete, farão o monitoramento nas dependências da Escola, que terá placas. A possível multa do 1º ao 5º ano será um dia sem recreio para infrator reincidente após advertência e do 5º em diante R$ 1 para melhorias na instituição.

Há duas semanas, foi feita uma devolutiva dos trabalhos, com a presença dos pais, a partir de apresentações e mural de poesias criadas pelos próprios alunos, a formarem um livro com direito à tarde de autógrafos.

O complemento da pista educativa foi levado à escola na semana anterior após palestras e estudos acerca de cinto de segurança, faixa de pedestre, semáforo, perigos da direção sob ingestão de bebida alcoólica, educação, respeito, comportamento, tolerância, formação como cidadão como um todo, relacionamentos interpessoais.

“Pois se o cidadão não for formado completamente, ele não será bom nem no trânsito e nem em lugar nenhum”, avalia o agente de Autoridade de Trânsito, Luis Ricardo Lehmkuhl, acompanhado pela gerente de Educação de Trânsito, Fátima de Souza, em visita à instituição.

Um curso da Gerência Regional de Educação (Gered) está contribuindo com os educadores. Intitulado “Formação Continuada – Conhecendo o Google for Education e suas ferramentas”, trata do suporte Socrative é um aplicativo simples de elaboração de questionários (preparação de testes, quizzes e etc.), que pode ser usada em sala de aula para receber feedback em tempo real da aprendizagem do aluno.

Entendimento

Embora a informação moderna acerte milhões de pessoas todos os dias, principalmente devido à velocidade nas redes sociais, mesmo com o rigor da Lei Seca, completando 20 anos e aos valores das multas nas rodovias, substancialmente elevadas como forma de punição e coibição de novas falhas, motoristas em perímetro urbano e rodovias ainda precisam de maior ênfase nas suas condutas.

A imprudência ainda é o maior causador de acidentes, como ultrapassagem proibida, alta velocidade e direção sob embriaguez. “O nosso trabalho deve ser desde a infância. Se os resultados ainda são tão negativos, família e escola devem estar unidos para mudar este quadro, uma triste situação”, opina a diretora geral da Visconde de Cairú, Marilda de Liz Brockveld.

Professora há 25 anos, lotada nesta Escola há 19, Marilda é diretora geral da Visconde desde 2013, tendo acompanhado todas as nuances da instituição durante todo este tempo. A Educação no Trânsito ganhou mais corpo e intensidade em 2017.

“Os projetos são desenvolvidos com a parceria da Diretran e foram abraçados pela professora Isabel. Observamos que as pequenas atitudes são as geradoras das mudanças. Ao sair da escola para a rua é crucial compreender que os locais são para motoristas e pedestres, e todos têm direito de ir e vir com dignidade e segurança aos seus direitos. Percebemos que os alunos saem mais calmos ao ir embora, dando mais espaço as outras pessoas. No recreio, a correria diminuiu. O convívio melhorou”, reconhece a diretora.

A pequenina com postura de adulto

Maria Narayana da Silva Oberziner tem apenas dez anos de idade, mas já deixa muito adulto com vergonha. Ela mora no Centenário e é aluna da Visconde. E ao lado de português e matemática, suas melhores notas, o tema do trânsito tem ligar especial em seus cadernos.

“Isso é importante porque além de levarmos aos pais nós vamos praticar estas recomendações quando a gente for mais velha. Eu preciso saber mais do que a habilidade de dirigir, mas respeitar o uso do cinto, ser responsável pelos passageiros no carro, parar antes da faixa para não correr o risco de atropelar alguém. Têm acidentes porque as pessoas não prestam atenção”, conta a garota, a caçula de um total de quatro filhos.

Seu pai, que trabalha como vigia, faz seu transporte até a escola todos os dias, além dos passeios. “Meu pai dirige bem. A maioria das pessoas respeita. Quando a gente viaja, pedimos carro emprestado, fico atenta às placas na estrada e aviso ele antes, tipo ‘pai, mais adiante tem lombada’. Nunca precisei falar nada para corrigir. Ainda bem.”

No pátio da Escola ela já teve de dar bronca em colegas que corriam de um lado para o outro. “Não há diferença quando o assunto é cuidado, funciona para qualquer lugar. Vamos imaginar que a Visconde é uma cidade. É preciso conviver em harmonia”, observa a aluna, que gosta de tudo que desenvolve a mente, como redação, poesia, desenho, cartaz e música.

Múltiplas formas de ensinar

A Visconde de Cairú, localizada na rua Belizário da Silva Ramos, bairro Vila Nova, carrega uma história de 54 anos e atende moradores dos bairros Vila Nova, Bom Jesus, Morro Grande, Habitação, Brusque, Santa Catarina, São Luiz, Centenário, Santo Antonio e Santa Helena, entre outros. Hoje em dia o colégio abriga 497 alunos, distribuídos entre anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) até o 3º ano do ensino médio.

Além do ensino médio regular, a Escola conta com duas turmas de 2º e 3º anos do Ensino Médio Inovador e Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) – (parceria do Instituto Ayrton Senna e apoio do Instituto Natura), para a turma do 1º ano. A instituição de ensino funciona nos períodos matutino e vespertino, sendo que a turma do EMTI permanece na Escola todas as manhãs e mais quatro tardes.

A Escola já ofereceu oficinas de etiqueta social e profissional e maquiagem. Conta com um ateliê para cessão de roupas sociais aos seus alunos em eventos de formatura. A Visconde possui 65 funcionários, entre professores, merendeira, serviços gerais, orientadora educacional e dois assistentes educacionais (AEs). Arlene Aparecida de Arruda é supervisora escolar.

Projetos

Paralelamente as demais iniciativas, a Visconde desenvolve três projetos nas áreas de Ciências Humanas (onde estamos?), Ciências da natureza (no jogo da vida o que eu quero ser?), sobre as ciclovias em Lages, e Linguagens (o que é ser jovem?). Os estudantes terão a oportunidade de dar continuidade através de um projeto de intervenção previsto no EMTI.

Por Prefeitura de Lages