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#CLentrevista o Coronel Moacir Gomes Ribeiro
O coronel PM Moacir Gomes Ribeiro, está em Lages desde o mês de abril, quando veio de Brusque, onde comandava o 18ª Batalhão de Polícia Militar, para ficar à frente da 2ª Região da Polícia militar (RPM).
Há 30 anos na Polícia Militar de Santa catarina, o novo comandante é bacharel em Direito e Segurança Pública e especialista em Engenharia de Trânsito e Administração em Segurança Pública e concedeu entrevista ao Correio Lageano.
Correio Lageano: Como o senhor vê a segurança na Serra Catarinense?
Coronel Moacir Gomes Ribeiro: Sob dois ângulos. Primeiro com relação à criminalidade. Alguns índices são um pouco elevados em comparação a outros lugares, principalmente problemas com assaltos a bancos; e a violência doméstica, que é uma realidade que também precisa ser combatida não só com polícia, mas com políticas públicas e o apoio da sociedade.
E como o senhor pretende trabalhar no combate à violência doméstica?
Por meio de uma rede de proteção com entidades públicas e privadas, que trabalhem diretamente com a mulher, no ambiente doméstico,como as Secretarias da Saúde, de Assistência Social, entidades de proteção, OAB, essas entidades que trabalham no combate à violência; com uma rede de proteção, atendimento preventivo, para dar assistência, principalmente aos casos que estão começando, ainda se tem a possibilidade de se fazer prevenção e auxiliar essa mulher, essa família. Todo trabalho de prevenção tem de ser construído numa rede de proteção.
O senhor disse que veia a Lages com três missões. Quais são e como o senhor pretende cumpri-las?
A primeira delas é o combate à criminalidade. Trabalhar com segurança pública no nosso país é uma tarefa muito árdua. Quando se fala em segurança pública é falar em desigualdade social, problema com educação, famílias desestruturadas, sistema penitenciário precário, legislação que já não atende à nossa realidade, juventude que passa por conflitos. Temos de buscar combater a criminalidade através de policiamento ostensivo, operações policiais e em conjunto com a Polícia Civil e outras entidades da segurança pública.
Outro ponto é a valorização do trabalho policial militar. Se conseguirmos dar um apoio logístico, com fardamento, armamento, bons equipamentos para que o policial possa fazer seu serviço, isso vai refletir no atendimento à comunidade. Exemplo disso são as câmeras instaladas nas fardas dos policiais que darão um testemunho visual do policial militar frente à ocorrência que ele está atendendo. Vai dar amparo a qualquer possível denúncia. Será um testemunho de que o policial vai agir com ética, disciplina e técnica policial. Hoje, infelizmente, o policial tem sido muito desrespeitado nas suas ações, tem ocorrido muita resistência e o policial tem de ter essa segurança, resguardar sua integridade física e até um possível processo.
E a sua terceira missão?
Intensificar a parceria com a sociedade civil. É fundamental, quando se fala em segurança pública, trabalhar com um sistema compartilhado de ações. A Polícia Militar tem papel muito importante na segurança pública, mas não só ela. Compete a outros órgãos também. A sociedade quando é omissa, quando se volta contra a instituição policial, está se voltando contra a própria sociedade. Quando se tem uma polícia forte, com crédito junto à sociedade, vai ser uma boa polícia, técnica, que vai agir dentro dos direitos humanos e, principalmente, trabalhar em comum acordo com a sociedade. A segurança pública é um sistema que só funciona quando a máquina está funcionando, e essa máquina são todos os entes públicos e privados e, principalmente, a sociedade.
E sobre os assaltos a entidades financeiras nos pequenos municípios da região? Um dos motivos para o crescimento dessas ações é a falta de efetivo nesses locais?
Se há um problema que temos de resolver é com relação ao efetivo. é um problema histórico e que vem se agravando. Para se ter uma ideia, perdemos, ao ano, de 450 a 500 policiais no Estado. Não se consegue acompanhar a reposição apenas com concurso público, especialmente com relação ao crescimento da população. A defasagem é de cerca de 8 mil policiais. Aqui na região, algumas cidades têm um só policial. O que se pode fazer é trabalhar com criatividade e inteligência, com a parceria da comunidade e com os reforços e o apoio do 6º BPM e de outros batalhões da região. Trabalhar com o setor de inteligência, antecipando informações, sabendo quem está agindo e por que está agindo. E, é claro, sempre tentando, junto ao Governo do Estado, aumentar o efetivo nessas cidades.
E sobre os furtos de gado no interior da região?
Temos a patrulha rural e, com apoio da Polícia Ambiental estamos fortalecendo as rondas, distribuindo folders de esclarecimento aos proprietários como que ele deve fazer , orientações para fazer a prevenção da criminalidade nessas áreas. É tipo de uma rede de vizinhos. Para que em conjunto a gente possa fazer o fortalecimento dessas propriedade e evitar esse tipo de crime. O abigeato é um problema extenso e crescente.