Geral
CL Entrevista com o tenente-coronel Alfredo Nogueira
Correio Lageano_ Há muitos anos o senhor está em Lages. Apesar de ser de Florianópolis, construiu sua carreira aqui. Gostaria que falasse sobre essa escolha.
Alfredo Nogueira_ Sou natural de Florianópolis. Cheguei aqui em 1995, com alguns colegas. Viemos fazer estágio no 6º Batalhão. Fiz toda a minha carreira aqui na região serrana. Tive a honra, de 2016 até 2020, comandar o 6º Batalhão. Foi uma escolha pessoal e familiar. Gosto muito de morar em Lages, ganhei o título de Cidadão Lageano, o que me deixa mais honrado de ter feito essa escolha. Aqui constituí família e tenho muito amigos. Meu destino e o meu futuro são aqui na Serra Catarinense, tenho uma honra enorme de ter feito essa escolha, e certeza de que fiz a escolha certa.
Nesse período trabalhando na região, como o senhor avalia as questões de segurança na Serra Catarinense?
Eu sempre tive a certeza que nós temos um dos melhores, se não o melhor, recurso humano da Polícia Militar em Santa Catarina. Nosso policial aqui da Serra Catarinense, talvez por conta do clima, forjado na melhor espécie, é realmente um guerreiro. Tem capacidade de uma resiliência enorme, de se adequar às nossas condições de trabalho. O que houve na Polícia Militar nos últimos 10 anos foi uma proximidade maior com a comunidade, mas também com alinhamento muito próximo com a tecnologia embarcada. Avançamos muito nessa tecnologia. A Polícia Militar, hoje, está muito tecnológica. Facilitou muito nosso serviço, alinhou com a modernidade, e com o universo que vivemos hoje, que é digital. Várias outras frentes de trabalho deram essa nova cara à Polícia Militar aqui na Serra Catarinense.
Essa questão da tecnologia supre um pouco a falta de efetivo, que a gente sabe que é um problema não só de Santa Catarina, mas de todo o Brasil?
Sem dúvidas. A questão do efetivo é uma questão estrutural. Que afeta o Governo do Estado, o qual tem feito a sua parte. Agora, temos, na capital, um grupo sendo formado, para quando estiver apto trabalhar nas nossas cidades. Mas a tecnologia permite, sem sombras de dúvidas, essa sobreposição de necessidade. Isso é a cara de Santa Catarina. Somos hoje, a Polícia Militar referência para todo Brasil. Somos copiados, não só dentro do país, mas fora. Um quesito de sucesso, que faz a diferença, para atender melhor a nossa comunidade.
À frente do 6º Batalhão de Polícia Militar, que trabalhos o senhor destacaria, referente a segurança pública aqui na nossa região?
Eu consigo dividir [o trabalho], voltado ao público interno e para a comunidade. Para o público interno, uma valorização grande da nossa tropa de ponta, nosso policial do dia a dia, do operacional e dos nossos veteranos. Aqueles que muitos anos trabalharam em condições difíceis, que fizeram a história da PM chegar onde chegou, depois de 185 anos. Em relação à comunidade, nosso foco foi voltado às redes de prevenção. A melhoria do nosso atendimento, com o investimento na logística. E também a Operação Inverno. Acho que é um ganho inestimável para a Serra Catarinense no que se refere à segurança. O reconhecimento da Polícia Militar, a importância da Operação Inverno para a nossa instituição e para o nosso principal produto, que é o frio da Serra Catarinense. Aliar, a Operação Inverno, com o nosso curso de treinamento para o turismo e todas as festividades que englobam esse mês de julho e agosto, é um embasamento muito importante para que a gente tenha foco no turismo da Serra, sendo cada vez mais ampliado. Evidentemente, que não somos o principal ator, somos coadjuvantes, mas sendo tão importante quanto. Temos certeza que o quesito de segurança é um dos fatores que faz com que a pessoa escolha o seu destino turístico.
Por que o senhor decidiu deixar o comando do 6º BPM?
É legal perguntar isso. Porque o serviço público é um serviço de rodízio natural, assim como existe nos cargos eletivos. Nosso cargo, que é função de Estado, dá um rodízio na função de comando. Já haviam se passado 3 anos e 8 meses, e sempre manifestei para o meu comandante, o coronel Zelindro, o interesse de deixar o comando no início de 2020. Como se fosse uma corrida de revezamento, eu fiz a minha parte, meu melhor, enquanto eu pude fazer e com as condições que eu tinha. E, agora, deixei o batalhão para o tenente-coronel Fabiano fazer o destino, com sua equipe fabulosa. Quero aproveitar e deixar um registro de agradecimento a toda equipe, porque o comando é feito com várias mãos. A equipe do 6º Batalhão fez a diferença e continua fazendo, buscando dar o melhor para a sociedade serrana.
Deixando o comando do 6º Batalhão, que função o senhor passa a exercer?
Eu continuo trabalhando em Lages, no mesmo terreno [do 6º BPM], [vou para] o comando da 2ª Região, que cuida de Lages, Curitibanos, Mafra e Canoinhas. Vou assessorar o coronel Zelindro nessa função. Serei o chefe de Estado Maior dele, um trabalho de nível estratégico e político. Gestão macro de segurança na Serra Catarinense.