Geral
Voluntárias arrecadarão livros para presídio de Lages
Muito mais do que comemorar com presentes e jantares, o Dia Internacional das Mulheres tem se tornado uma data marcada por debates e reflexões sobre o papel que se espera das mulheres na sociedade e as desigualdades que ainda são enfrentadas. Neste sentido, Lages vai receber no próximo domingo (8), a partir das 14 horas, no Parque Jonas Ramos (o Tanque), o 8M – um movimento feminista internacional.
Neste ano, o projeto Leia Mulheres será uma das atrações do evento com a ação Livros Libertam, que consiste na arrecadação de livros que serão doados para a biblioteca do Presídio Regional de Lages, localizado no Bairro São Cristóvão. Estes livros serão destinados para um projeto de remissão de pena, no qual as detentas devem ler livros e fazer resenhas. As atividades são acompanhadas por profissionais do presídio e, a cada livro lido e resenhado, quatro dias são remidos da pena.
A mediadora do Leia Mulheres Lages, Mayra Ghizoni, fez um levantamento e identificou que, atualmente, há 64 mulheres em regime fechado no presídio de Lages. Dezesseis delas estão frequentando o Ensino Fundamental e 34 integram o projeto de remissão pela leitura. Segundo ela, o objetivo de fazer uma ação que atenda às mulheres que estão reclusas é uma forma de contribuir para diminuir o preconceito em relação ao presídio e às detentas.
“Cadeia é um lugar que ninguém quer estar. É cercado de preconceito, mas a gente não pode nunca generalizar. A sociedade gosta muito de julgar, diz que quem está presa é porque boa coisa não fez, que merece estar lá. Mas o que nós, enquanto sociedade, estamos fazendo para ajudar na ressocialização dessas pessoas? A gente oportuniza [a ressocialização]? Não podemos nos isentar, por isso nós do Leia Mulheres carregamos a bandeira de que a leitura é conhecimento. A leitura aumenta o vocabulário, estimula a imaginação, a criatividade, aumenta a autoestima, a nossa consciência crítica e tudo mais”, afirma.
Quem quiser colaborar com a campanha, pode doar livros em bom estado. Mayra explica que o presídio não aceita obras de poesia, autoajuda e espíritas, mas os demais temas são permitidos. “Eles [presídio] recebem todos os tipos de livros, mas, dependendo da pena ou do crime cometido, elas fazem um estudo e um profissional seleciona os livros que a reclusa pode ler. Basicamente, recebem bastante literatura brasileira, livros de história, biografia e contos”, explica.
>>MOVIMENTO INTERNACIONAL_ O 8M é um movimento internacional iniciado em 2018, que une vozes feministas em aproximadamente 170 países. A ação em Lages é uma iniciativa do Setorial de Mulheres do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e conta com a colaboração de diversos grupos organizados, como coletivos, partidos e pessoas comprometidas com a causa feminista.
O projeto Leias Mulheres acontece em diversas cidades do país e chegou a Lages em outubro de 2018, no formato de um clube de leitura, tendo como mediadoras Marina Severo e Mayra Ghizoni. O foco é ampliar o conhecimento e gerar debates acerca de obras de diversos gêneros, essencialmente escritas por mulheres.
Programação 8M em Lages
8 de março, no Parque Jonas Ramos (Tanque)
14 horas: abertura e lançamento de campanhas e materiais
Apresentação 8M Lages – Flavia Roberta Mathias (PSOL)
Doe Afeto e Solidariedade – Maria Aparecida Fonseca (PT)
Livros Libertam – Mayra Ghizoni (Leia Mulheres)
Violência Contra a Mulher: Denuncie – Conselho Municipal de Direitos da Mulher
14h30: Palestra “Morta pelo…” O machismo na serra – Pâmela Santos (Coletivo Cuidar da Psicologia)
15 horas: Padrões estéticos e gordofobia – Glória Manchein e Priscila Martins / Atividades culturais
15h30: Microfone aberto – Ser Mulher / Território / Lages / Trabalho
16 horas: Aula de Hatha Yoga – Carol Couto
16h30: Percussão Corporal – Luana Antunes
17 horas: Diálogo do corpo – Dança e alongamento – Diana Demartines
17h30: Voz e Violão – Aline Amorim
18 horas: Encerramento
*Outras atividades acontecerão simultaneamente à programação, como distribuição de materiais, aplicação de questionário, escrita de cartas para mulheres reclusas e exposições gráficas