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Concerto social alcança até os privados de liberdade

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Musicistas mostraram de perto como instrumentos funcionam - Foto: André Arcênio/Divulgação

Sorrisos, risadas e vários tipos de músicas ao som de uma viola, um violoncelo e dois violinos, fizeram os reeducandos da Casa de Semiliberdade de Lages sentirem na pele a beleza da música clássica.

Sentados em cadeiras e de frente para quatro musicistas, eles esticavam os pescoços para enxergar melhor a performance delas. As palmas fortes depois de cada música, mostravam como todos gostaram do concerto social, realizado por meio do Festival Internacional Música na Serra, que termina neste sábado.

As musicistas não encantaram somente os reeducandos, os funcionários do órgão também assistiram a apresentação, bem animados. A cada toque nos instrumentos, mesmo sentadas, elas movimentavam seus corpos de maneira sincronizada. Ao som de clássicos como Beatles, e a música “Aleluia”, elas descontrairam os adolescentes.

Depois de se apresentarem, elas mostraram em poucas palavras, que todas tiveram um percurso difícil para chegar até o festival, encarando muito treino e dedicação à música. As musicistas interagiram com os rapazes, convidaram todos para tocar nos instrumentos e sentirem como eles funcionam.

No começo, a timidez freou a curiosidade da maioria. Mas, aos poucos, um a um tocou nos instrumentos e a risada foi garantida. Um dos funcionários da casa, voltou até a sala em que ocorria o concerto para entender o motivo dos sons desafinados. Não importa, a música ali não era o mais importante, mas sim a socialização, interação e respeito. 

Os depoimentos de quem quis dar entrevista, depois do concerto foram interessantes. “Eu toquei em dois e só saiu um chuvisco. Não entendi como elas tocam tão certinho, é muito difícil. Eu fiquei com medo de derrubar”, disse um dos reeducandos. Não podemos divulgar o nome e nem a idade deles, devido ao Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

Outro jovem avaliou a história de vida de uma das musicistas que contou que ainda não fez faculdade. “Ela toca muito bem e é tão nova. Mostra que todos podemos fazer o que queremos. O relato de mais um adolescente foi em relação ao que falou uma musicista, que disse a todos que aprendeu a tocar violoncelo sozinha, durante muitos anos, e há pouco tempo procurou ajuda de um profissional. “Basta termos força de vontade e aproveitar as oportunidades”, disse o adolescente.

Casa de semiliberdade

A Casa de Semiliberdade de Lages é a única de Santa Catarina que atende adolescentes do sexo masculino, entre 12 a 18 anos, e que tem vínculo com o Governo Estadual. Os reeducandos são de várias cidades do Estado e têm acesso a escolarização, cursos profissionalizantes, inserção no mercado de trabalho, atividades esportivas, serviços de saúde e visita aos familiares. 

O gestor do local, Felipe Comarú explica que os rapazes são encaminhados até o local pelo Poder Judiciário. “O juiz da Vara da Infância é que determina quem vem para cá ou para o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case)”. O local possui capacidade para até 12 reeducandos.

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