Economia e Negócios
Donini fala sobre a difícil decisão de deixar o comando da empresa
Lages, 30/06/2010, Correio Lageano
A vida funciona em ciclos e isso também vale para as empresas. Assim os gestores, para não prejudicar a instituição, devem conhecer seus limites e definir a hora de serem sucedidos. Esse foi o tema da palestra Gestão Empresarial e Sucessão Familiar, ministrada ontem em Lages pelo empresário Vicente Donini, presidente do Conselho Administrativo da Empresa Marisol em Jaraguá do Sul.
Donini veio a Lages atendendo um pedido da Associação Empresarial de Lages (Acil), que organizou um jantar palestra no Clube Caça e Tiro. “Me pediram para falar um pouco sobre a sucessão em empresas familiares, citando um exemplo para não ficar no campo da teoria,” comenta o empresário.
Como embasamento para a palestra, ele cita o exemplo do que ocorreu na sua própria empresa, onde recentemente ele deixou o cargo de presidente, ficando apenas no comando do Conselho Administrativo. Todo o processo de transição demorou cinco anos para ser concluído.
Primeiro de tudo, Donini diz que para fazer a transição o empresário precisa ter um grande desprendimento. “Geralmente as pessoas são muito apegadas aos cargos, porque dedicaram sua vida na construção da empresa.” Mas ele comenta que a permanência das empresas no mercado depende do desprendimento do gestor. De perceber que está na hora de deixar que outra pessoa comande os processos administrativos. “Um fato é real. Nós passamos e a instituição fica. Forte tem que ser a instituição e não o seu comandante”.
A empresa precisa ser entregue enquanto estiver forte e não quando estiver decadente, o que nesse caso exigiria um esforço extra do sucessor para recuperar o mercado. “É como uma corrida de bastão, o sucessor faz parte do percurso com o gestor atual e depois substitui, sem prejuízo aos processos,” exemplifica o empresário.
Na Marisol uma consultoria foi contratada com o objetivo de qualificar as pessoas que depois poderiam ocupar o cargo de presidente. Dentre elas estavam dois filhos de Donini e três executivos de carreira. Todos capacitados e com grande conhecimento do negócio.
Durante o processo os cinco integrantes precisavam cumprir metas e atingir indicadores. Naturalmente um se destacou para a função.
Outro ponto importante frisado pelo empresário é que o gestor precisa ser líder e não chefe.
Assim ele terá a simpatia dos seus subordinados evitando problemas de continuidade ou rejeição. Quem não tiver o reconhecimento do grupo não será um bom comandante. É uma questão de liderança. Não é uma imposição e sim uma conquista.
Foto: Deise Ribeiro