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#CLentrevista a turismóloga Ana Vieira

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Foto: Jordana Boscato

Correio Lageano: Gostaria que a senhora falasse sobre a sua nomeação para o Conselho Estadual de Turismo, qual é a importância de você ocupar esse cargo?

Ana Vieira: Ocupar um cargo em um conselho tão importante como este requer muita responsabilidade. Foi uma indicação da região, através de uma assembléia do Conserra. Com essa indicação foi encaminhado meu currículo e toda a minha história na área do turismo, tenho 25 anos nesta área. Me sinto muito confortável em assumir esse cargo, com uma responsabilidade muito grande, mas feliz, porque através do conselho a gente pode alterar algumas questões que hoje são os gargalos do turismo no Estado e, principalmente, na nossa região. Esse conselho é construtivo e deliberativo, significa que tem poder de decisão. Então, representar a Serra é fundamental, ter uma pessoa que tenha essa interligação aqui e o Governo do Estado, que seja esse porta-voz da Serra. Acho fundamental, me sinto muito lisonjeada. E a Serra Catarinense precisa ter um posicionamento onde as decisões são tomadas. Muitas vezes, uma lei passa na Câmara dos Deputados, e a gente nem está sabendo, e que vai impactar o empresário aqui. Através desse acompanhamento de perto, das ações do Governo Estadual, das ações da Assembléia do Legislativo. Nós tivemos ontem a nossa primeira reunião de trabalho, ela é formada por pessoas de alto gabarito, pessoas muito preparadas, então, eu vejo uma expectativa muito forte. A importância é defender a Serra e seus interesses no desenvolvimento do turismo no Estado.

Com 25 anos de experiência no setor, gostaria que a senhora fizesse uma avaliação do que é o turismo na Serra Catarinense.            

A Serra Catarinense, desde 2016, quando o Sistema Amures decidiu ter o turismo como uma prioridade, passou a ter uma importância diferente. Até então, os municípios trabalhavam individualmente. Talvez, em alguns momentos, eles tinham alguma união, dois ou três municípios, mas a gente não tinha essa fusão como está tendo agora. Resumindo: estamos, de 2016 pra cá, fazendo um esforço enorme para que a região entenda que tem de trabalhar junto, e que junto ela ganha mais. Porque o turista não tem limite geográfico, ele quer passear, e quanto mais a gente oferecer da nossa região, mais tempo ele fica aqui, e maior é o impacto econômico que deixa, porque ele trás o dinheiro e deixa aqui. A avaliação do turismo aqui na Serra é que está crescendo, está numa sanção, mas é claro, a gente gostaria que o ritmo do território fosse mais rápido. Mas, de qualquer forma, o investidor está fazendo seus investimentos no local, principalmente, os de fora. E que bom que ele está vindo, ele está enxergando uma oportunidade de negócio, e está com coragem de investir na Serra. É isso que a gente precisa, estamos numa crescente, precisamos crescer mais rápido. A Serra já está diferente, está sendo falada nas feiras de uma forma diferente, então, estamos nessa perspectiva de que o ano de 2020 venha ser muito promissor. 

O investimento privado é muito importante. Claro que o poder público precisa oferecer algumas condições para que o setor privado invista, e que faça esse turismo desenvolver. De que forma se pode incentivar esse tipo de investimento para o desenvolvimento do nosso turismo?  

Para contextualizar, em 2016 a Amures assumiu como prioridade o turismo e, com isso, ela trouxe o Conserra pra dentro do sistema, que é o Conselho Regional de Turismo da Serra Catarinense. Então, nós temos aí uma parceria público-privada, dentro do sistema Amures. O que significa isso? Que nós estamos caminhando junto, que o poder público está entendendo que precisa dar segurança para o investidor, condições para a pessoa que quer investir na Serra, e a gente tem feito esse trabalho com os prefeitos. De contrapartida, a iniciativa privada também está enxergando uma grande oportunidade. E esse ambiente de negócio é o que a gente precisa ter na Serra, para que o investidor venha com coragem, com segurança de que vai dar certo, de que colocar um hotel aqui na Serra é importante. O turismo é privado, se eu não tiver o hotel, o transporte, o restaurante e o entretenimento, ele não funciona. Nós precisamos do receptivo. Hoje, temos uma lista de umas oito empresas de receptivo trabalhando na Serra, coisa que nós não tínhamos há algum tempo. Então, a iniciativa privada está reconhecendo, no poder público, uma segurança de investimento, e é esse caminho, lado a lado, que a gente precisa ter. Nós temos alguns investidores, como o hotel em Capão Alto; outro investimento grande que está sendo executado em Urubici. Em Urupema, de dois anos pra cá, tinha um restaurante, passou a ter três novas pousadas. Um setor que a gente está acompanhando o movimento econômico, fazendo esse acompanhamento, e a gente percebe que ele cresceu, de um ano para o outro 23%, de 2017 para 2018, é o setor que mais cresceu na Serra.  

E sobre os projetos que existem para fomentar o turismo aqui na Serra?    

Nós temos um projeto que está sendo executado agora, que é o Planejamento Integrado, e isso depende, pra que a gente esteja na política nacional de turismo, nós temos, através da emenda parlamentar da deputada Carmem Zanotto, conseguimos um recurso pra fazer um plano de desenvolvimento turístico, para cada um dos municípios, dos 18, e um plano integrado. Isso significa que a Amures vai ser guardiã de todos os projetos da área de turismo, vamos ter um acompanhamento por ali, de todos esses projetos, e vamos ter continuidade, independentemente da mudança de gestão, cada gestor vai dar o seu tom, mas aquilo que foi construído vai ter continuidade. No dia 27 de janeiro, temos a entrega da primeira etapa, até março nós entregamos esse projeto, e ele passa a ser o início de um desenvolvimento ordenado. Então, vamos perseguir isso tudo. O outro projeto é trazer a convenção da Brastur para Serra Catarinense, é a Associação Brasileira de Operadores de Viagens, são eles que determinam o próximo destino, quem está nas publicações. Teremos 120 operadores aqui na Serra, tomamos o cuidado de ser uma data que a maioria dos operadores possam vir. Lages vai receber e esses operadores vão percorrer toda a região, vamos visitar São Joaquim, Bom Jardim, Urubici, Urupema, vão estar nos municípios, principalmente aqueles que já têm o fluxo turístico consolidado, e têm os equipamentos turísticos à disposição, eles vêm para negociar.

Ou seja, um grande evento, com uma grande possibilidade de trazer novos investimentos e também de divulgar a Serra para fora, atraindo o turista pra cá.

Exatamente. Nós estamos falando das maiores operadoras do Brasil. Ocorre em outubro do ano que vem. 65% das operadoras que virão, serão de São Paulo, e lá é onde se determinam os destinos que vão estar [em alta], falando de CVC e outras operadoras importantes. Nós levantamos 50 ponto que já podem ser visitados por operadores, a gente vai percorrer esses pontos em fevereiro com os gestores públicos, para identificar as necessidades que precisam de investimento, de arrumação, de um detalhe que precise. Assim como a iniciativa privada também, já vamos ter um levantamento apontando para aquelas empresas às quais vamos concentrar as atenções para os operadores, isso não significa que o empresário que não estiver nesta lista não vai ser impactado, ele vai, mas nós precisamos realmente trazer aquelas empresas que têm condição de negociar com o operador nesse primeiro momento.

Colaborou: Jordana Boscato

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