Turismo

É hora de pensar em ações para alavancar o setor

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Campo dos Padres é um lugar icônico na Serra Catarinense / Foto: Xila / Divulgação

O trade turístico é um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. A Serra Catarinense tem uma importante parte da sua receita proveniente deste setor, que teve uma queda de rendimento bem significativa devido ao fechamento dos estabelecimentos. Hospedagem e gastronomia foram os mais afetados. Acompanhe como o segmento tem se estruturado e quais as ações do setor público para impulsionar os empreendimentos.

A temporada de inverno está próxima, que é o período que a Serra Catarinense mais recebe turistas. Mesmo que o setor esteja prejudicado e que o fluxo de turistas seja menor este ano em função da pandemia, é necessário se pensar em alternativas conjuntas para a retomada da estabilidade do segmento, ou para minimizar os impactos e evitar o fechamento dessas empresas. 

As secretarias municipais de turismo têm debatido entre si para encontrar soluções que impulsionem o trade, haja vista que este ano não vão ocorrer os grandes eventos, como a Festa Nacional do Pinhão, Festa da Maçã, dentre outros que movimentam a economia regional. 

Bom  Jardim da Serra, que é um dos municípios que mais recebem turistas na região, já elencou algumas ações que serão desenvolvidas. Conforme a secretária de Turismo, Maria Lúcia Vieira Machado, será realizada a produção de um vídeo mostrando as belas paisagens, a tradição, a gastronomia e a economia local; também vão fazer uma pesquisa (via email) para levantar os impactos do novo coronavírus no setor turístico da cidade; fazer lives com profissionais conforme as necessidades expressadas nessa pesquisa; e a elaboração de uma cartilha sobre o turismo, para envolver as escolas, os alunos e a população para que o setor seja ainda mais organizado. 

Em relação aos investimentos, ainda estão centrados na área da Saúde, mas já existem projetos que podem fortalecer o turismo. “Vamos conversar para ver a possibilidade de realizar alguns deles”, diz. “É muito importante ter divulgação, mas com cautela e também dar assistência ao empresariado do trade turístico”.

Outro aspecto que a secretária aponta como relevante é o apoio à parte psicológica, apoio moral aos empresários do setor. “A saúde mental é essencial para remontar, para voltar a atuar e até mesmo para se reinventar. Se o empresário está entusiasmado, estimulado, vai conseguir passar por esse momento. Nós, brasileiros, somos muito otimistas e isso é instrumento que pode nos ajudar”, destaca. 

 

Fazenda Boqueirão, em Lages, é uma das principais da região / Foto: Gislaine Couto

Meta é atrair turistas a curto prazo

São Joaquim recebe milhares de turistas o ano todo, mas no inverno a cidade costuma lotar todas as suas hospedagens e atuar com os restaurantes e lanchonetes em capacidade máxima. Sendo assim, este ano se prepara para os efeitos. Uma das metas no momento é a retomada gradual dos trabalhos, junto com os órgãos responsáveis, Amures e Conselhos Municipais de Turismo, para que tenham ferramentas para minimizar os impactos desta crise. “Estamos procurando alternativas para melhorar o setor, buscando financiamentos para que possamos auxiliar todo o pessoal do trade turístico da cidade e da região”, explica Adriana Schlichting, secretária de Turismo de São Joaquim.

Outro setor também muito afetado foi o de eventos, só em 2020, vários de grande público foram cancelados na região, além de outros mais setoriais que, de certa forma, atraiam vários turistas e visitantes. “A meta é que em curto prazo tenhamos o retorno dos turistas na região. Nós temos, por enquanto, um evento que foi transferido para novembro, que é o Senafrut. Este ano tínhamos vários planos, Festa da Maçã, Festival de Inverno, BRAZTOA, a Vindima que foi cortada pela metade. Este ano era especial para o turismo, mas tivemos que recuar e entender que nesse momento a saúde era mais importante”, salienta Adriana.

 

Falta capital de giro para os empresários

Bom Retiro, a entrada da Serra Catarinense para quem vem do Litoral, via BR-282, tem um número expressivo de pousadas e um turismo voltado para a aventura. Os turistas estão começando a desbravar o interior do município, onde se encontram belas cachoeiras e locais  de beleza única, como o Campo dos Padres, um dos pontos inabitados mais altos do Estado. Para ajudar o setor, o secretário de Turismo, Sérgio Hemkmaier, está visitando todas as pousadas para ouvir as dificuldades. “Estamos trocando ideias entre os secretários da região com reuniões online para tomarmos iniciativas parecidas na retomada do Turismo. Estou visitando cada pousada para ouvir as dificuldades de cada um e a reclamação é a mesma, falta de capital de giro para manutenção até que tudo volte ao normal”, relata.

O secretário participou de uma live promovida pelo Conselho de Turismo da Serra Catarinense (Conserra) com o Banco da Família, para prospectar a disponibilidade de recursos. “Estamos nos adequando de acordo com o decreto do governador e esperando para abrir os principais pontos turísticos da região, mas junto vem a preocupação de não trazer o vírus”, ressalta. 

Ele avalia que a população de sua cidade está se cuidando. “Dá para ver que o povo está se cuidando, nossos restaurantes abriram, mas continuam vazios. Nossas pousadas 50% ainda não abriram porque estão com medo da chegada do vírus. Então a solução para manter nossos receptivos são recursos com juros baratos”, ressalta.

 

Restaurantes sentiram o impacto

Após a reabertura dos restaurantes e lanchonetes, o ramo da alimentação passa por um novo processo, uma nova fase e está aprendendendo a se reinventar. Os clientes estão inseguros em saírem para estes espaços. O que se vê é um novo cenário, com os locais mais vazios, até mesmo por conta do Decreto do Governo de Santa Catarina, que estipula normas como a distância de 1,5 metro entre as pessoas, redução do público e medidas de segurança, como álcool gel disponível e uso de máscaras. 

Segundo a empresária do setor, Myriam Fernandes, proprietária dos Restaurantes La Central e La Trattoria, de Lages, em seus estabelecimentos todas as normas de segurança para clientes e equipe estão sendo seguidas. Em relação à economia, ela avalia que “o faturamento do setor decaiu significativamente desde o início da pandemia e a retomada do crescimento já sofre mudanças e será gradativa”.

Para Myriam, o momento é de a população lageana contribuir, participar e prestigiar os pequenos e médios empreendedores de forma a fortalecer os produtores locais. “A situação atual exige união de forma a poder apresentar a nossos turistas e toda a população as nossas belezas naturais, conforto em nossas hospedagens e esta explosão de sabores da gastronomia serrana. É o momento de se reinventar e fortalecer ainda mais os produtos locais.” Ainda segundo ela, a união da gastronomia e do turismo é fundamental, não somente ao sucesso da nova empreitada, mas principalmente para a sobrevivência de toda  a riqueza cultural. 

Na opinião da empresária Cristiane Zamban, proprietária do Restaurante Zamban, de Lages, o seu segmento ainda deve levar uns 70 dias para retomar normalmente o ritmo. Ela acredita que esse seja um momento de conter despesas. Sua previsão é que neste inverno, sem a realização da Festa do Pinhão, o fluxo de turistas seja bem reduzido na cidade. Como medida para impulsionar seu negócio, tem investido em divulgação. “Tem que investir em publicidade, principalmente nas redes sociais. É preciso ser visto”, diz.

 

Cartilhas auxiliam o setor

O Observatório do Turismo de Santa Catarina, iniciativa da Fecomércio SC com apoio do Senac SC, lança em sua plataforma uma série de cartilhas com informações e diretrizes destinadas à cadeia produtiva e Instâncias de Governança do Turismo do Estado.  A cada semana, o material terá novos temas que fornecem orientações de como atuar durante a pandemia do novo coronavírus.

A primeira cartilha tem foco nos Meios de Hospedagem, trazendo desde dicas para criar um plano de contingenciamento até informações de cuidados com as instalações, limpeza e higiene. Outros assuntos como transporte turístico, agências de viagens, alimentos e bebidas também serão abordados de forma prática e didática – sempre atendendo às bases legais para orientação ao trabalho de cada segmento.

O acesso às cartilhas é gratuito e pode ser feito pelo portal do Observatório do Turismo. Além da visualização, também será possível baixar todas as informações e compartilhar nas redes sociais.

 

Lives em prol do turismo

O Observatório do Turismo SC apresenta, ainda, outras ações focadas nos principais players deste ecossistema. Entre elas, duas séries de transmissões ao vivo pelo seu canal no Youtube com assuntos de interesse do segmento, trazendo análises do atual cenário e perspectivas para o turismo catarinense.

A série Regiões Turísticas e a Crise Econômica contará com a participação de coordenadores das IGRs, que vão comentar o atual momento em meio à pandemia nas principais regiões catarinenses. Já na série Visões e Perspectivas para o Turismo Catarinense na Crise Econômica, gestores do Sistema Fecomércio falam do posicionamento e expectativas de superação do setor.

 

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