Geral
CORONAVÍRUS: Lageana que mora na Itália relata realidade no país
O coronavírus e seus impactos na economia e, especialmente, na saúde da população, são, sem sombra de dúvidas, o assunto mais comentado do momento mundo afora. Até a sexta-feira (13), mais de 115 países (dentre eles o Brasil) já haviam confirmado casos da infecção.
Por isso, desde a última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a tratar a propagação do Covid-19 (infecção causada pelo novo coronavírus) como uma pandemia.
A cidade de Wuhan, na China, foi o epicentro da pandemia e está totalmente isolada desde o final de janeiro. Por lá, nas últimas semanas, o registro de novos casos tem diminuído drasticamente, tanto que, na sexta-feira (13), apenas cinco novos casos foram relatados pelo governo.
Depois da China, a Itália se tornou o segundo país mais afetado pelo coronavírus. A lageana Patrícia Baggio, 44 anos, mora com o filho de 16 anos há quase dois anos em Florença, na região da Toscana. Ela conta que a cidade não é considerada um grande foco do vírus, mas também sente os impactos das sanções governamentais emitidas devido a propagação do corona.
Patrícia conta que desde o dia 9 de março, por determinação do governo italiano, todos os negócios (públicos e privados), escolas e universidades, estão fechados) – apenas empresas de alimentação e farmácias permanecem abertas para o público – e a recomendação é para que a população saia de suas casas somente para comprar mantimentos.
As aulas na escola onde seu filho estuda foram suspensas há cerca de 10 dias e permanecerão assim até 3 de abril, quando será divulgada uma nova orientação. “Na rua a gente praticamente não encontra ninguém e a orientação é para manter uma distância de um metro e oitenta de cada pessoa, o que está sendo respeitado. Não tem nenhuma desorganização nem falta de mantimentos. Tudo está tranquilo, todo mundo obedecendo e querendo o melhor para o país e que isso tudo termine logo, se Deus quiser.”
A lageana atua como Business Developer, por isso, continua trabalhando de casa, mesmo com o país praticamente parado. Ela conta que cogitou voltar para o Brasil para ficar perto da família, mas ainda não definiu se isso acontecerá.
“Onde estou realmente os casos são poucos, este não é o problema. Acho que o maior problema é o psicológico de ficar trancada em casa e estar sozinha em outro país. Essa fragilidade psicológica faz com que as pessoas tenham um sentimento de pavor, de pânico, enfim, de descontrole emocional.”
Filha está nos Estados Unidos
A filha mais velha de Patrícia, Maria Victoria Baggio Cardoso, 19 anos, mora em Boston, nos Estados Unidos, onde estuda na Babson College. Na sexta-feira ela deixou a cidade e foi para Miami, pois a universidade onde estuda tem seguido o que foi preconizado para outras instituições de ensino e está cancelando as aulas presenciais. Os alunos que moram em dormitórios ou repúblicas foram orientados a voltar para suas casas. Por enquanto, ela continuará tendo aulas somente on-line.
Maria Victoria conta que produtos como vitamina C, papel higiênico e álcool com concentração superior a 20% estão esgotados em muitos estabelecimentos. “O pânico está bem alto. Está todo mundo com bastante medo, porque ninguém sabe muito bem o que está acontecendo. E não tem máscara, não tem luva não tem nada muito mais pra se proteger, faz duas semanas mais ou menos”.
Ela trabalha em uma loja e conta que, por enquanto, este estabelecimento, bem como outras lojas, restaurantes e supermercados permanecem abertos.
“Tenho certeza que isso será controlado daqui a pouco, mas por enquanto, é mais ou menos cuidar de si mesmo, porque tá atacando todo mundo, não importa onde você estiver nos Estados Unidos ou a tua situação. É um vírus que pode atacar qualquer um. Mas, por enquanto, está todo mundo tentando fazer o máximo possível [pra se prevenir]”, comenta. Se a situação se agravar, Maria Victória não descarta a possibilidade de voltar para o Brasil para encontrar a família.
Maria Vitória Baggio Cardoso está nos Estados Unidos não descarta a possibilidade de voltar ao Brasil Foto: Arquivo pessoal
Teste feito em lageana deu negativo
Em Lages, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou no final da tarde de sexta-feira, que o resultado do exame de uma mulher de 28 anos, que chegou de viagem à Itália, deu negativo para o coronavírus. Ela havia apresentado sintomas característicos da doença e estava de quarentena em casa.
Agora, outras seis pessoas estão em isolamento domiciliar (quarentena) por 14 dias (tempo de incubação do vírus), pois estiveram em área endêmica e podem estar com o vírus incubado. Vale ressaltar que estas pessoas não apresentam sintomas.
Outros nove casos não chegaram a ser considerados suspeitos, pois são referentes a pessoas que não estiveram em área endêmica e nem mantiveram contato com casos de pacientes confirmados para coronavírus. Trata-se de pessoas que apresentaram dúvidas à Secretaria da Saúde, com alterações de saúde.
Diariamente, novos casos surgem em todo o mundo, inclusive no Brasil. Na sexta-feira, o primeiro teste descartou que o presidente da república, Jair Bolsonaro, tivesse sido contaminado pelo vírus. No fim de semana anterior ele esteve nos Estados Unidos, acompanhado de sua comitiva, para uma audiência com o presidente norte-americano, Donald Trump.
No início desta semana o governo federal anunciou que o secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, tem coronavírus. Ele integrou a comitiva que esteve nos Estados Unidos, por isso o presidente brasileiro e demais participantes da viagem precisaram ser testados para o vírus.
De acordo com a Agência Brasil, até a quinta-feira (12) [data da divulgação do último boletim até o fechamento desta edição], o país registrava 77 casos confirmados da doença e monitorava 1.422 situações suspeitas. Outros 1.163 casos já haviam sido descartados.
Na mesma data, o governo de Santa Catarina divulgou que foram confirmados dois casos no estado e que monitora 67 casos suspeitos. Até então, outros 32 já haviam sido descartados. Os municípios onde os casos estão sendo monitorados são: Florianópolis, Joinville, São Bento do Sul, São José, Porto Belo, Balneário Camboriú, Tijucas, Nova Trento, Jaraguá do Sul, São João Batista, Brusque, Criciúma, Blumenau, Itajaí, Pouso Redondo, Balneário Piçarras, Benedito Novo, Itapema, Concórdia, Lages, Mafra e Videira.
Sintomas
Sintomas mais comuns entre os pacientes hospitalizados foram febre, tosse e falta de ar. Dores musculares e de cabeça. Confusão mental, irritação na garganta e desconforto no peito também foram observados.
Medidas de Prevenção
- Lavar as mãos com água e sabão com frequência;
- Evitar tocar os olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
- Evitar contato próximo com pessoas doentes;
- Ficar em casa quando estiver doente;
- Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo;
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência;
- O consumo de produtos de origem animal crua ou mal cozida deve ser evitado. Carne crua, leite ou órgãos de animais devem ser manuseados com cuidado, para evitar a contaminação cruzada com alimentos não cozidos, conforme boas práticas de segurança alimentar.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
Ministério da Saúde recomenda cancelamento de eventos com grande aglomeração de pessoas
Na sexta-feira (13), o Ministério da Saúde emitiu um comunicado recomendando o cancelamento ou adiamento de eventos com grande participação de pessoas em razão da epidemia do novo coronavírus (Covid-19).
Por nota, a Klabin informou que está seguindo todas as orientações das autoridades nacionais e internacionais de saúde com o intuito de prevenir de forma eficaz a propagação do Coronavírus.
“Algumas medidas, por ora, foram tomadas, como a de evitar, ao máximo, a realização de eventos e a aglomeração de pessoas em locais fechados. Planos de contingência implementados e em vigor, bem como comitês médicos e de monitoramento nas unidades operacionais visam garantir a segurança de todos, priorizando a saúde e o bem-estar da população”, diz a nota.
Seguindo esta tendência, a reitoria da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), em Lages, informou que está tomando uma série de medidas internas para orientar os acadêmicos. Aulas, prestação de serviços e atendimentos ao público de forma geral serão mantidos, porém, eventos que aconteceriam nos auditórios e centros estudantis nas próximas semanas, serão cancelados para evitar a aglomeração de pessoas.
Um dos eventos que já teve seu cancelamento anunciado foi o 6º Seminário Regional de Educação, Gênero e Sexualidades na Região Serrana, que seria promovido pelo Grupo de Pesquisa Gênero, Educação e Cidadania na América Latina (Gecal) da Uniplac. A reitoria informou, ainda, que neste sábado (14) acontece a última festa de formatura do semestre e o evento será mantido.
As demais formaturas deste semestre serão em gabinete e, para atender a recomendação de evitar aglomeração de pessoas, na próxima semana será emitido um ato normativo para explicar como estas formaturas deverão acontecer.
A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por sua vez, também não cancelou aulas e manterá o expediente de trabalho normalmente. Porém, na última quinta-feira (12), determinou a suspensão, por tempo indeterminado, das viagens internacionais de servidores e alunos, e das contratações de serviços para realização de novos eventos em virtude da pandemia do novo coronavírus.
No caso de eventos, o objetivo é impedir a aglomeração de pessoas e assim a possível circulação do vírus. Em relação às viagens, a suspensão tem o intuito de impedir o contágio de estudantes e servidores em outros países. Já a necessidade de viagens em Santa Catarina e para outros estados deve ser analisada por cada centro de ensino.
A reportagem contatou a assessoria de imprensa do Centro Universitário Unifacvest, porém, não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Reitoria da Uniplac suspenderá eventos e emitirá um ato normativo sobre as condutas Foto: Divulgação
Ceron pede a abertura imediata de UTI
O prefeito Antonio Ceron (PSD) assinou na sexta-feira (13), o decreto 17.896, que institui em Lages o Gabinete Emergencial de Prevenção e Acompanhamento do Covid-19 (novo coronavírus).
O objetivo deste Gabinete Especial é concentrar informações e demandas, tomar decisões e orientar a população sobre os procedimentos que deverão ser adotados em casos suspeitos e confirmados da doença em Lages, atuando também na prevenção.
Integram o Gabinete, representantes de órgãos públicos e entidades ligadas à saúde, como da Secretaria Municipal da Saúde; Conselho Municipal de Saúde; Regional de Saúde; Corpo de Bombeiros; 1° Batalhão Ferroviário; 2ª Região de Polícia Militar; Polícia Civil; Samu; Defesa Civil; os hospitais Tereza Ramos, Nossa Senhora dos Prazeres e Seara do Bem; Secretaria Municipal de Educação; Conselho Municipal de Educação; Gerência Regional de Educação (Gered); Consórcio Intermunicipal de Saúde, e Câmara de Vereadores.
Algumas medidas que serão adotadas após a confirmação de casos de Covid-19 na cidade deverão seguir o protocolo internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS). Outras deverão passar pela análise técnica do Gabinete Emergencial.
Na quinta-feira (12), Ceron enviou um ofício ao governador Carlos Moisés da Silva (PSL) solicitando a antecipação e abertura imediata dos leitos de UTI do novo prédio do Hospital Tereza Ramos.
“Temos uma estrutura nova e com equipamentos que podem ser utilizados no atendimento dos casos que apresentarem a necessidade de internação”, comenta o prefeito. Se necessário, a prefeitura também colocará em funcionamento a antiga estrutura do Pronto Atendimento Tito Bianchini, no Centro, com leitos para atendimento dos pacientes.
Estado tem Centro de Emergência
O Governo do Estado, por sua vez, também instalou, na quinta-feira (12) um Centro de Operações de Emergência em Saúde para enfrentamento do coronavírus. O grupo de trabalho ficará sediado no Cigerd e tem o objetivo de monitorar a evolução dos casos suspeitos no Estado e preparar a rede estadual para atender possíveis pacientes.
O decreto publicado no Diário Oficial do Estado institui uma série de medidas na administração pública e prevê desde a possibilidade de isolamento e quarentena de pacientes até a contratação emergencial de bens e serviços, além da disposição de leitos e atendimento na rede privada, conforme a evolução do coronavírus no Estado.
Ceron e Polese assinaram decreto que institui Gabinete Emergencial Foto: Nathalia Lima/PML/Divulgação