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Apática, Maharish voltou ao Tribunal do Júri para segundo julgamento
Diferentemente do primeiro julgamento, em outubro de 2014, quando chegou ao Plenário do Tribunal do Júri do Fórum Nereu Ramos, em Lages, algemada e abatida, usando um vestido verde e com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo, terça-feira (20) a ré Maharish Blue do Amaral e Silva tinha outra postura e aparentava mais confiança.
Vestia calça azul e camisa branca. O cabelo estava solto e mais escuro. A acusada estava apática e conversou pouco com os advogados. Na hora de se apresentar ao juiz Geraldo Correa Bastos, foi firme e direta.
Depois de ter sido condenada a 16 anos de reclusão em regime fechado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e surpresa, a defesa de Maharish recorreu e o julgamento foi anulado porque o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) encontrou inconsistências no processo.
Em seu segundo julgamento, que começou terça, a acusada de matar o ex-companheiro, o policial civil Ari dos Santos, em junho de 2013, apostou alto na defesa e contratou o advogado mineiro Ércio Quaresma Firpe, que defendeu o goleiro Bruno, ex-Flamengo, acusado de matar a amante Eliza Samudio. Quaresma assinou a defesa ao lado de Eliane Costa e Matheus Vieira de Athaýde.
Durante toda a sessão, Maharish permaneceu sentada ao lado direito do público, ao fundo do Plenário do Salão do Júri, atrás da equipe de defesa, e ladeada por policiais militares.
A sessão começou, pontualmente, às 10 horas, com a escolha dos jurados e a apresentação da ré ao juiz. Dos 25 possíveis jurados, sete foram sorteados: entraram para o júri duas mulheres e cinco homens.
Às 10h35, teve início a apresentação de provas, com a exibição de vídeos contendo depoimentos coletados na primeira oitiva judicial. Essa parte dos trabalhos durou até por volta das 20h. Na sequência, a ré foi interrogada e ocorreram os debates entre promotor e advogados de defesa. Confira a decisão dos jurados, quarta (21), portal www.clmais.com.br.
Defesa tentou adiar mais uma vez o julgamento
Antes do início da exibição dos vídeos, Quaresma solicitou mais um adiamento do julgamento, que mudou de data três vezes em 2018 (deveria ter acontecido em junho, mas foi transferido para agosto e, posteriormente, adiado para novembro). A defesa apresentou duas alegações para o pedido.
Na primeira, afirmou que as testemunhas deveriam conceder depoimentos ao vivo, pois no primeiro julgamento a Defensoria Pública descartou as testemunhas e, segundo a defesa, a decisão não deveria ser mantida no novo julgamento. O segundo ponto definido como motivo para mais uma mudança de data, foi um documento entregue aos jurados: os autos de denúncia.
“Ele [juiz] não entregou as razões de apelação que gerou a cassação da decisão. Quem apresenta a causa aos jurados são as partes. Ele [juiz] tomou para si uma função de apresentar provas e não é função do juiz. Vamos levar o júri até o final, mas temos, no mínimo, duas dualidades que são absolutamente intransponíveis”, afirma Quaresma.
No público que assistiu ao julgamento, havia advogados, estudantes de Direito e pessoas da comunidade, além de familiares dos envolvidos. O fluxo de pessoas que circularam pelo Tribunal do Júri foi intenso durante todo o dia.
De acordo com o juiz Geraldo Corrêa Bastos, se for considerada culpada, Maharish poderia pegar de 12 a 30 anos de prisão. O artesão Geovan Brasil de Oliveira, amante da ré, e acusado de planejar o assassinato de Ari com Maharish, foi condenado há 16 anos de prisão em 2014. Ele está cumprindo a pena.