Variedades
Turnê do Embaixador do Chamamé passa por Lages
Aparentando tranquilidade e sorrindo bastante, o acordeonista argentino Raúl Barboza recebeu a reportagem do Correio Lageano, na manhã de quinta-feira (30), na recepção do hotel onde ficou hospedado por dois dias, em Lages. Prestes a completar 81 anos, ele está circulando o país com “Raúl Barboza, turnê 80 anos”, que celebra sua importante trajetória musical. Conhecido como o Embaixador do Chamamé, ele é considerado pela crítica uma referência mundial em acordeon.
O sorriso e a disposição surpreendem, porque, há alguns meses, ele passou por problemas de saúde que o fizeram adiar esta turnê por duas vezes. Raúl e a esposa moram na França e, no final de 2018, quando estava com tudo programado para vir ao Brasil, foi diagnosticado com anemia e precisou passar por tratamento.
No início de 2019, sofreu uma queda, em casa, e bateu com a cabeça. A pancada resultou em coágulos de sangue no cérebro, que afetaram a motricidade dos dedos. Viajar de avião enquanto a recuperação não fosse completa estava fora de cogitação. Por isso, a turnê pelo Brasil foi adiada pela segunda vez.
Depois de passar por uma cirurgia e pelo processo de recuperação, Raúl, finalmente, conseguiu chegar ao país e celebrar junto aos brasileiros sua carreira. Em Lages, completa um terço da turnê. Por aqui, promoveu uma Master Class na quarta-feira (29), ministrada no Auditório Mário Augusto de Sousa, na Fundação Cultural. Na quinta-feira (30), um grande show no Teatro Municipal Marajoara, acompanhado dos músicos Nardo Gonzalez e Alejandro Brittes.
“Lages é uma cidade muito particular, aqui há muitos acordeonistas bem jovens. Estive na escola de música com os alunos e o professor. Foi lindo porque eles se interessaram em saber como iniciei, quando e onde, há quantos anos. Estavam me escutando atentos”, conta.
No pouco tempo que passou com a reportagem, Raúl falou sobre estar feliz após conseguir se recuperar completamente e poder dar prosseguimento à turnê. Em uma conversa simples e descontraída, também falou sobre as semelhanças entre a cultura e a música argentinas e do Sul do Brasil.
“Temos muitas semelhanças. Tanto o estado do Rio Grande do Sul quanto Lages têm muitas afinidades com a cultura musical e de vivências da Argentina. As histórias sobre o homem do campo, do gaúcho argentino e do gaúcho brasileiro são as mesmas.
A fronteira política de um estado ou cidade não tem muito a ver com a idiossincrasia de um povo. Estou em Lages e encontrei músicos que não têm nada de diferente com relação aos músicos que vivem mais ao sul”, avalia.
Durante a entrevista, ele não perdeu a oportunidade de falar que conhece a diversidade da música brasileira, citando Pixinguinha e Sílvio Caldas, e confidenciou que mantém uma longa relação de amizade com Renato Borghetti, Yamandu Costa e Luiz Carlos Borges.
Pós-turnê
Engana-se quem pensa que Raúl está preocupado em se aposentar e descansar. Ele admite que pensa em se manter na ativa enquanto a vida lhe permitir, a exemplo de uma grande amiga, a cantora, atriz e compositora argentina Nelly Omar, que manteve a vida pública até os 100 anos e morreu aos 102. “Fisicamente estou bem, espiritualmente estou bem, ou seja, o que tenho que fazer é continuar a trabalhar”, garante.
Ao encerrar esta turnê pelo Brasil no início de junho, ele voltará para a França com a esposa, onde dará andamento à turnê europeia e continuará o planejamento para uma nova turnê pela América do Sul, que deve acontecer ainda em 2019.
Show
Dia: 30 de maio de 2019 (Quinta-feira)
Local: Teatro Marajoara
Ingressos: Esgotados – Vendas encerradas