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Consumidor não abre mão do churrasco, mas muda o tipo de carne

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Foto: Patrícia Vieira

Para fugir dos preços altos da carne bovina, o consumidor mudou seus hábitos alimentares comprando mais ovos e frango. Mas não abre mão do churrasco nas festas de fim de ano, mesmo que a opção seja assar carnes menos nobres e de valor mais acessível.

Esse comportamento já é percebido pelo setor supermercadista, que registra queda nas vendas. Essa situação deve permanecer, ao menos, até o fim do período de férias, quando o consumo tradicionalmente diminui puxando os preços para baixo. 

Para se ter ideia, no mês de novembro, o preço da carne no país subiu 8,09%, em média, e a alta atingiu todos os cortes bovinos, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Somados a outros meses, o reajuste acumulado chega a 50% para alguns cortes. Em Lages, era comum encontrar nos supermercados coxão mole a R$ 19,90 o quilo. O mesmo tipo de carne é vendido atualmente a R$ 30 o quilo. 

Embora, o consumidor serrano já tenha sentido o aumento no bolso, muitos reduziram o consumo da carne bovina, mas, afirmam que não abrem mão de comer um churrasco nos fins de semana, inclusive, agora nas festas de fim do ano. Porém confessam que, em casa, o cardápio geralmente varia entre ovo e frango.

O morador do município de São Joaquim, que normalmente faz suas compras em supermercados de Lages, Jaime Artista Castilho, conta que costumava comprar carne para todo o mês. Agora, com a alta do preço, escolhe os cortes de acordo com o preço. Varia o cardápio para economizar. “Vou comprar mais ovos”, brinca.

Alta reflete nas vendas

Esse aumento desenfreado dos preços reflete na redução das vendas nos supermercados, não só de Lages, mas em toda Santa Catarina. A aposentada Sonara Aparecida Silveira, de 53 anos, levou um susto na hora da compra.

Normalmente, faz a compra para o mês e depois do aumento, ainda não tinha comprado carne vermelha. Com isso, optou por outros tipos de proteína. “Comprei menos carne de gado, e aumentei a quantidade de frango e ovos” afirma.

Segundo o vice-presidente regional da Associação Catarinense de Supermercados, Jackson Martendal, com esse aumento na carne bovina, como alternativa para driblar a alta dos preços, o consumidor passou a comprar mais frango e suíno. O que não acarreta em prejuízos para o setor. 

Os supostos motivos da alta dos preços

Desde que os preços da carne bovina dispararam, a alegação é que o principal motivo era o aumento da exportação para a China. O país do oriente teve que sacrificar milhares de suínos afetados pela febre africana, no final de 2018, e aumentou a compra de carne bovina brasileira. O  presidente do Sindicato Rural de Lages, Márcio Pamplona, adiciona mais um item ao contexto, o ciclo de produção bovina. 

“O ciclo da produção de carne demora, em média, de três a cinco anos. Sem alta nos preços, nos últimos dois anos os produtores foram abatendo as fêmeas, ou seja, as matrizes, e por consequência reduziu a oferta do rebanho de corte no Brasil, devido à quantidade menor de bezerros,” disse ele, citando que isso é consequência da lei da oferta e a da procura.

Defasagem no preço da arroba

Na visão do produtor rural e também vice-presidente da Faesc, Antônio Marcos Pagani de Souza, o pecuarista não está faturando com esses aumentos, pois há uma defasagem no preço da arroba do boi gordo na região da Serra Catarinense.

Hoje o valor da arroba pago aos produtores da Serra chega até R$ 225. “Não tínhamos aumento há cerca de seis anos, e nesse período teve aumento nos insumos e muito produtor estava com uma margem de lucro muito pequena. Essa alta veio para dar uma ânimo ao setor.”

Segundo dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola de Santa Catarina (Cepa/Epagri), o preço da arroba aumentou 32,2% no Estado. A arroba, que estava R$ 150,00 no fim de 2018, chegou a R$ 199,04 neste início de dezembro. Em relação ao mês de novembro, o aumento foi de 18%. 

Versão da associação brasileira não bate com a de pecuaristas de SC 

A publicação BeefReport Perfil da Pecuária no Brasil (2019), promovida pela Associação Brasileira das indústrias Exportadoras de Carnes Bovinas (Abiec), Brazilian Beef e ApexBrasil aponta que o valor movimentado pela pecuária de corte atingiu, em 2018, o expressivo montante de R$ 597,22 bilhões.

O número representa um crescimento de 8,3% em relação aos R$ 551,41 bilhões registrados em 2017. O valor, que inclui desde os insumos utilizados na produção do gado, investimento em genética, faturamento dos animais até o total comercializado pelas indústrias e varejos, é o maior já registrado nos últimos dez anos.

No ano de 2018 foi registrado um crescimento de 6,9% no número de abates, que chegou a 44,23 milhões de cabeças. Dessa forma, também houve crescimento no volume de carne bovina produzida, com um total de 10,96 milhões de toneladas equivalente carcaça (TEC), 12,8% acima de 2017. Desse total, 20,1% foi exportada e 79,6% foi destinada ao mercado interno, responsável por um consumo per capita de 42,12kg/ano.

Inflação da carne bovina (novembro)

  • Capa de filé 12,89%
  • Coxão mole 12,49%
  • Lagarto comum 10,92%
  • Patinho 10,22%
  • Contrafilé 9,67%
  • Alcatra 9,3%
  • Filé-mignon 8,34%
  • Peito 7,22%
  • Costela 7,05%
  • Músculo 6,86%
  • Lagarto redondo 6,57%
  • Acém 5,98%
  • 5,8%
  • Fígado 3,03%

Fonte: IPCA/IBGE

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