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Campanha da Fraternidade: Fraternidade e Políticas Públicas é o tema deste ano

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Dom Guilherme levará discussão da Campanha da Fraternidade para audiência pública na Câmara de Vereadores - Foto: Andressa Ramos

São 40 dias para refletir e pensar quais as formas para mudar e melhorar de vida, e por que não também buscar práticas para mudar a sociedade em que se vive. A quaresma, tempo de conversão e reflexão na igreja católica, traz à tona neste ano, com a Campanha da Fraternidade, o tema: “Fraternidade e Políticas Públicas”, assunto que deverá ser debatido dentro e fora da igreja, como maneira de chamar a atenção dos cristãos para as políticas públicas, ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis.

A campanha foi lançada, em Lages, na manhã de quarta-feira (6) pelo bispo diocesano Dom Guilherme Antônio Werlang. Sentado à mesa com jornalistas, ele reforçou, falando que o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27) foi baseado pelo que está na bíblia, mas que também os temas e lemas são indicados pela sociedade civil, governo e judiciário como assuntos necessários para discussão.

Dom Guilherme explica que as políticas públicas trabalhadas nessa campanha são as que estão na constituição que tratam da dignidade da pessoa humana, como moradia, alimentação e até mesmo salário mínimo.

O bispo questionou como forma de exemplo o aumento do número de pessoas na linha de pobreza, sendo que a produção de alimentos também cresce. “É fazer com que as pessoas pensem: Como posso ficar de braços cruzados com um país tão desigual. É possível nós sermos cidadãos cristãos com o desrespeito às políticas públicas”.

É durante a quaresma que as pessoas costumam deixar aquele chocolate de lado, se abster de comer carne e abandonar algum vício, mas Dom Guilherme explica que o jejum não pode ser sinônimo de greve de fome, mas sim para mudar de vida, deixar de ser egoísta. “Um gesto de conversão poderia ser a solidariedade”.

O bispo dá o seguinte exemplo de jejum: “digamos que você deixará de comer carne nestes próximos dias, então quem sabe compre os quilos de carne e doe para uma família que precisa, vá até onde ela mora e conheça a realidade das pessoas”. Além disso, com indicação do Papa Francisco, sugere-se o jejum das palavras negativas, de fofocas e de outras palavras que não façam bem.

Se durante a quaresma você encontrou caminhos para conversão à solidariedade, a ideia é que este percurso possa ser trilhado durante todo o ano.

Entrevista

O cristão e as políticas públicas

É preciso ter coragem de afirmar que cidadania é um direito, e não um privilégio, uma concessão que alguém dá. Quando este direito é negado, todos, especialmente os que creem em Deus, e ainda mais os que creem em Jesus, o aceita e professam Filho de Deus, tem obrigação moral, ética e de fé de entrar na luta e em defesa desses irmãos e irmãs.

Como cristãos e cristãs, portanto, seguidores de Jesus Cristo, a seu exemplo, a busca, a defesa e a promoção do direito e da justiça passa a ser um dever e não apenas uma opção. Eu sou livre para escolher seguir Jesus Cristo, para ser cristão ou não, mas depois que opto, decido e aceito ser cristão ou cristã, sinto-me obrigado a viver como Jesus viveu, assumir o que Jesus assumiu, defender o que Jesus defendeu, promover o que Jesus promoveu, anunciar e denunciar o que Jesus anunciou e denunciou, gostem ou não gostem os governantes, os donos dos poderes, especialmente os do poder econômico ou os que infelizmente em algumas Comunidades Eclesiais dominam como coronéis ou imperadores suas Igrejas.

Políticas públicas e os movimentos populares

A história humana mostra que sempre que os “ocupantes” do poder, os governantes, sentem que há uma força organizada que os pode confrontar e talvez até vencer, apelam para duas armadilhas: a) Usam a força do rolo compressor militar para massacrar sem dó e nem piedade; matam a força dos insurgentes com migalhas de pão e circo, puxando os pobres para seu lado; executando alguns líderes símbolos da luta e quando isto não amedronta ou é suficiente, armam guerras civis para que um fratricídio ocorra. b) Tentam cooptar os líderes com promessas, proteção, ascensão social, cargos de confiança e muito dinheiro ou bens imóveis, os líderes dos movimentos e organizações insurgentes.

Assim as Políticas Públicas conquistadas a suor e sangue de muitos mártires vão sendo roubadas uma a uma sem reação popular.

O Amor Fraterno, a liberdade, o direito e a justiça para todos

O amor fraterno é o centro de todo o Evangelho, tanto que Jesus diz que no amor a Deus e ao próximo se resume toda a Lei (Torá) e os profetas (Mt.22,37-40). Conclui toda a obra no humilde gesto do Lava-pés, na Eucaristia e na entrega irrestrita e obediente de sua vida na cruz. Também o próprio Jesus nos ensina e mostra que “não há maior amor que entregar (dar) a vida pelos amigos” (irmãos e irmãs) Jo.15,13.

O Apóstolo Tiago nos ensina que a fé sem obras é morta (Tg. 2,14ss). Em tudo, a Igreja deve testemunhar pela vida de cada um de seus membros e pela Instituição “Igreja”, seja nas pequenas Comunidades, Paróquias ou Dioceses que o único caminho para a libertação e a vida plena tão desejada por Jesus, passa necessariamente pelo direito e a justiça.

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