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30 veículos envolvidos em engavetamento na BR-282

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Fumaça de queimada e neblina provocaram engavetamento na BR-282, nos quilômetros próximos à PRF de Índios - Foto: Núbia Garcia

“No começo a gente achou que era um nevoeiro, depois abrimos os vidros e sentimos o cheiro de fumaça. Tinha carros parados na estrada e quase batemos.” O relato é da servente Dayane Schmidt que, na manhã de sexta-feira (30), deslocava-se de Bocaina do Sul para Lages com a família, para uma consulta médica, quando foi surpreendida por uma densa fumaça na estrada.

Causada pela queimada em uma propriedade na Localidade de Índios, no interior de Lages, a fumaça, junto à neblina, muito comum naquele trecho da rodovia, deixou a visibilidade muito baixa entre os quilômetros 202 e 205 da BR-282, provocando um engavetamento que envolveu cerca de 30 veículos – o maior engavetamento da história recente do município.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Lages, na hora do acidente, que aconteceu por volta das 7h30, a visibilidade era de três a cinco metros de distância. O tráfego de veículos ficou interrompido nos dois sentidos da pista, até por volta das 10 horas. Somente às 10h40 o trânsito foi liberado.

A família de Dayane chegou neste trecho da rodovia por volta das 8h30 e ficou parada na estrada por mais de 40 minutos. “Foi horrível, porque a gente não tinha notícia de nada, não sabia o que tinha acontecido, só ficamos parados. Muito ruim, mesmo,” lembra Dayane.

De acordo com o chefe da delegacia da PRF em Lages, João Paulo Haas, apesar de ter envolvido muitos veículos, o engavetamento não teve feridos graves, pois a velocidade era baixa na hora das colisões. “Pela baixa visibilidade, a gente acredita que o pessoal foi reduzindo e começou a dar as colisões traseiras. Deu a primeira colisão, com colisões subsequentes, devido à falta de visibilidade provocada pela neblina mais a fumaça de queimada,” comenta.

Investigação visa a identificar autores da queima

A densa fumaça que provocou as colisões teve origem em uma propriedade em frente ao posto da PRF, na BR-282. Segundo Haas, não é comum que queimadas no entorno tenham fumaça tão densa a ponto de prejudicar a visibilidade na rodovia. “Nosso pessoal, junto à [Polícia] Ambiental, está procurando os proprietários para identificar quem provocou o incêndio e poder notificar.”

O Corpo de Bombeiros levou cerca de 40 minutos para conter as chamas da queimada e contou com a colaboração da Polícia Militar Ambiental (PMA). De acordo com o comandante da PMA em Lages, Marco Antonio Marafon Júnior, até a tarde de sexta-feira (30), o órgão ainda não tinha informações sobre o local onde teve início e como se originou o fogo, tampouco se os proprietários tinham autorização para tal.

“Importante esclarecer que esse tipo de incêndio, principalmente os que acabam chegando perto da estrada, podem ser ocasionados de forma culposa por pessoas que jogam cigarro, e o vento espalha, ou pode ter sido proveniente de dentro da propriedade. Tem duas possibilidades.”

Marafon destaca que há probabilidade de que a queimada seja irregular – mesmo tendo autorização, devido ao decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), na última quarta-feira (28), que proíbe o emprego de fogo no país por 60 dias. O decreto foi uma resposta aos incêndios que atingem a região amazônica nas últimas semanas. Segundo Marafon, é preciso identificar o proprietário e quem seria o autor da queimada.

“Se foi algo provocado pelo ser humano, se não foi algo acidental, não estaria valendo a licença da queimada, pois o decreto suspendeu a queima para questões agropastoris, que é a que mais acontece na nossa região,” avalia.

Este foi o segundo problema grave proveniente de uma queimada em Lages, em menos de uma semana. No domingo (22), uma queimada nas proximidades do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc), no Bairro São Francisco, fugiu do controle e atingiu a área experimental do campus, destruindo cerca de 30% da área de plantio.

Bombeiros registram quatro incêndios em duas horas

A prática das queimadas tem sobrecarregado o trabalho do Corpo de Bombeiros da Serra Catarinense. Na sexta-feira, quatro ocorrências foram registradas em apenas duas horas. Às 14h20, a ocorrência foi registrada em um campo, na Localidade de Índios, em Lages. Às 15h40, o fogo atingiu uma vegetação na Localidade de Bandeirinha, em Correia Pinto.

Em Bom Jardim, às 15h50, outra queima de campo, no Bairro Altos da Boa Vista, teve de ser atendido pelos bombeiros e, por às 16h20, um incêndio florestal, no interior de Anita Garibaldi preocupou socorristas e moradores.

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