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Das pistas da Avenida Carahá à Seleção Brasileira

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O piloto de ciclismo (BMX) Leandro Dal Farra Miranda está com 27 anos. O Taxinha, como é conhecido nas pistas, acomodou-se depois de 15 anos no esporte. Graduado em Educação Física e atualmente cursando o 3º ano de Medicina na Uniplac, pensa em formar família e tornar-se um bom médico. 

O lageano não lembra de todas as provas das quais participou, mas recorda da primeira competição, aos 9 anos, na antiga pista na Avenida Duque de Caxias, e a última, aos 24 anos. Foi 2º colocado na estreia nas pistas. O ano era 2001. No ano seguinte, começou a participar do campeonato catarinense competindo cada vez mais. Em 2004, correu pela primeira vez num Campeonato Brasileiro. Dois anos depois, participou do Campeonato Mundial. E, em 2009, entrou para a Seleção Brasileira de BMX, e com o selecionado viajou para diversos lugares do mundo. Taxinha morou na Suíça por um ano naquela época.

Ganhou confiança e conquistou status de atleta top até que, em 2010, participou da Olimpíada da Juventude, em Cingapura (na Ásia). O piloto foi o primeiro campeão catarinense da sua categoria do BMX dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc). A modalidade foi inserida no calendário do evento em 2010. 

Com mais de uma década e meia dedicada ao esporte conquistou muitos títulos. Na sua prateleira, estão expostos cinco troféus de campeão catarinense, quatro vezes campeão sul-brasileiro, três vezes campeão brasileiro, uma vez campeão Pan-americano, e ainda foi três vezes finalista em Mundiais, finalista da 1ª edição da Olimpíada da Juventude em Cingapura, em 2010; duas vezes campeão paulista na Elite Man, vice-campeão latino-americano na Elite Man e foi o primeiro medalhista de ouro no Jasc em 2010 (ano em que o BMX estreou na competição).

Para Taxinha, o esporte ensinou a ter disciplina, humildade, respeito, compromisso, saber lidar com vitórias e derrotas, entre outras coisas. “Isso tudo foi fundamental para que eu conseguisse a aprovação no vestibular de Medicina e são valores que carrego comigo, na minha vida de acadêmica”, explica.

Correio Lageano: O que mudou na sua vida depois que deixou o esporte? 

Taxinha: Depois que eu parei de competir, mudei totalmente a minha vida. Transferi minha dedicação diária aos treinamentos para cursinho pré-vestibular. Em vez de treinar o dia todo em pista, academia ou na rua, passava o dia todo em casa estudando e à noite frequentava o cursinho. Atualmente, me dedico integralmente à faculdade, ocupando meu tempo com as atividades na Uniplac, hospitais, unidades básicas de saúde, etc. Passei a viajar menos.

O que você faz nas horas vagas?

Gosto de ir para a academia fazer musculação, gosto de correr na rua, pedalar de Mountain Bike e, às vezes, ainda pratico o BMX, sim. Penso bastante no meu bem-estar físico e, por isso, quando vou para a pista de BMX ando com muito mais cautela. Ainda amo o BMX e acompanho as competições pela internet. Recentemente, recebi convites para integrar equipes no Jasc, mas acabei recusando devido à falta de tempo para me dedicar e, principalmente, por prezar bastante pela minha integridade física, visto que o BMX é um esporte de contato e algumas vezes arriscado. Gosto também de sair com os amigos, com a namorada, correr, assistir a séries e filmes; passear, viajar, etc.

Do que tem saudade?

Acho que uma das coisas que eu mais tenho saudade é das viagens. Graças ao BMX pude viajar para diversos locais incríveis, fazer muitas amizades, e isso é uma das coisas que sinto mais falta.

O que não faria se voltasse a correr?

Talvez ter me preocupado tanto. Quando me profissionalizei, passei por uma fase de bastante ansiedade por me cobrar demais, por querer sempre dar resultado por estar na Seleção Brasileira. Isso fez com que algo que era divertido e prazeroso se tornasse estressante, refletiu de forma negativamente no meu desempenho algumas vezes. Acredito que se tivesse levado as coisas de uma forma mais leve, pudesse ter desfrutado mais.

E a dificuldade de se manter no esporte?

As cidades em geral investem um bom dinheiro nos atletas para os Jasc por exemplo. Além disso, um bom resultado (medalha) geralmente trazia consigo uma bolsa em dinheiro por alguns anos. O grande problema do Jasc sempre foi e é até hoje que, se é realizado em alguma cidade onde não tem pista de BMX definitiva, acaba sendo realizado em pistas totalmente improvisadas e de péssimas condições. Diversas vezes competi em pistas assim, infelizmente.

Planos para o futuro? 

Meus planos para o futuro são concluir a minha graduação e me tornar um ótimo médico. Pretendo fazer residência após a faculdade, mas ainda não estou bem certo que área seguir. A princípio, penso em fazer residência em cirurgia, mas ainda tem bastante tempo para decidir. Estou no 3º ano do curso de Medicina, que tem 6 anos de duração.

Foto: Arquivo Pessoal

O próximo atleta da série ‘Por onde anda’ será o fundista Jean Pierre Campos 

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