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Bueiros entupidos agravam problemas das enchentes

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Na Rua Hermes da Fonseca e Mário Vieira da Costa, no Sagrado, os alagamentos são constantes

As fortes chuvas dos últimos dias têm castigado moradores em vários bairros de Lages, provocando uma série de prejuízos e transtornos. Vários pontos de alagamentos foram registrados. A maioria das ocorrências foi provocada por bueiros entupidos, muitos deles obstruídos pelo lixo descartado de forma incorreta pela própria população. A prefeitura diz que está trabalhando para resolver os problemas.

Na semana passada, foram dois fortes temporais, na terça-feira (11) e no sábado (15), com muita chuva e vento forte. Tais episódios provocaram alagamentos em vários pontos da cidade, causando danos diversos. A Defesa Civil informou que foram registradas cerca de 80 ocorrências. O órgão distribuiu lonas para as famílias que tiveram suas casas destelhadas com o vento que veio junto com a chuva.

O entupimento de bueiros e galerias de água pluvial agrava o problema das enchentes. É o caso das ruas Hermes da Fonseca e Mário Vieira da Costa, no Bairro Sagrado Coração de Jesus. Os moradores que lá vivem sofrem com alagamentos constantes há cerca de quatro anos e no último fim de semana, não foi diferente.

Segundo eles, quando chove forte, a água acumula na galeria e volta para a rua e até pela tubulação das residências, alagando cerca de 10 casas na região. O problema é que há tubulação de dois tamanhos diferentes, o que acaba interferindo na vazão da água.

Sonia Aparecida Souza, de 55 anos, é uma das moradoras afetadas. Ela contou que já foi atingida por várias enchentes e perdeu muitos móveis. Na chuva do último sábado, a água entrou em sua casa e causou uma série de danos.

Revoltada com a situação, Sonia cobra uma solução para o problema e afirma que vai tomar uma medida extrema para chamar a atenção, caso não seja atendida. “Não dá mais, estamos sendo muito castigados”, desabafou.

Os últimos alagamentos também causaram problemas a moradores da Rua Zeca Atanásio, no mesmo bairro. Lá, o sistema de drenagem pluvial é insuficiente para receber uma quantidade elevada de água, o que acaba provocando alagamento nas residências.

“Toda precipitação entre as vias Luis de Camões, XV de Novembro, Humberto de Campos e Belisário Ramos precisa passar por dois córregos canalizados que se afunilam em um único lugar: na Rua Zeca Atanásio”, conta o morador Romeu Francisco Palaoro Pavan.

Moradores do Bairro Guarujá também sofreram com as últimas enchentes. Na Rua Frei Henrique de Coimbra, um riacho transbordou e alagou várias casas. A residência da aposentada Cecília da Silva, de 70 anos, foi invadida pela água. Na segunda-feira (17), ela limpava a lama que se acumulou no imóvel. “Não é fácil”, reclamou.

Cecília contou que há oito anos sofre com os alagamentos. No ano passado, a Defesa Civil chegou a interditar sua residência depois de uma enchente, e continua interditada. Depois disso, ela foi morar de favor na  casa de uma conhecida, no mesmo bairro. Na segunda, também, apenas limpava o imóvel atingido pela lama.

Foto: Fábio Pavan/ Divulgação

Presidente do Guarujá reclama da falta de estrutura no bairro

O presidente da Associação de Moradores do Bairro Guarujá, Luís Borges, reclamou que a falta de infraestrutura nas ruas do bairro vem ocasionando sofrimento e desespero às famílias atingidas pela enxurrada. No último sábado, ele diz que atendeu a 12 ocorrências.

Afirmou que diversos fatores estão contribuindo para aumentar as ocorrências, dentre eles, a tubulação com diversos tamanhos, bocas-de-lobo entupidas e galerias obstruídas pelo lixo urbano. Aliados a outros fatores, como o alto volume de precipitação, estes problemas agravam os alagamentos.

“A associação vem há muito tempo chamando a atenção do Poder Público para este caos. O bairro vem crescendo numa velocidade fora do normal, todavia, o investimento na infraestrutura não vem na mesma proporção”, comentou o líder comunitário.

Luís afirmou que, se não melhorar a infraestrutura do bairro, “corremos o risco de um impacto desestruturado muito grande. Poderá chegar um momento em que os próprios moradores se obriguem a fazer o investimento que é de obrigação do poder público”.

A aposentada Cecília da Silva teve a casa invadida pela enxurrada

Prefeitura diz que está trabalhando para resolver os problemas

O secretário de Meio Ambiente do município, Euclides Mecabô, afirmou que a prefeitura vem trabalhando com frequência na limpeza de bueiros e galerias da cidade, amenizando as enchentes. Ontem, equipes trabalhavam nos bairros.

Mecabô disse que as fortes chuvas que atingiram Lages na semana passada foram fenômenos atípicos, visto o alto volume de precipitação. Só no sábado, choveu 38 milímetros, quase um terço da média mensal de chuvas na região da cidade.

“Tivemos muitos problemas com bueiros entupidos por entulhos e lixo, além de alagamento de casas que ficam no nível abaixo das ruas. Estamos correndo para resolver os problemas e o que for de serviços de limpeza, vamos fazer”, prometeu o secretário.

Ele afirmou que a prefeitura está resolvendo os problemas emergenciais, como limpeza de bocas-de-lobo e desobstrução de bueiros. Quanto aos problemas causados por tubulações com tamanhos diferentes e casas no nível abaixo da rua, afirma que essas são situações crônicas e requerem um planejamento mais detalhado.

Em relação aos problemas na rua Frei Henrique de Coimbra, no Guarujá, o secretário de Planejamento e Obras, Clayton Bortoluzzi, informou que tomou uma medida emergencial para atenuar e solucionar o impasse. Ontem, máquinas da prefeitura trabalhavam no local para evitar futuras inundações. O objetivo é alargar a galeria para aumentar a vazão.

“O alto volume de água da chuva estrangulou o sistema de drenagem pluvial, que não suportou a carga e falhou, tendo sua eficiência prejudicada, situação agravada por obstáculos como galhos, folhas, e terra e entulhos, provocando a interrupção do fluxo e, consequentemente, o alagamento de moradias na região”.

A prefeitura sustentou que, a princípio, estão sendo atendidos os problemas mais urgentes e foi criada uma força-tarefa de desobstrução de bueiros, limpeza de valas, colocação de tubulação e substituição de tubos de diâmetro menor por maior.

Máquinas da prefeitura trabalham na Frei Henrique de Coimbra, no Guarujá, onde há problema em uma galeria

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