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Tecnologia muda as relações de trabalho

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O home-office de Julia lhe permite trabalhar em locais como este: uma praça em frente aos Alcáceres Reais de Sevilha, na Espanha - Foto: Divulgação

O desenvolvimento da tecnologia mudou as relações do ser humano, inclusive as de trabalho. Se há algumas décadas o ideal para nossos pais e avós era um emprego com estabilidade, hoje isso não é mais suficiente, especialmente para as novas gerações. Além do sucesso profissional, liberdade e qualidade de vida também estão na lista de desejos para um emprego dos sonhos.

Nesse sentido, a era digital permite maior flexibilização no formato de trabalho. Escritórios fechados, horários fixos e rigidez no cumprimento das tarefas estão cada vez mais dando lugar para flexibilização com foco no resultado.

Trabalhos coletivos ou remotos, home-office e coworking, seja com contratação formal ou informal, são alternativas para um novo modelo de mercado que tem se formado em muitas profissões, com destaque para as startups (empresas novas, em fase de desenvolvimento, normalmente de base tecnológica).

Há nove anos, a tradutora Julia Nunes Goulart, 32 anos, resolveu dar uma guinada na sua vida profissional e abandonou um emprego formal para investir no home-office. Natural de Lages, ela morava em São Paulo quando optou por esta mudança.

As quatro horas diárias usadas no transporte de ida e volta do trabalho foram determinantes para a decisão. “Eram quatro horas que eu poderia investir no meu ócio ou na minha própria educação. Hoje, uma das grandes vantagens é ter o tempo pra mim”, comenta ressaltando que, apesar de ter prazos rígidos para seguir, coordenar seu próprio tempo é uma grande vantagem.

Sem lugar fixo para trabalhar, o home-office (trabalho em casa) ficou só no nome. Isso porque, para Julia, sua qualidade de vida está relacionada com poder viajar sem se descuidar do profissionalismo. Hoje ela trabalha em qualquer lugar onde possa ter seu computador e acesso à internet, seja no campo, nas montanhas ou na praia; em casa, em um coworking ou em uma praça.

Para a tradutora, mesmo sendo dona do próprio tempo, a quantidade de horas dedicadas ao trabalho é maior fazendo home-office do que trabalhando em uma empresa. “Em comparação a quantas vezes a gente fica parado esperando vir serviço ou matando tempo dentro da empresa, em casa a gente realmente é mais produtivo porque quando senta é pra trabalhar realmente”, avalia, destacando que disciplina e persistência são bases fundamentais para quem decide trabalhar por conta própria, em casa.

Novo formato

Para a administradora Rosane Ianke Martello, dependendo da cultura empresarial de cada segmento, este novo formato de mercado, menos rígido, proporcionado pela era digital, envolve empresas que estão focadas em resolução e produtividade, e não mais no inflexível cumprimento de carga horária.

“Hoje as empresas mais modernas focam mais no resultado que o colaborador apresenta do que em estabelecer e cuidar de regras rígidas. Com a globalização, é preciso descentralizar a autoridade e dar mais autonomia. As pessoas ganham mais autonomia para apresentar resultados, que é o que interessa a todo mundo,” avalia.

O contador Luiz Antonio Martello destaca que, devido às mudanças no mercado, não é mais possível manter as relações de trabalho como eram em décadas passadas. Ele cita como exemplo as startups, pequenas empresas com grande valor econômico, que muitas vezes têm formato de trabalho apenas virtualmente. “A maioria delas oferece trabalho home-office, que não é engessado por uma carga horária. A concepção de trabalho do mundo moderno está diferente”, completa.

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