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Caminhoneiros seguem na paralisação. Ato chega ao 10º dia
Apesar de toda a pressão e cansaço, dias e quilômetros longe de casa, caminhoneiros e caminhoneiras seguem na paralisação para reivindicar a queda nos preços dos combustíveis. O grupo de caminhoneiros que se conheceu no posto Ampessan, na BR-116, em Lages, Marcelo, Waldeci, Claudinei, Valdemar, Odair e Adelar, diz que é revoltante ver os proprietários de automóveis abastecendo os carros, enquanto eles estão parados, reivindicando valores mais baixos.
A caminhoneira e integrante da comissão organizadora da paralisação em Lages, Ana Paula Mendes, ressalta que: “Se não tiver a redução da gasolina, o povo não venha ‘sentar a lenha no caminhoneiro’, pois, quando a gente precisou de apoio para as pessoas não abastecerem, a primeira coisa que fizeram foi abastecer”.
Mas Ana Paula destaca a importância do envolvimento de alguns moradores de Lages no acampamento dos caminhoneiros, que auxiliam com comida, roupas, cobertores, e outros mantimentos. “A nossa manifestação não se reduz só no diesel, mas sim em todos os combustíveis. Ver as pessoas abastecendo é um tapa na cara, nos revolta. É uma decepção ver as filas.”
A liberação de alimentos, gás de cozinha e combustível está sendo de forma gradativa e fracionada. Ana explica um acordo para a liberação de combustível foi para não deixar as pessoas prejudicadas, porém, isso gerou conflito entre os caminhoneiros.
Filas nos postos de combustível
A terça-feira nem bem tinha começado, e os carros já estavam parados nas filas dos quatro postos que receberam combustíveis na noite de segunda-feira, em Lages. O posto Ouro Preto, no Coral, começou a abastecer às 20 horas de segunda-feira (29), porém, por volta do meio-dia de ontem já não tinha mais combustível.
No posto Dematé, na Avenida Duque de Caxias, a gasolina acabou no fim da tarde de ontem. No posto Peruzzo, na BR-282, algumas pessoas deixaram o carro na fila e foram dormir, ou ficaram por ali mesmo. Perto das 15 horas, o posto tinha apenas reserva para abastecer 250 carros.
Governo cumpre medidas anunciadas
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) abriu uma chamada pública para a contratação de caminhoneiros autônomos para serviços de frete. O serviço requerido pela companhia prevê a remoção de 26 mil toneladas de milho dos estoques públicos localizados em Sorriso/MT para a cidade de Palmeira do Piauí/PI.
A chamada pública é um dos pontos acordados entre governo e caminhoneiros. A contratação de autônomos pela Conab, que é uma empresa pública, faz parte dos 12 itens do acordo fechado entre as duas na semana passada. A Medida Provisória nº 831 oficializou o combinado.
Senado
Após votar seis medidas provisórias (MPs) na segunda-feira (28), os senadores aprovaram, ontem, o requerimento de urgência do projeto de lei que reonera setores da economia e contém um artigo que pode baratear o preço do diesel. Devido à crise gerada com a manifestação dos caminhoneiros.
Com a pauta livre, o Senado pode agora se debruçar sobre o projeto que retira a desoneração, ou seja, os benefícios fiscais concedidos pelo governo a 56 setores da economia. A matéria foi aprovada na semana passada pela Câmara Federal após os deputados incluírem um trecho que estabelece alíquota zero do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) cobrados sobre o óleo diesel até o fim do ano. Embora não haja acordo em torno do projeto, os senadores já podem discuti-la em plenário.